Políticas culturais de BH são discutidas em audiência
A Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo discutiu as políticas culturais da cidade na audiência pública requerida pelo vereador Arnaldo Godoy (PT), no dia 23 de março. Diante dos questionamentos apresentados, a Fundação Municipal da Cultura (FMC) anunciou a volta do programa Arena da Cultura, garantiu a realização dos eventos culturais tradicionais da cidade e a publicação de edital para eleger o Conselho Municipal de Cultura, entre outras medidas.
Com a presença de representantes diversas entidades culturais da cidade e da presidente da FMC, Thaís Pimentel, além de um grande público de interessados, o autor da audiência acredita que o objetivo da reunião foi cumprido. “A cultura tem papel fundamental na sociedade e é preciso cobrar do governo o que vem sendo feito e as medidas que serão tomadas nesse sentido”, disse o parlamentar.
Gustavo Bones, representante do Movimento Nova Cena (grupo de artistas de teatro que se reúnem para discutir políticas culturais do país), deu voz a todos os presentes ao apontar a insatisfação em relação ao tratamento dado ao setor pela Prefeitura. As maiores reclamações do Movimento são a falta de investimento na área, a falta de transparência nos projetos realizados e a falta de compromisso com os equipamentos culturais da cidade.
De acordo com o levantamento feito pelo Nova Cena em 2010, a Câmara Municipal de Belo Horizonte aprovou repasse de R$ 65 milhões à cultura, o que mostraria o compromisso positivo do Legislativo Municipal com o setor. Entretanto, segundo Bones, a Prefeitura entregou apenas R$ 45 milhões à Fundação, que gastou cerca de R$ 27,5 milhões, sendo que 22 milhões foram destinados à manutenção da própria FMC. “Isto mostra o descaso do governo com a cultura em nossa cidade”, afirmou.
Em relação aos equipamentos públicos, a maior queixa foi em relação aos teatros Francisco Nunes e Marília. O primeiro está fechado há dois anos para reforma e as informações sobre quando será reinaugurado são desencontradas. “A todo momento falam algo diferente na mídia”, reclamou Bones. Ele criticou ainda a cobrança de aluguel do teatro Marília: “é um equipamento público e deveria ser usado no fomento ao desenvolvimento cultural da população, e não como fonte de renda aos cofres públicos”.
Gustavo Bones também manifestou a preocupação com a realização de eventos já programados que estiveram ameaçados de cancelamento no ano passado e cobrou a imediata reformulação, com participação pública, da Lei Municipal de Incentivo à Cultura.
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Projetos em andamento
A presidente da FMC garantiu a reabertura do Chico Nunes daqui a sete meses, o início da reformulação da Lei Municipal de Incentivo à Cultura e a publicação do edital de eleição para o Conselho Municipal de Cultura já em abril, além da realização do Festival Internacional de Teatro Palco e Rua de Belo Horizonte (FIT), Feira da Arte Negra (FAN) e Feira Internacional dos Quadrinhos (FIQ) neste ano.
“Tivemos que interromper o projeto Arena da Cultura para estudar melhor seu modelo de gestão, o que levou bastante tempo. Mas, felizmente, na semana passada assinamos um contrato com a UFMG e o programa voltará a funcionar, desta vez em maior cooperação com outros projetos que já vem sendo desenvolvidos pela FMC”, informou Thaís Pimentel.
A gestora também apresentou o futuro Conselho Municipal de Cultura, que contará com 30 membros, sendo 15 representantes do Poder Público e 15 da sociedade civil.