Assunto foi pauta de audiência pública nessa terça-feira na CMBH
A Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor debateu a violência contra a mulher e os últimos casos ocorridos em Belo Horizonte durante audiência solicitada pela vereadora Silvia Helena (PPS). Entidades e poder público discutiram propostas para melhorar o atendimento à mulher que sofre algum tipo de agressão.
“Durante 30 anos fui violentada pelo meu marido dentro de casa, sem poder estudar ou trabalhar fora. Fui espancada amamentando. Meu filho chegou a ameaçar meu marido de morte se ele tocasse novamente em mim. Hoje, após sua morte por um AVC, sou uma defensora dos direitos da mulher, para que elas não sofram o que eu passei”, relatou emocionada Vilma da Silva, representante do Coletivo de Mulheres Anita Garibaldi.
A vereadora Silvia Helena repudiou os casos de violência como os de Vilma e ressaltou a importância da luta da mulher. “O protagonismo feminino hoje é reflexo de uma história de luta com a sociedade para termos autonomia em nossas vidas. Casos como os de Vilma são inadmissíveis e precisamos continuar batalhando para que não continuem acontecendo.”
Para a Neusa Cardoso, representante do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, a crença de que “Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher” fez com que muitas mulheres fossem agredidas e mortas por seus esposos. “A mulher muitas vezes é tratada como propriedade do marido, mas hoje as agressões estão sendo explicitadas.”
A vereadora Maria Lúcia Scarpelli (PCdoB), presidente da Comissão, indignou-se com a falta de estrutura da Delegacia da Mulher, onde vítimas de agressões buscam providências para voltarem para casa. “Fiquei chocada com o local onde as mulheres são acolhidas, muitas vezes elas chegam com crianças no colo e não tem lugar para sequer trocar seus filhos. É preciso humanizar os atendimentos nas delegacias.”
“Temos uma estrutura muito acanhada para o atendimento à mulher que sofre violência. Esses crimes não aumentaram, o que aumentou foi o número de denuncias a partir da conscientização. Agora nossa prioridade é criar seis casas que abriguem mulheres em casos de riscos,” justificou Eliana Piola, Coordenadora Estadual de Políticas para a Mulher.
Assista ao video da reunião
Ao final da audiência pública, a comissão decidiu solicitar ao prefeito que as ações do Grupo Benvinda, que trabalha com o acolhimento, orientação e informação das vítimas de violência, se transformem em um serviço público, para atender melhor às mulheres, sem correr o risco de ser extinto. Também será cobrado da Prefeitura o Bolsa Aluguel para mulheres em situações de risco no Município. Algumas das denúncias apresentadas durante a reunião serão encaminhadas aos órgãos competentes para averiguações.
Superintendência de Comunicação Institucional