Audiência discute inclusão do autista em políticas públicas
A rede pública de saúde de Belo Horizonte não possui nenhuma instituição de referência para acolhimento em casos de urgência e internação de pessoas autistas.
A rede pública de saúde de Belo Horizonte não possui nenhuma instituição de referência para acolhimento em casos de urgência e internação de pessoas autistas. A reclamação foi feita por dezenas de familiares e especialistas que compareceram à audiência realizada pela Comissão de Saúde e Saneamento nesta quarta-feira (04) para tratar do assunto. O vereador Leonardo Mattos (PV), que solicitou a reunião, anunciou a criação de projeto de lei para incluir o autista nas políticas municipais voltadas a deficientes.
Mattos apontou que, uma vez que em Belo Horizonte a doença é classificada como transtorno mental e não como deficiência, “a marginalização dos autistas acarreta perda de vários benefícios concedidos pelo município aos deficientes, como a gratuidade no transporte público, escolas especializadas, tratamento preferencial em postos de saúde e outras ações que minimizam as dificuldades vividas pelos familiares”.
O psicólogo Adilson Aguilar citou outros problemas vividos pelas famílias, como a dificuldade de diagnosticar e tratar a doença, pois a formação dos pediatras não os capacitaria para identificar os casos. Quanto às instituições disponíveis para tratamento de transtornos mentais, o psicólogo disse que a burocracia dificulta a internação de pacientes da capital em unidades como o Centro Psíquico da Adolescência e Infância (Cepai) da Fhemig e o Hospital das Clínicas, já que, segundo ele, as unidades atendem todo o estado e priorizam pacientes do interior.
“Nossos filhos estão sendo atendidos de maneira inadequada e ineficiente. Cada autista tem um tipo de necessidade, mas no município não há tratamento específico”, denunciou Maurício da Silva Moreira, que luta para conseguir atendimento especializado em fonoaudiologia e terapia ocupacional para seus dois filhos portadores de autismo.
Susana Rates, que representou o secretário Municipal de Saúde, Marcelo Teixeira, afirmou que é preciso identificar por que os pacientes não estão conseguindo acesso aos equipamentos voltados para tratamento de autismo disponíveis em Belo Horizonte. Ela reconheceu a necessidade de uma maior capacitação dos profissionais da saúde e de uma integração entre as secretarias, já que os sistemas de ensino e transporte público também precisam atender às necessidades dos autistas e familiares.
A diretora da Associação Brasileira de Autismo (Abra), Maria Helena Roscoe, informou que se reuniu com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, solicitando uma série de providências. O encontro foi no dia 2 de abril, Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Entre outras, foram propostas medidas de promoção do diagnóstico precoce, campanhas nacionais de conscientização e capacitação de escolas e centros de saúde para atender situações de urgência.
O que é o autismo
O autismo é um transtorno caracterizado por um desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes dos três anos de idade. A pessoa apresenta problemas de interação social e comunicação, comportamentos focalizados e repetitivos. Além disso, há outras manifestações inespecíficas, como fobias, perturbações de sono ou da alimentação e crises de autoagressão.
Também participaram da audiência os vereadores Reinaldo Preto Sacolão (PMDB), Toninho Pinheiro da Vila Pinho (PTdoB), Edinho Ribeiro (PTdoB) e Márcio Almeida (PRP); e José Carlos Dias Filho, representando o secretário municipal de Políticas Sociais, José Raimundo Nahas.
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