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Audiência discute inclusão do autista em políticas públicas

Audiência discute inclusão do autista em políticas públicasA rede pública de saúde de Belo Horizonte não possui nenhuma instituição de referência para acolhimento em casos de urgência e internação de pessoas autistas.

Audiência discute inclusão do autista em políticas públicasA rede pública de saúde de Belo Horizonte não possui nenhuma instituição de referência para acolhimento em casos de urgência e internação de pessoas autistas. A reclamação foi feita por dezenas de familiares e especialistas que compareceram à audiência realizada pela Comissão de Saúde e Saneamento nesta quarta-feira (04) para tratar do assunto. O vereador Leonardo Mattos (PV), que solicitou a reunião, anunciou a criação de projeto de lei para incluir o autista nas políticas municipais voltadas a deficientes.

Mattos apontou que, uma vez que em Belo Horizonte a doença é classificada como transtorno mental e não como deficiência, “a marginalização dos autistas acarreta perda de vários benefícios concedidos pelo município aos deficientes, como a gratuidade no transporte público, escolas especializadas, tratamento preferencial em postos de saúde e outras ações que minimizam as dificuldades vividas pelos familiares”.

O psicólogo Adilson Aguilar citou outros problemas vividos pelas famílias, como a dificuldade de diagnosticar e tratar a doença, pois a formação dos pediatras não os capacitaria para identificar os casos. Quanto às instituições disponíveis para tratamento de transtornos mentais, o psicólogo disse que a burocracia dificulta a internação de pacientes da capital em unidades como o Centro Psíquico da Adolescência e Infância (Cepai) da Fhemig e o Hospital das Clínicas, já que, segundo ele, as unidades atendem todo o estado e priorizam pacientes do interior.

“Nossos filhos estão sendo atendidos de maneira inadequada e ineficiente. Cada autista tem um tipo de necessidade, mas no município não há tratamento específico”, denunciou Maurício da Silva Moreira, que luta para conseguir atendimento especializado em fonoaudiologia e terapia ocupacional para seus dois filhos portadores de autismo.

Há 13 anos, Maria do Carmo Brandão também busca tratamento especial para o filho. “É um atendimento bastante precário, a começar pelo diagnostico, que é difícil e feito geralmente de forma tardia. Além disso, há uma deficiência muito grande nas equipes de PSF (Programa Saúde da Família) na observação dos sintomas e encaminhamento das crianças às equipes multidisciplinares”, disse.
Atendimento integrado

A coordenadora de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde, Rosimeire Silva, afirmou que cada uma das nove regionais de Belo Horizonte possui uma equipe complementar para o atendimento a deficientes, formada por um psicólogo, um fonoaudiólogo e um terapeuta ocupacional , que no ano passado atendeu 864 crianças, adolescentes e adultos, dos quais 23% são autistas.

Susana Rates, que representou o secretário Municipal de Saúde, Marcelo Teixeira, afirmou que é preciso identificar por que os pacientes não estão conseguindo acesso aos equipamentos voltados para tratamento de autismo disponíveis em Belo Horizonte. Ela reconheceu a necessidade de uma maior capacitação dos profissionais da saúde e de uma integração entre as secretarias, já que os sistemas de ensino e transporte público também precisam atender às necessidades dos autistas e familiares.

A diretora da Associação Brasileira de Autismo (Abra), Maria Helena Roscoe, informou que se reuniu com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, solicitando uma série de providências. O encontro foi no dia 2 de abril, Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Entre outras, foram propostas medidas de promoção do diagnóstico precoce, campanhas nacionais de conscientização e capacitação de escolas e centros de saúde para atender situações de urgência.

O que é o autismo

O autismo é um transtorno caracterizado por um desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes dos três anos de idade. A pessoa apresenta problemas de interação social e comunicação, comportamentos focalizados e repetitivos. Além disso, há outras manifestações inespecíficas, como fobias, perturbações de sono ou da alimentação e crises de autoagressão.

Também participaram da audiência os vereadores Reinaldo Preto Sacolão (PMDB), Toninho Pinheiro da Vila Pinho (PTdoB), Edinho Ribeiro (PTdoB) e Márcio Almeida (PRP); e José Carlos Dias Filho, representando o secretário municipal de Políticas Sociais, José Raimundo Nahas.

Superintendência de Comunicação Institucional