Visita técnica avalia área alvo de empreendimento imobiliário

A Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana da CMBH realizou, na tarde desta segunda-feira, 29 de novembro, visita técnica à área conhecida como Mata do Maciel, onde a construtora Rossi pretende erguer 16 prédios de 15 andares. Para o vereador Leonardo Mattos (PV), vice-presidente da Comissão, “é preciso que todos os interessados e envolvidos no processo de licença prévia tenham a oportunidade de conhecer a área”. O secretário municipal de Meio Ambiente, Lívio Lasmar, participou da visita.

A visita técnica foi solicitada por Leonardo Mattos para que todos os envolvidos no processo pudessem conhecer a área e ouvir os moradores, especialmente secretários municipais e membros do Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMAM), responsável pelo licenciamento ambiental do empreendimento, que é motivo de protestos por parte de vizinhos e ambientalistas.

Após a visita, o presidente do Conselho e secretário Municipal de Meio Ambiente, Lívio Lasmar, afirmou que a posição da Prefeitura é clara: não dar nenhum passo adiante enquanto a questão não for bem discutida e avaliada. “O empreendimento está em fase de licenciamento prévio, que é quando se estabelece sua viabilidade ambiental”, esclareceu o secretário. “Todos os aspectos estão sendo avaliados e ainda não temos uma posição”.

Para Mattos, que vem mediando a luta dos moradores contra o empreendimento, ver de perto a área que será degradada e ouvir os moradores do entorno pode contribuir para conscientizar os representantes do poder público e a sociedade sobre a importância da preservação de uma das últimas áreas verdes da capital. “O Município de Belo Horizonte tem a chance de optar por uma postura degradadora ou preservacionista”, afirmou.

Apesar do convite ter sido feito a todos os 29 membros do COMAM, apenas três compareceram. O conselheiro Márcio Soares disse que é preciso avaliar o projeto antes de formar uma opinião.

Nova audiência

Leonardo Mattos informou que irá requerer a realização de uma nova audiência pública na Câmara Municipal para apresentar o relatório da visita técnica, além dos resultados da avaliação que o Ministério Público Estadual vem realizando sobre o processo.

Diante da mobilização dos moradores, da Comissão de Meio Ambiente da Câmara e de questionamentos por parte do Ministério Público, o licenciamento da construção na Mata do Planalto foi retirado da pauta do COMAM a pedido do prefeito Márcio Lacerda, que solicitou uma análise mais aprofundada antes de se proceder à apreciação. Não há prazo definido para a nova votação.

Impacto

A Mata do Planalto, conhecida como “Mata do Maciel”, ocupa uma área de 300.000m² (equivalente a 30 campos de futebol) entre os bairros Planalto, Vila Clóris e Campo Alegre. De acordo com o biólogo Iury Valente Debien, que esteve presente à visita técnica, o local abriga 20 nascentes, além de rica biodiversidade. Segundo Yuri, a região é um dos últimos fragmentos urbanos de mata virgem em BH.

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Entre as várias nascentes, está a que dá origem ao Córrego Bacuraus, que deságua no Ribeirão Isidoro e integra a bacia do Rio das Velhas. “Não podemos permitir que este patrimônio natural da comunidade seja destruído”, protestou a moradora Magali Ferraz Trindade.

Segundo o presidente da Associação de Moradores da Vila Clóris, Fernando Tavares, a população da região quer que o terreno seja desapropriado pela Prefeitura e seja criada no local uma área de preservação e educação ambiental. “Não queremos parque. A região já possui três, que estão sujos e abandonados”, acusou.

Além das modificações ambientais e problemas climáticos, moradores e ambientalistas temem o impacto no trânsito e na qualidade de vida em geral, que afetará não só os bairros adjacentes, mas toda a cidade. Se a obra for realizada, os 760 apartamentos vão ocupar uma área de aproximadamente 118.000 m² e a previsão é de que 4 mil moradores a mais passem a circular na região.

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