RECUPERAÇÃO AMBIENTAL

Empresas apresentam soluções para despoluição da Lagoa da Pampulha

Especialistas afirmam que tratamento envolve abordagens complementares. Cerca de 4,5 mil ligações de esgoto seguem pendentes

segunda-feira, 10 Novembro, 2025 - 15:45
parlamentares e participantes presentes em audiência pública na câmara municipal de bh

Foto: Rafaella Ribeiro/CMBH

Empresas que atuam na despoluição de cursos d’água estiveram na Câmara Municipal de Belo Horizonte, na manhã desta segunda-feira (10/11), para apresentar soluções para a recuperação ambiental da Lagoa da Pampulha. Durante audiência pública realizada pela Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo, os especialistas defenderam a necessidade de ações efetivas, contínuas e que envolvam diferentes abordagens para a manutenção de um dos mais importantes "cartões-postais" de BH. O encontro ocorreu por iniciativa dos parlamentares do Partido Novo - Braulio Lara; Fernanda Pereira Altoé e Trópia -, e contou também com a presença de representantes da Prefeitura de BH e da Copasa. Em 2022, a empresa de saneamento assinou, com as Prefeituras de Contagem e Belo Horizonte, um termo de compromisso para a extinção dos despejos de esgoto na bacia da Pampulha. Durante a audiência, o representante da empresa informou que 53% do total de 9.759 ligações de água e esgoto necessárias já foram concluídos.

Preservação do patrimônio

Ao abrir o encontro, Braulio Lara lembrou que, apesar das inúmeras ações já realizadas pelo Município na Lagoa da Pampulha, os resultados ainda são "insatisfatórios" e a lagoa continua sofrendo com o despejo de esgoto e o aterramento, o que "ameaça o espelho d’água e descaracteriza o patrimônio tombado", disse. Na mesma linha, Fernanda Pereira Altoé destacou que a cidade não pode “perder um título tão importante”, e defendeu transparência nas ações. Ela relembrou denúncias de ligações clandestinas de esgoto e cobrou providências sobre as irregularidades.

Dados apresentados por Tiago Miranda, gestor de Empreendimentos de Grande Porte da Copasa, mostram avanços parciais no sistema de esgotamento sanitário. Segundo ele, 53% das ligações previstas no plano já foram concluídos, com investimento de R$ 80,5 milhões dos R$ 146 milhões acordados. Somente nos últimos três meses, foram 55 novas matrículas em BH e 232 em Contagem. Questionado por Altoé sobre denúncias de esgoto clandestino feitas em 2021, o gestor informou que grande parte dos imóveis que não possuem rede, ao serem abordados, têm concordado em fazer a ligação de água e esgoto. “Alguns deles possuem equipamentos como fossas e não despejam direto na lagoa. Então encaminhamos para a vigilância sanitária do Município”, afirmou.

Monitoramento e controle

O professor José Fernandes Bezerra Neto, do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, alertou para a persistência de cianobactérias e metais pesados na água. Ele alertou para a falta de dados em relação aos principais parâmetros da bacia e defendeu a criação de sistemas permanentes de monitoramento e controle.

“Sem medir o volume de sedimentos e esgoto que chegam à lagoa, é como tratar uma febre sem saber a temperatura do paciente”, comparou o professor.

Tecnologias disponíveis

Durante a audiência, empresas apresentaram tecnologias alternativas para o tratamento da água. A Bio-X Microrganismos apresentou um condicionador biológico natural que reduz a dependência de produtos químicos. Já a Chart Water, responsável por parte da despoluição do Rio Pinheiros, na cidade de São Paulo (SP), demonstrou uma técnica baseada na injeção de oxigênio supersaturado para acelerar a degradação da matéria orgânica.

A startup Infinito Mare propôs o uso de 'caravelas', boias com algas nativas capazes de absorver poluentes e transformar resíduos em subprodutos. A empresa realizou teste por mais de sete meses na Lagoa da Pampulha. Bruno Libardoni, representante da startup, falou do alto número de amostras coletadas que apontaram quantidade elevada de metais pesados como magnésio, ferro, alumínio e cádmio; sendo que alguns desses com presença acima do permitido pela legislação. O lantânio, por exemplo, muito presente no Phoslock, material utilizado para reduzir o fósforo na água da lagoa, estaria, segundo o oceanógrafo, 3 milhões de vezes acima do que recomenda a legislação australiana.

Ao responder questionamento da vereadora Trópia sobre o número de 'caravelas' necessárias para a despoluição da lagoa, Bruno Libardoni, estimou o número entre 30 e 40, com conclusão do procedimento em até um ano. A parlamentar sugeriu a aplicação de diferentes tecnologias para a despoulição da bacia .

"Faço uma sugestão ao prefeito para que faça um edital usando o marco municipal das startups para trazer caravelas e outras alternativas tecnológicas e inovadoras para manejo e manutenção da Lagoa da Pampulha", afirmou Trópia.

Braulio Lara destacou a gravidade da situação e lembrou que o lantânio não é natural do Brasil. O parlamentar correlacionou a presença massiva do metal nas águas à contínua aplicação do Phoslock na lagoa, e alertou para a iminente retomada da navegação no cartão postal.

“Um metal que traz risco às pessoas e aterrando a lagoa. É isso que estas algas mostram. Não podemos falar de navegação da lagoa. Não podemos expor as pessoas a risco de contaminação”, afirmou Braulio Lara.

O secretário adjunto de Obras da PBH, Maurício Brandão, reconheceu a relevância da audiência e afirmou que o Município está em busca das melhores soluções. Ele solicitou que as tecnologias apresentadas sejam encaminhadas à administração municipal para conhecimento.

Superintendência de Comunicação Institucional