Plenário III

Vereadores aprovam moção de apoio ao governo do RJ por operação policial

Moção considera ação um “ato de bravura” em nome da “paz social”; opositores apontam excessos e violações de direitos

quarta-feira, 12 Novembro, 2025 - 20:15

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Moção de apoio à operação realizada em 29 de outubro pelas Polícias Militar e Civil do Rio de Janeiro nos Complexos da Penha e do Alemão foi aprovada nesta quarta (12/11) pela maioria dos membros do Legislativo de Belo Horizonte. Assinado por Pablo Almeida (PL), Sargento Jalyson (PL) e Wanderley Porto (PRD), o texto elogia a coragem dos profissionais de segurança e o êxito da ação para o cumprimento de mandados de prisão contra membros de facções criminosas. A proposição foi levada ao Plenário em razão da impugnação apresentada por Pedro Patrus (PT), que lamenta a letalidade da operação - que resultou na morte de 121 pessoas, sendo quatro policiais, e em 113 prisões - e aponta a “imprudência” de se manifestar sobre o assunto antes da conclusão das investigações. Confira o resultado completo da reunião.

Último item votado na reunião, a Moção 244/2025, dirigida ao titular da Secretaria de Segurança Pública do Estado, Victor dos Santos, tem a finalidade de “manifestar o apoio da Câmara em relação a operação deflagrada no dia 29 de outubro de 2025, promovendo o enfrentamento direto à criminalidade organizada que ameaça a paz social e a ordem pública no Rio de Janeiro e em todo o Brasil”. A mensagem ressalta, ainda, que a incursão resultou na “neutralização de diversos focos de resistência armada e na apreensão de armas, drogas e materiais de guerra".

O texto considera a ação como um “ato de bravura e compromisso com o dever público”, que revela “a coragem dos profissionais que, diuturnamente, colocam suas vidas em risco na defesa da população e da ordem pública” e defende que sejam assegurados recursos, reconhecimento e amparo necessários à atuação das forças de segurança

População aprovou

Wanderley Porto reiterou o reconhecimento da “ação exitosa das forças de segurança, capitaneadas pelo governador Cláudio Castro“, que “só não foi perfeita” pela perda de policiais. “Os próprios bandidos disseram, na gíria deles, que não houve ‘esculacho’; os que se renderam foram conduzidos sem um tiro, mas os que escolheram encarar as forças policiais estão hoje a sete palmos”, destacou.

“Quatro policiais tombaram defendendo o interesse do estado e da população, que não aguenta mais ser refém de traficantes, refém de bandidos”, lamentou o vereador, ressaltando que, segundo pesquisas, mais de 80% dos moradores de comunidades aprovaram a operação.

Os coautores da Moção, Pablo Almeida e Sargento Jalyson, e os colegas Cláudio do Mundo Novo (PL), Irlan Melo (Republicanos) e José Ferreira (Pode), favoráveis à aprovação, reforçaram a argumentação, apresentaram imagens e relatos para comprovar a periculosidade dos criminosos e sua atitude em relação à polícia e aos moradores das comunidades; e reforçaram as críticas ao posicionamento da esquerda e do governo federal sobre o assunto.   

“Violência institucional”

Na impugnação apresentada à Moção, Pedro Patrus alega que “a forma como a força estatal interveio mantém viva uma cultura de violência institucional que, como sociedade, já deveríamos ter superado”, que “a violência jamais pode ser instrumento legitimo de construção da paz” e que “as forças de segurança devem ter limites na sua atuação, não podendo realizar ‘execuções sumárias’.

“Qualquer operação que fique conhecida pela quantidade de mortes mancha a mão do Estado, atesta sua incapacidade de resolver os problemas sociais e, mais que isso, aumenta a probabilidade de aumentar em quantidade e intensidade os problemas já existentes”, afirma o texto de Patrus.

As investigações que estão sendo conduzidas por órgãos judiciais e os questionamentos de entidades de direitos humanos sobre possíveis excessos e irregularidades na operação também são mencionadas: “A prudência é o melhor instrumento quando existem tantas indagações sobre a ação de segurança em uma comunidade vulnerável tanto do ponto de vista do Estado como da criminalidade ali instalada”, pondera o documento.

Patrus, a colega de partido Luiza Dulci (PT) e as vereadoras do Psol Cida Falabella e Iza Lourença reforçaram as alegações, refutaram os argumentos dos apoiadores e se posicionaram contra a aprovação da Moção. As parlamentares salientaram o grande número de entidades, inclusive cristãs, que protestaram contra a letalidade da operação e o modelo de combate ao crime organizado que penaliza os jovens negros e periféricos.    

Após a votação simbólica, que registrou quatro manifestações contrárias, a discussão se prolongou por quase uma hora na etapa de pronunciamentos.

Superintendência de Comunicação Institucional

98ª Reunião Ordinária - Plenário