Criação de pipódromos nas regionais é elogiada por praticantes e pela PBH
Além da aprovação do PL, autor da audiência solicitou a indicação de espaços adequados nas regionais da capital
Foto: Divulgação CMBH
A Comissão de Administração Pública recebeu nesta terça (26/9) representantes de pipeiros e da Prefeitura para debater a destinação, em todas as regiões da cidade, de espaços adequados e cercados para a soltura de pipas e papagaios de forma responsável e segura. A proposta foi elogiada pelos participantes, que reconheceram seu potencial de fomentar o lazer e o turismo na capital. Autor do projeto de lei que propõe a criação dos chamados “pipódromos”, Irlan Melo (PR) solicitou a indicação de áreas pelas administrações regionais e a realização de campanhas educativas de orientação aos usuários, também previstas no texto.
Representando os amantes da prática, o mestre-pipeiro e comerciante Ricardo Brandão, reafirmou os benefícios trazidos pela atividade, apreciada por crianças, jovens e até mesmo por adultos em toda a Grande BH. Há 25 anos vendendo papagaios prontos, linhas, carretéis e material para confecção, o fabricante assegurou que a tradição cultural e o baixo custo da prática a torna bastante apreciada especialmente nas áreas de baixa renda, onde em fins de semana, feriados e períodos de férias é possível observar uma infinidade desses artefatos cruzando os céus de vilas e bairros periféricos. O grande número de praticantes combinado à ausência de espaços adequados, no entanto, geram um alto índice de acidentes como quedas de lajes, atropelamentos e choques elétricos nesses períodos.
Lembrando o grande público que era atraído anualmente ao Parque das Mangabeiras para participar ou assistir ao Festival de Pipas, Brandão lamentou que o último evento de praticantes e apreciadores ocorreu em 2006, quando reclamações referentes à degradação ambiental produzida pela aglomeração de pessoas levaram a seu cancelamento. Segundo o comerciante, o encontro atraía até mesmo pessoas de outros estados, promovendo o lazer saudável e o turismo na capital mineira. “A cultura do papagaio em Minas é mais forte que a do futebol”, afirmou ele, defendendo a atividade como forma de afastar crianças e adolescentes das ruas e da criminalidade.
Irlan Melo também destacou o potencial turístico da atividade e, reforçando as palavras do pipeiro, defendeu a prática segura como principal motivação para a criação dos pipódromos; segundo ele, esses equipamentos podem evitar os crescentes acidentes registrados na cidade pelo uso de linhas com cerol ou linhas chilenas produzidas com material cortante, que ao atravessarem as vias da cidade provocam ferimentos graves e até mesmo mortes, especialmente de motociclistas, levando a atividade a ser estigmatizada como perigosa. Sobre essa questão, o vereador ressaltou a proibição expressa do uso desses materiais nos espaços previstos, bem como ações educativas para a prática responsável.
PBH vê com “bons olhos”
Apesar da repressão, intensificada após os últimos acidentes ocorridos na cidade, e até por causa dela, os praticantes habituais e entusiastas se queixaram da falta de condições e incentivo para que o “soltar pipas” deixe de ser visto como um risco e volte a ser olhado como uma atividade de lazer para pessoas de todas as idades, que estimula a convivência e a vida ao ar livre. Segundo eles, festivais de pipas acontecem em diversas cidades do país e do mundo, movimentando a economia, a cultura, o esporte e o lazer, mas infelizmente estão cada vez mais escassos. Após ouvir Ricardo Brandão e outros participantes, que defenderam a aprovação da medida e a realização de festivais, inclusive internacionais, na capital mineira, a representante da Prefeitura de BH, Laila Oliveira, afirmou que a medida é vista “com bons olhos” pelo Executivo Municipal.
Ressaltando as ações de fiscalização e educação de usuários sobre o uso responsável do brinquedo, a servidora reforçou a proibição do cerol e lamentou as ocorrências relacionadas, quase sempre em decorrência de seu uso nas margens de rodovias e vias urbanas. A destinação de espaços apropriados e cercados para a prática da atividade, segundo ela, teria o potencial de afastar os papagaios e suas linhas dos transeuntes, ciclistas e motociclistas, que são os maiores atingidos, além de facilitar o controle da utilização do artefato. Laila Oliveira assegurou o posicionamento favorável do Município à cultura e à tradição dos papagaios e a disposição de promover os estudos necessários para a identificação de eventuais áreas disponíveis.
Mesmo alertando os participantes para o número limitado de áreas planas, abertas e não utilizadas no município de Belo Horizonte, que além de possuir dimensões reduzidas e terreno montanhosos encontra-se bastante adensado, a representante da PBH também confirmou o posicionamento da Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur) sobre o PL, relatado em ofício dirigido ao vereador Irlan Melo. Nele, a empresa reconhece a importância da atividade como prática de lazer saudável e seu potencial de atratividade turística, dando visibilidade à capital e tornando-a mais inclusiva, aprazível e humanizada.
Prospecção de áreas adequadas
Segundo o requerente da audiência, a indicação de espaços adequados e disponíveis para a prática do brinquedo e a realização de eventos deverá ser feita pela comunidade e pelo poder público em cada uma das nove regionais da cidade, a cujas coordenadorias ele já encaminhou solicitação de prospecção e indicação de áreas. Aos colegas, o vereador solicitou a aprovação e a sanção do projeto, que trará benefícios a toda a cidade.
Conheça o projeto
Tramitando em 1º turno, o PL 271/17 propõe que os pipódromos sejam instalados em áreas amplas, abertas e seguras como parques ecológicos, campos de futebol, praças ou similares, distantes de margens de rodovias e cabeamentos elétricos. O texto estipula ainda a realização de festivais para reunir os amantes da prática, eventos educativos e a instituição da "Semana do Uso Responsável de Pipas", com objetivo de conscientizar crianças e adultos sobre o uso seguro e consciente do brinquedo.
Superintendência de Comunicação Institucional