Escola no Aglomerado da Serra cobra anexo prometido há dois anos pela PBH

Ausência de espaço adequado para atividades físicas, falta de rampas e elevadores para acessibilidade, além de riscos de atropelamento e acidentes ao passar pelas ruas são alguns dos problemas enfrentados por alunos da Escola Municipal Professor Edson Pisani, localizada no Aglomerado da Serra, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Para discutir a necessidade de ampliação e melhorias do espaço, a Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo realizou audiência pública nesta quarta-feira (5/11). Em 2023, a escola venceu o Prêmio Melhores Escolas do Mundo na categoria "Escolha da Comunidade", promovido pela organização global T4 Education. À época, o então prefeito Fuad Noman parabenizou a instituição e se comprometeu a construir um anexo, com o objetivo de atender melhor às necessidades do equipamento, com espaço mais adequado e acessibilidade. O plano, no entanto, ainda não saiu do papel, depois de dois anos. Para Iza Lourença (Psol), solicitante da reunião, a escola desenvolve um trabalho de excelência mesmo sem condições adequadas, e o objetivo é que “esse trabalho extraordinário seja feito com estrutura e condições dignas”, disse. A vereadora também lamentou a ausência de representantes do Executivo, o que, segundo ela, dificulta o diálogo. Iza se comprometeu a fazer uma indicação à Prefeitura de Belo Horizonte cobrando a construção do anexo, e também enviar uma sugestão de pauta para veículos da imprensa aproveitando o gancho de dois anos da premiação e a situação que ainda não se resolveu.

Reconhecimento internacional

A diretora da escola, Floricena Estevam Carneiro da Silva, citou o prêmio recebido em 2023, pelo projeto "+ Favela - Lixo", desenvolvido junto à comunidade com soluções para o problema do descarte irregular de resíduos. O apoio da população local, inclusive, foi destacado pela diretora, que afirmou que o trabalho feito é sempre “com e para a comunidade”, o que inclui a luta pela construção do anexo.

Cida Falabella (Psol) também falou da importância desse reconhecimento.

“Não se trata de privilegiar um lugar, que é incrível, mas sim de criar referências cada vez mais fortes e modelos que possam depois ser replicados, ser ampliados; isso é fundamental. Que essa escola, que já foi considerada a melhor do mundo, possa se expandir e ser exemplo para outras escolas do Brasil”, declarou a vereadora.

Infraestrutura precária

A diretora da escola contou que a instituição atende cerca de 500 crianças entre 6 e 10 anos, sendo 230 no Programa de Escola Integrada (PEI), e apontou que a falta de rampas e elevadores impede os alunos cadeirantes de acessar o refeitório e participar de outras atividades escolares.

O coordenador da Escola Integrada, Manoel Pantuzzo Teixeira de Souza, destacou os riscos diários que crianças e funcionários do PEI sofrem, por terem que passar pela rua para chegar à casa alugada pela instituição, onde funcionam as atividades de contraturno. O convidado apontou que o caminho é muito estreito, fazendo com que, por vezes, seja preciso passar na rua em meio aos veículos; além de ser exposto a lixo e outros objetos que obstruem o caminho. Ele também falou sobre o fato de a escola não ter uma quadra de tamanho ideal, o que faz com que os estudantes tenham que se deslocar até uma praça para atividades físicas, também inacessível para quem tem mobilidade reduzida. Para Ernanni Marcolino Fragoso, professor do PEI, esse cenário nega às crianças o direito de terem acesso facilitado à educação.

A diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-Rede/BH), Bárbara Guimarães Rocha, acrescentou que é preciso expandir a discussão para toda a rede municipal. Ela citou exemplos de outras instituições que também sofrem com a precarização da infraestrutura e do próprio trabalho, principalmente das pessoas contratadas para as aulas fora do período regular que, segundo a representante, sofrem com jornadas extenuantes e falta de reconhecimento.

Novo anexo

O plano para um novo prédio começou a ser construído ainda em 2023. Segundo a diretora, Floricena da Silva, o terreno para a obra é do próprio Município e fica adjacente à escola. O plano de construção prevê um espaço que seja integrado ao prédio atual, com nova quadra e pontos que vão garantir acessibilidade para todos. Floricena ressaltou que todos os procedimentos de responsabilidade da instituição já foram feitos, e que cabe agora ao Executivo “tirar o projeto do papel”. Ela lembrou que a obra foi uma promessa do antigo prefeito Fuad Noman, e pediu que a atual gestão cumpra com o combinado. “A gente quer parar de lutar pelo óbvio e ter tempo para se dedicar à educação.”

Outro ponto destacado foi a importância desse novo espaço para as famílias que têm na escola um espaço seguro para deixar as crianças enquanto trabalham ou realizam outras atividades cotidianas.

“Se a gente consegue atender hoje as quase 500 crianças em tempo integral, que é o que nós estamos pedindo, nós vamos garantir um mínimo de sossego para pelo menos 500 mães”, afirmou a diretora.

Encaminhamentos

Iza Lourença se comprometeu a fazer, junto à Cida Falabella, uma indicação à prefeitura para cobrar a construção do anexo. A vereadora também disse acreditar que a visibilidade da causa pode ajudar na concretização do projeto. Para isso, ela disse que vai enviar uma sugestão de pauta aos principais veículos de comunicação, principalmente os que noticiaram o prêmio da escola em 2023, sugerindo que mostrem como a escola está após dois anos, para tentar “aumentar a pressão” sobre o Executivo. 

Superintendência de Comunicação Institucional