Helton Junior é o entrevistado da semana em videocast da CMBH
Vereador do PSD fala de projetos como o de climatização nas escolas e explica porque manteve seu apoio ao PL da Tarifa Zero
Foto: Denis Dias/CMBH
Manter sua posição favorável ao projeto de lei que pretendia implementar a tarifa zero no transporte coletivo de BH no prazo máximo de quatro anos teve um custo alto para o vereador Helton Junior (PSD). Com seu voto “sim”, ele perdeu o posto de vice-líder do governo na Câmara Municipal. Mas não se arrepende. “Eu entendi que mais importante do que manter um cargo foi conservar a coerência que os meus eleitores esperam de mim”, diz o parlamentar no programa Câmara em Foco. Durante a entrevista ao videocast, ele explica ainda porque usou a metáfora de uma escada ao defender que, se era impossível garantir a gratuidade a todos, poderia se focar em uma parte da população, como estudantes universitários de baixa renda. “Se não dá para subir todos os degraus de uma só vez, poderíamos subir um hoje, outro amanhã. Não sei se chegaríamos no topo, mas alguma alternativa teria sido apresentada para a população de Belo Horizonte”, diz. Durante o bate-papo, Helton fala também, entre outros assuntos, da importância da instalação do campus do Instituto Federal de Minas Gerais no Barreiro e sobre a inspiração para alguns projetos de sua autoria, como o de climatização nas salas de aula e o que garante meia-entrada para professores da educação básica em eventos culturais e esportivos.
PL da Tarifa Zero e a vice-liderança de governo
Durou cerca de seis meses a experiência de Helton Junior como vice-líder do governo na Câmara. Ele precisou colocar o cargo à disposição por se manter favorável à aprovação do Projeto de Lei 60/2025, conhecido como o PL da Tarifa Zero, do qual era um dos autores. “Por entender que era uma proposta extremamente adequada e por ter, ao longo da tramitação do projeto, colocado uma ponte de diálogo com o Executivo e com os outros atores, a gente entendia que era necessário firmar posição”, afirma. Ele considera que, nessa questão, a política falhou em produzir resultados.
“O transporte hoje em Belo Horizonte é um problema real. E o transporte é muito importante, por se tratar de um direito que faz as pessoas terem acesso a outros direitos. A população pode ter direito à saúde, à educação, mas sem transporte não tem acesso a nada disso”, diz.
Segundo ele, a gratuidade serviria também para levar um incremento de receita para outros setores, como o comércio. Para Helton, seu eleitorado ficou satisfeito com sua posição. “Mesmo podendo ter outros privilégios, na vice-liderança do governo, de um acesso aproximado com o Executivo municipal, eu escolhi manter a minha coerência. E essa posição é uma posição que tem sido rara, não na Câmara Municipal, mas no meio político como um todo”, ressalta.
Fiscalização do Executivo
Helton Junior comentou sobre uma publicação em seu Instagram, quando comemorou o fato de haver batido a marca de mil cobranças por melhorias enviadas à Prefeitura de Belo Horizonte ou a órgãos do Executivo. Na postagem, ele disse que mais de 70% dessas demandas haviam sido solucionadas. Para Helton, a fiscalização “é o mais importante que um vereador pode fazer”.
“Chega um certo momento que tudo que deveria estar na legislação, já está. A grande questão é que seja cumprido. E para ser cumprido, de fato, tem que ter fiscalização. Então, quando a gente fala dos nossos ofícios, dos nossos encaminhamentos, o que a gente está querendo? Garantir que os direitos da população que já estão previstos sejam de fato cumpridos”, diz.
Helton diz que tem um apreço especial por fiscalizar o transporte público. “Gosto de ver como o veículo está, se o ar-condicionado está funcionando, se o freio de porta está atuando corretamente, se o quadro horário estava fixado dentro do veículo”, conta. Para ele, essa atuação tem muito mais efetividade que simplesmente aprovar leis.
IFMG no Barreiro
Morador do bairro Lindeia, no Barreiro, Helton Junior foi um dos entusiastas da instalação do Instituto Federal de Minas Gerais na região. A princípio, o instituto estava previsto para o bairro Buritis. “Houve uma mobilização muito grande de diversas lideranças da região do Barreiro, falando que, apesar de ser muito importante trazer o IFMG para Belo Horizonte, ele teria de atender quem mais precisa. E as pessoas que mais precisam não estão no Buritis, mas em outras regiões da cidade, entre elas o Barreiro”, diz.
Helton lembra que o prefeito Fuad Noman (1947-2025) foi um grande aliado dessa mudança. “Até porque o Buritis já está extremamente adensado e teria dificuldade de receber um equipamento desse porte”, diz o vereador.
Meia-entrada para professores
Em setembro, Helton Junior viu um projeto de sua autoria ser aprovado em definitivo pelo Plenário. É o PL 279/2025, que garante meia-entrada para professores da educação básica em eventos culturais e esportivos em Belo Horizonte. Segundo o vereador, essa seria uma forma de “valorizar o grupo”.
“Quando eu era mais novo, tive a oportunidade de estudar numa grande escola de Belo Horizonte, particular, com bolsa. E a educação foi uma das coisas que mudou a minha vida. Por isso hoje, com o meu mandato, eu sempre tento trabalhar pautas de educação, porque eu sinto que isso realmente muda a vida das pessoas”, conta.
De acordo com Helton, os professores formam a categoria mais importante da sociedade. “Nenhuma profissão existe sem os professores”, afirma. Ele salienta que a valorização da categoria passa por muitos outros fatores, como a remuneração e a qualidade do ambiente de trabalho, que, aliás, é o ponto central de outro projeto de sua autoria.
Climatização das escolas municipais
Para defender o PL 235/2025, que institui a Política Municipal de Climatização Sustentável das Escolas Públicas da Rede Municipal de Ensino, Helton Junior cita um estudo que mostra a quantidade de colégios que contam com ar-condicionado no estado e na capital. Segundo ele, são 11% em Minas Gerais e apenas 1% em Belo Horizonte. “Isso dá mais ou menos 50 escolas”, afirma.
As mudanças climáticas fazem com que esse debate seja ainda mais urgente. E as dificuldades são maiores para quem vive na periferia do que para quem está em bairros mais centrais de Belo Horizonte.
“Muitas vezes, para as crianças das periferias, o espaço mais adequado para se estar, do ponto de vista de conforto térmico, é a escola. Às vezes, essa criança mora numa casa que tem um telhado muito baixo, com uma telha inadequada e a casa vira um forno. Então, se a escola também não tiver uma infraestrutura adequada, o aluno vai ficar numa condição de vulnerabilidade muito grande”, salienta.
Aprovada em 1º turno, a proposta prevê a adequação física dos prédios para a instalação de aparelhos de climatização e ar-condicionado em um prazo de cinco anos. Mas Helton negociou com o Executivo a apresentação de um substitutivo que aumenta o prazo para uma década. “Acho que conseguimos chegar em um justo meio. É o que eu falo: a política tem de produzir resultado. Não adianta só eu achar que cinco anos é razoável, se os atores que estão envolvidos não entendem dessa forma”, afirma.
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