CÂMARA EM FOCO

Videocast da CMBH entrevista o vereador Dr. Bruno Pedralva

Parlamentar do PT fala de sua proposta de valorização dos garis, da luta pelo fortalecimento do SUS e a degradação da Serra do Curral

terça-feira, 23 Setembro, 2025 - 12:00
O jornalista Alessandro Duarte entrevista o vereador Dr. Bruno Pedralva no Plenário Amintas de Barros

Foto: Cristina Medeiros/CMBH

O vereador Dr. Bruno Pedralva (PT) quer que o dia 11 de agosto seja feriado para uma classe específica em Belo Horizonte: os trabalhadores da limpeza urbana. Nessa data, há pouco mais de um mês, o gari Laudemir de Souza Fernandes foi morto a tiros após uma discussão no trânsito, enquanto trabalhava. “Eu fiquei muito sensibilizado com esse caso brutal. E a essência do nosso mandato é cuidar de Belo Horizonte e cuidar de quem cuida da nossa cidade”, disse ele em entrevista ao videocast Câmara em Foco. Para Bruno, essa será uma forma de valorizar os garis. “Nada melhor para lembrar da importância do que sentir a falta, né?”, afirma. Natural da pequena cidade de Pedralva, no Sul de Minas, com pouco mais de 10 mil habitantes, o vereador está em seu segundo mandato na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Durante o bate-papo, ele fala também sobre pontos que são caros à sua atuação, como a luta pelo SUS e pelo direito à saúde pública, a defesa de direitos sociais, a importância da preservação do meio ambiente e de seu apreço pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), entre outros assuntos. 
 
Valorização dos garis
 
Bruno Pedralva lembra que anunciou a proposta do Programa Municipal de Proteção e Valorização dos Profissionais de Limpeza Urbana, o Progari, durante uma audiência pública que contou com a presença da viúva de Laudemir, Liliane. “Ela é uma pessoa fantástica, que está transformando o luto em luta por justiça, pelo marido, mas também por toda a categoria, e pela limpeza urbana”, conta. Ele diz que os garis são, historicamente, desrespeitados não só pela população como também pelas instituições
 
“Sabe qual é, de acordo com eles mesmos, o maior desafio? Banheiro. Os garis passam o dia inteiro correndo cidade afora e quando precisam de um banheiro, ninguém empresta. Então, uma das coisas que vamos colocar nesse projeto é a obrigatoriedade de instituições públicas e até privadas cederem espaço para eles fazerem as necessidades”, diz Dr. Bruno Pedralva.
 
O vereador ressalta que os garis enfrentam dificuldades até mesmo para almoçar durante a jornada de trabalho. “Muitas vezes eles comem na rua mesmo, debaixo de uma árvore, quando encontram alguma”, afirma. O PL prevê também campanhas educativas. Sobre a proposta do feriado, que Bruno Pedralva está negociando com a Prefeitura de Belo Horizonte, ele conta que esse foi um pedido de Liliane. “Ela falou: ‘o Laudemir não vai poder ficar comigo, mas eu gostaria que todos os garis ficassem com suas famílias’”, diz. 
 
Saúde pública
 
Dr. Bruno Pedralva compareceu à entrevista com uma camiseta na qual se lia a seguinte frase: “Todo mundo merece ter um médico de família e comunidade”. Membro da Comissão de Saúde e Saneamento, ele tem manifestado ultimamente duas preocupações principais:a proposta do governo do Estado de absorver os serviços de quatro hospitais em um novo complexo no bairro Gameleira, cujo terreno será doado pela prefeitura; e a retirada dos guardas municipais da segurança dos centros de saúde. 
 
O vereador acredita que a construção do novo hospital é benéfica, mas o fechamento de outros, não. “Além de vereador, eu sou médico do SUS. Sou plantonista em uma UPA e vivo diariamente a situação de chegar para trabalhar e ver gente esperando cinco, 10, às vezes 15 dias para ser transferido a um hospital, porque não tem leito”, afirma. Para ele, a possibilidade do fechamento do pronto-socorro do Hospital Infantil João Paulo II, antigo Centro Geral de Pediatria (CGP), faria com que a “porta de entrada” para o atendimento passasse para a administração municipal. 
 
“O governo do estado pede um presente para a prefeitura e depois devolve uma conta. É como se o governador chamasse o prefeito: ‘Vem para a minha festa e me traz um presente’. Aí depois divide os gastos da festa com o convidado. Mas conseguimos sensibilizar o prefeito Álvaro Damião e o secretário Guilherme Daltro para aprovarmos uma emenda que vai dificultar o fechamento do CGP”, diz. 
 
Ele se queixa também do anunciado fechamento dos hospitais Alberto Cavalcanti e Eduardo de Menezes, além da Maternidade Odete Valadares. “É bom ter um novo hospital, mas porque precisa fechar os existentes, já que precisamos de mais leitos?”, pergunta. 
 
A respeito da possibilidade da retirada dos guardas municipais dos centros de saúde da capital, Bruno acredita que a resolução da prefeitura possa ser revertida. “As estatísticas comprovam que, após a chegada dos guardas municipais, houve uma redução de 35% nas agressões físicas, 37% nos casos de assédio sexual e 25% nas agressões verbais. E essa redução é tanto para o trabalhador quanto para os usuários”, contou. Segundo ele, a mobilização de seu mandato, junto com os sindicatos e o Conselho de Saúde de BH, fez com que a medida ainda não tenha sido efetivada. “O que nós queremos é a presença fixa de um agente de segurança. Se está ficando caro para a Guarda Municipal, então que se garanta uma segurança especializada”, fala. 
 
Mineração
 
Dr. Bruno Pedralva foi autor do pedido de um seminário, em maio, sobre “A Proteção Integral da Serra do Curral”. Na ocasião, vereadores e convidados discutiram a importância da preservação do cartão-postal que, segundo Bruno, foi "dilapidado e assaltado ilegalmente". Durante a entrevista, ele acusou a empresa Empabra, que teria retirado quase  R$ 1 bilhão ilegalmente com a justificativa de estar recuperando a área. “Estamos falando de tráfico de minérios, estamos falando de usurpação de um patrimônio que é nosso”, diz. 
 
“A cava, a mina dessa empresa, fica nada mais nada menos do que no pé do Pico BH, que é o ponto mais alto da Serra do Curral e símbolo de Belo Horizonte, que tem esse nome porque quando os primeiros moradores vieram, subiram em seu ponto mais alto e falaram: ‘Nossa, que belo horizonte’. Então esse é um símbolo cultural e histórico da nossa cidade”, afirma. 
 
O parlamentar destaca que essas regiões são importantes também para a absorção de água da chuva e para a alimentação do lençol freático que abastece a cidade e a Região Metropolitana. “Estamos na luta para que essa empresa seja responsabilizada. Queremos também que a recuperação ambiental seja financiada por ela, mas conduzida pela prefeitura, pelo governo do Estado e pelos órgãos que realmente defendem a serra”, diz.
 
“Pedralva do MST”
 
Bruno foi autor de uma reunião especial em comemoração aos 41 anos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Na ocasião, ele declarou que os parlamentares de direita o chamavam de “Pedralva do MST”, por causa de sua simpatia pelo movimento. “Fui aprendendo que sem luta social não há conquista. Da mesma forma que nós, profissionais da saúde, fazemos greve, fazemos manifestação, para termos melhorias no SUS, o MST ocupa uma fazenda abandonada. Se não ocupar, não vai ter política pública, não vai ter reforma agrária”, afirma. Ele lembrou que perto de sua cidade fica um dos assentamentos mais importantes do Brasil, a Fazenda Ariadnópolis, que hoje se chama Quilombo Campo Grande. 
 
O vereador salienta que se entende, atualmente, como um militante do MST; com a sabedoria que a luta popular precisa ser feita "em todos os campos, nos movimentos, nas comunidades". Sem deixar de ressaltar que o "pezinho no parlamento", segundo suas palavras, é necessário. 
 
“O MST elegeu vários parlamentares no último período. Nós temos, por exemplo, a Marina do MST, que é deputada estadual no Rio de Janeiro; a Rosa Amorim, que é deputada estadual de Pernambuco; a Maíra do MST, que é vereadora no Rio de Janeiro; e temos o Pedralva do MST, que é vereador em BH”, fala.
 
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