Vale garantiu à CPI o descomissionamento de barragem de rejeitos em Macacos
Durante visita técnica, a mineradora anunciou a implantação de nova captação de água no Rio Paraopeba
Foto: Sidney Lopes/ CMBH
Na manhã desta terça-feira (21/5), a Comissão Parlamentar de Inquérito das Barragens realizou visita técnica à Mina de Capão Xavier da mineradora Vale S/A, localizada no distrito de Macacos, em Nova Lima (MG), para verificar as condições de segurança e estabilidade da Barragem de rejeitos B3/B4. A atividade, que estava prevista para ocorrer na Mina de Mar Azul, também em Macacos, ocorreu em Capão Xavier por conta da paralisação e interdição de Mar Azul, depois do rompimento da Barragem do Córrego Feijão, em Brumadinho (MG). Durante a visita, representantes da Vale afirmaram que, desde o ocorrido na Mina Córrego Feijão, a empresa vem trabalhando no projeto de descaracterização das barragens com alto risco (nível de alerta 3), dentre elas a B3/B4, e que, nesse sentido, toda a área de possível inundação já foi evacuada e vem sendo monitorada permanentemente.
De acordo com a gerência da Vale, atualmente, no Complexo Paraopeba 1, apenas a Mina Capão Xavier está em atividade (as outras duas, Mar Azul e Mutuca, estão paralisadas), mas não despeja rejeitos na Barragem B3/B4. Instalada em 1999 pela Mineração Rio Verde, a B3/B4, que possui um volume de 2,7 milhões de m³ de rejeitos do beneficiamento da mineração, não vem recebendo rejeitos desde 2001 e seu reservatório está com pouca água. Apesar disso, em 2018, depois de sondagens realizadas por uma consultoria técnica, ficou constatado que a barragem possuía alto nível de alerta, uma vez que teria sido construída de maneira menos segura que as demais.
Responsável pela descaracterização da Barragem B3/B4, ou seja, pelo processo de encerramento definitivo de seu uso, Marcel Pacheco afirmou que o projeto será realizado em etapas que abrangem a implantação de três poços profundos para depressurização do lençol freático; construção de canal para drenagem da água superficial; reforço da estrutura onde há menor fator de segurança e recuo da pilha de rejeitos para preparar início da sua remoção para uma pilha estéril ou uma cava. A expectativa é que o alcance do fator de risco 1.3, abaixo do limite determinado de 1.5, ocorra apenas em 2021.
Respondendo aos questionamentos da vereadora Bella Gonçalves (Psol) e do vereador Edmar Branco (Avante) sobre outras ações executadas para garantir a segurança hídrica de Belo Horizonte e da Região Metropolitana e a saúde do Rio das Velhas, diante da situação de alto risco das barragens e da contaminação do Rio Paraopeba, a empresa também informou que será elaborado projeto para construção de duas contenções a jusante (no sentido do fluxo da água) para proteção do Rio das Velhas ainda este ano. Essas contenções deverão ser feitas por enrocamento (semelhante a um muro de pedras), porém vazado, e terão capacidade de estocar 3 milhões de m³ de rejeitos. O objetivo dessa contenção é diminuir os impactos à comunidade e ao meio ambiente, no caso de rompimento da estrutura.
Novas captações
O vereador Irlan Melo (PR), relator da CPI, também ressaltou na visita o dever da empresa em cumprir a determinação judicial de implantação de nova captação de água no Rio Paraopeba, 12 km acima da que foi interrompida em Brumadinho. Segundo os representantes da Vale, estão sendo realizadas reuniões periódicas com a Copasa para se conseguir executar a obra no prazo acordado, setembro de 2020.
Além disso, foi informado pela empresa que também teve início um projeto voltado para a proteção da captação de Bela Fama, em caso de uma nova emergência, por meio de compotas, a ser concluído até outubro deste ano. Foi anunciado, ainda, que vem sendo estudada, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tecnologia para reforços no tratamento de água contaminada por rejeitos.
Questionada pelo vereador Pedrão do Depósito (PPS) sobre a possibilidade de uso dessa tecnologia na descontaminação do Rio Paraopeba e retomada da captação pela Copasa, a empresa destacou que essa é uma opção possível, mas que a Copasa decidiu pela implantação de nova captação a montante do rio, já que o estudo ainda não possui a credibilidade da população.
Superintendência de Comunicação Institucional