Emprego, renda e riscos de contágio de trabalhadoras domésticas na pandemia
Comissão de Mulheres discutirá o tema na próxima terça-feira (27/4), às 10h, em encontro remoto
Imagem: Myriam via Pixabay – CC
Segundo dados do Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea), entre os mais de 6 milhões de trabalhadores (as) domésticos (as) no Brasil, 92% são mulheres, em sua maioria negras (68%), de baixa escolaridade e baixa renda. Vários impactos e desafios vêm sendo enfrentados pela categoria durante a pandemia, como a impossibilidade de isolamento social, por ser a atividade considerada essencial nesse momento, e o trabalho informal, tendo em vista que apenas 28% dessas mulheres possuem carteira assinada e direitos assegurados. O tema será debatido em audiência pública da Comissão de Mulheres nesta terça-feira (27/4), às 10h, no Plenário Camil Caram, lembrando que a data também celebra o “Dia Nacional das Trabalhadoras Domésticas”. Para a requerente do encontro, vereadora Macaé Evaristo (PT), o dia é um marco de luta contra a crescente desvalorização das condições de trabalho, discriminação e violência, que permeiam a vida dessas trabalhadoras, especialmente no contexto da covid-19. Vereadoras e convidados participam remotamente da audiência, que terá transmissão ao vivo pelo Portal CMBH e possibilidade de envio de comentários, perguntas e sugestões pela população por meio de formulário eletrônico.
Para participar da audiência foram convidadas a representante do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas da Bahia, secretária geral da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas e militante do Movimento Negro Unificado, Creuza Maria Oliveira; a estudante de Direito e trabalhadora informal Josileila Cardoso de Souza; a gestora do Coletivo Tereza de Benguela, Renata Aline; a trabalhadora e diarista pelo Coletivo Tereza de Benguela Silvânia Maria Ferreira da Silva; a professora doutora e representante do Instituto Paulo Freire, Francisca Elenir Alves; a historiadora, happer e escritora Joyce da Silva Fernandes (Preta Rara); e representante da Marcha das Mulheres de BH.
Riscos de contaminação
Conforme explica o Departamento de Clínica Médica da UFMG, o risco dessas mulheres é acrescido de adquirir a infecção, pois ao trabalharem empregadas domésticas, principalmente faxineiras e diaristas, visitam residências de outras pessoas, aumentando o grau de exposição.
Desta forma, médicos da UFMG reafirmam a importância dos cuidados para minimizar o risco de contágio no local de trabalho, como manter um distanciamento social de uma pessoa para a outra, de pelo menos dois metros, com uso de máscara por todas as pessoas; e higienizar frequentemente as mãos, preferencialmente com o uso de álcool em gel 70%, ou mesmo com água e sabão. Além disso, é preciso evitar a comunicação verbal, já que gotículas respiratórias podem conter e transmitir o vírus. Outra medida é manter o ambiente ventilado.
Mas os cuidados não devem ser restritos ao ambiente de trabalho. Segundo especialistas, transportes coletivos representam o maior risco de contágio, que se amplia com a lotação do veículo.
Postos de trabalho
No que se refere ao impacto da pandemia no mercado de trabalho, o IBGE mostra que o trabalho doméstico foi o segundo setor mais atingido no país. Segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada em janeiro deste ano, 1,5 milhão de postos de trabalho doméstico foram perdidos de setembro a novembro de 2020. Entre as dez atividades econômicas avaliadas, o trabalho doméstico foi a segunda com maior perda (-24,2%), em comparação com o mesmo período de 2019, atrás apenas do setor de alojamento e alimentação (-26,7%).
Superintendência de Comunicação Institucional