POLÍTICA URBANA

Viabilização de Cersam em área de parque do bairro Betânia avança em 2º turno

Comissão recomenda rejeição de emenda que determina manutenção de áreas ocupadas por habitações populares

segunda-feira, 24 Novembro, 2025 - 17:15
área verde de parque de belo horizonte

Foto: Flickr PBH

Em reunião realizada nesta segunda-feira (24/11), a Comissão de Meio Ambiente, Defesa dos Animais e Política Urbana aprovou parecer sobre as emendas ao Projeto de Lei 9/2025. A proposição, de autoria do Executivo, busca definir os limites do Parque Jacques Cousteau, no bairro Betânia, Região Oeste da capital, afim de viabilizar a construção de um Centro de Referência em Saúde Mental (Cersam) na região. Wanderley Porto (PRD), que assina o parecer, recomendou a aprovação de uma emenda que determina a apresentação de Estudo de Impacto Socioambiental antes da fixação dos novos limites; e de substitutivo que estabelece o novo perímetro do parque por meio de descrição técnica e mapa. O parecer ainda recomenda a rejeição de emendas que determina que áreas ocupadas por habitações continuem destinadas à moradia; estabelece a realização de consulta pública; e a obrigatoriedade de apresentação de Plano de Proteção e Manejo. Tramitando em 2º turno, o texto passará agora pela Comissão de Administração Pública antes que possa ser votado pelo Plenário em definitivo. Confira o resultado completo da reunião.

Novo Cersam

O PL 9/2025 altera a Lei 7.431/1998 que dá o nome de Parque Jacques Cousteau ao horto florestal da Betânia, buscando estender a área do parque. Conforme justificativa do projeto, apesar de ter sido instituído em 1971, o parque ainda não possui seus limites definidos no ordenamento jurídico municipal, o que fragiliza sua proteção. Para o Executivo, a medida trará segurança jurídica para o local. Segundo o líder do governo na Câmara, Bruno Miranda (PDT), a intenção da Prefeitura de Belo Horizonte é viabilizar a construção de um Cersam na região.

Emendas

Ao longo da tramitação em 1º turno, o PL 9/2025 recebeu 10 emendas. Relator da proposição no colegiado, Wanderley Porto recomendou a aprovação das emendas 4 e 10. De autoria de Juhlia Santos (Psol) e Pedro Patrus (PT), a Emenda 4 acrescenta ao projeto um artigo determinando que o Poder Executivo apresente Estudo de Impacto Socioambiental antes da fixação definitiva dos novos limites do parque. Segundo o relator, a emenda representa um aprimoramento técnico necessário ao processo de alteração de unidade de conservação. Já o Substitutivo-Emenda 10, assinado por Bruno Miranda, altera o texto original do projeto, estabelecendo os novos limites do Parque Jacques Cousteau por meio de descrição técnica detalhada e mapa anexo. Para Wanderley Porto, a emenda confere “precisão técnica e segurança jurídica aos limites do parque”, além de “harmonizar-se com o planejamento urbano municipal”.

Em seu parecer, Wanderley Porto recomenda ainda a rejeição das emendas 1 a 3 e 5 a 9, assinadas por Juhlia Santos e Pedro Patrus. A Emenda 1 busca incluir no artigo 1º do texto a previsão de que áreas ocupadas dentro do perímetro original do parque continuarão destinadas à moradia, sendo incluídas em programas de urbanização e regularização fundiária. Para o relator, a medida afronta políticas ambientais e urbanísticas, além de comprometer a preservação de área verde protegida. “A regularização de ocupações em área destinada a parque contraria diretrizes de planejamento urbano sustentável”, afirma Wanderley Porto.

As demais emendas estabelecem a realização de consulta pública com a participação das comunidades diretamente afetadas; a elaboração de Plano de Proteção e Plano de Manejo participativo; determina a instalação de placas informativas em todos os acessos do parque; institui medida de compensação ambiental pela redução da área; e ainda abordam a origem dos recursos destinados as despesas de execução e altera o prazo de entrada em vigor da lei.

Opinião contrária

O parecer foi aprovado com dois votos a favor, um voto contra e uma abstenção. Luiza Dulci (PT) justificou seu voto contrário destacando a presença da ocupação Vila Maria, localizada próximo ao Parque Jacques Cousteau. A vereadora afirmou que o parecer desconsidera a maior parte das emendas apresentadas, e que elas tratam da participação social da comunidade não apenas da ocupação, mas também do entorno do parque. “Acredito que ouvir a comunidade, construir essa solução em conjunto, seria a melhor forma. Pensando também no plano de proteção, no plano de manejo dessa unidade de conservação, o meu voto será contrário ao parecer”, declarou Luiza Dulci.

Antes que possa ser apreciado pelo Plenário em definitivo, o PL 9/2025 ainda terá as emendas analisadas pela Comissão de Administração Pública. Para ser aprovado em 2º turno, o projeto precisará do voto favorável de 28 parlamentares.

Superintendência de Comunicação Institucional

39ª Reunião Ordinária Comissão de Meio Ambiente, Defesa dos Animais e Política Urbana