LAGOA DA PAMPULHA

CPI confirma que área assoreada na Enseada do Zoo continua sem solução

Em 2013 trecho foi aterrado para escoamento de resíduos. Empresa que realizou os trabalhos não desfez da estrada de serviço

terça-feira, 26 Março, 2024 - 15:15

Foto: Rafaella Ribeiro/CMBH

O trecho da Lagoa da Pampulha compreendido entre a Enseada do Zoológico e a sede da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) continua sofrendo com o assoreamento. A situação foi confirmada na manhã desta terça-feira (26/3), por integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) - Pampulha, durante visita técnica realizada ao local. Na ocasião, o relator do inquérito na Câmara Municipal, Braulio Lara (Novo), queixou-se da falta de solução por parte da Prefeitura e lembrou que o assoeamento constitui dano ao patrimônio, uma vez que a lagoa tem tombamento nos níveis estadual, federal e mundial. O secretário municipal de Obras e Infraestrutura, Leandro César Pereira, e o diretor de Águas Urbanas, Ricardo Aroeira, foram convidados para a agenda, mas não compareceram nem enviaram representantes. Os parlamentares lamentaram a ausência do Executivo Municipal e o presidente da CPI, Sérgio Fernando Pinho Tavares (PL), disse que todas as constatações observadas serão levadas ao relatório final, que deve ser encaminhado ao Ministério Público para apurações.

Contribuindo com o assoreamento

O Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Pampulha foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha/MG) em 1984, e em 1997 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Em 2016, o reconhecimento internacional veio com o título de  Patrimônio Mundial da Unesco, na tipologia Patrimônio Moderno.

Segundo Braulio Lara, além do dano ambiental, o assoreamento impacta diretamente o espelho d’água, que precisa ser preservado para que a cidade continue a deter o título da Unesco. “No momento em que a Prefeitura faz uma obra e deixa um monte de terra lá dentro, ela mesma está contribuindo com o assoreamento”, afirmou.

A obra a que o relator se refere trata-se de um contrato de desassoreamento feito em 2013, na gestão do ex-prefeito Marcio Lacerda, quando a Andrade Gutierrez esteve à frente dos trabalhos. Segundo Lara, naquela ocasião, as ‘estradas de serviço’ foram construídas para que o resíduo retirado do fundo da lagoa pudesse ser escoado por meio de caminhões. “Essas estradas tinham que ter sido retiradas quando acabou o contrato. Aqui deveria ser tudo espelho d’água”, disse o parlamentar ao caminhar pela via tomada de alta vegetação.

Encaminhamento ao MP

A lagoa tem ainda outras quatro estruturas semelhantes. Em fevereiro do ano passado parlamentares que integraram a primeira CPI da Lagoa da Pampulha, chegaram a percorrer o mesmo caminho feito na manhã de hoje. Na oacsião, quase não havia vegetação. Hoje, entretanto, as leucenas tomavam boa parte do aterramento.

Segundo o presidente da CPI, Sérgio Fernando Pinho Tavares, a falta de atuação da Prefeitura é preocupante, mas a investigação deve levantar o maior número de informações possível para que tudo seja encaminhado ao Ministério Público de Minas Gerais para apuração.  

Superintendência de Comunicação Institucional