SLU vai ampliar coleta seletiva porta a porta, com parceria de cooperativas
O órgão apresentou diversas mudanças na gestão do lixo em BH após aprovação de Plano Municipal. Foi defendido o fim da incineração
Foto: Bernardo Dias/ CMBH
Após aprovação do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, criado em 2017, a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) vem implementando mudanças na gestão de resíduos sólidos em Belo Horizonte. Para apresentar e discutir essas medidas, estimulando modelos populares de gestão como alternativas para a preservação do meio ambiente e geração de trabalho e renda, a Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana realizou audiência pública, na tarde desta quarta-feira (5/6). Na reunião, a SLU elencou mudanças como implantação da coleta seletiva porta a porta, a ser realizada por associações e cooperativas, incluindo trabalho educativo, além do recolhimento do lixo residencial. A Prefeitura também informou que está ampliando o número de pontos na coleta ponto a ponto, feita por caminhões. Na oportunidade, representantes de cooperativas, universidades e movimentos sociais cobraram do Legislativo a elaboração de projetos de lei, como proposta para coibir a incineração do lixo na capital, para o incentivo à redução da produção de lixo orgânico e para a reciclagem do lixo proveniente da poda de árvores na cidade.
Conforme relatou a assessora técnica da SLU, Lilian Silva Teixeira, o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos foi elaborado juntamente com todos os setores envolvidos. Com metas a curto, médio e longo prazo, a serem cumpridas até 2036, o Plano foi construído por meio de planejamento estratégico e será revisto a cada quatro anos. Para o projeto, são utilizados recursos do Fundo Municipal de Saneamento e do Ministério das Cidades. Segundo a SLU, já foram comprados equipamentos, sendo iniciado projeto piloto nos bairros Floresta e Colégio Batista, com a implantação da coleta porta a porta, por associações e cooperativas. Seis cooperativas foram credenciadas para o trabalho. Também foram instalados novos containers na cidade, e está sendo ampliado o número de pontos de 70 para 200.
Lixo orgânico
De acordo com a técnica, 50% do lixo residencial gerado pela população é orgânico, sendo desperdiçados 30% dos alimentos em todo o mundo. A política nacional determina que não sejam gerados tantos resíduos e que é preciso investir em educação ambiental nas escolas. Falou, ainda, sobre a compostagem na BR-040, onde foi feita a revitalização do galpão e do pátio. Com a desativação do aterro, o local pode ser transformado em espaço de lazer e convivência. Ela informou que foram adquiridos dois caminhões e que a coleta orgânica vem sendo feita por meio de sacolões, a serem transportados para a rodovia, para compostagem. Além disso, Teixeira contou que resíduos folhosos e de galhos, gerados pela poda de árvores em Belo Horizonte, estão sendo aterrados, avolumando a produção de lixo. Ela sugeriu a elaboração de projeto de lei que proponha a reciclagem desse lixo.
Estudos de caso
A pesquisadora da UFMG, Larissa Souza Campos, relatou o estudo de caso da Coopesol Leste no Bairro Floresta, onde é feita a coleta por catadores. Também elogiou a aprovação do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, visando à ampliação da coleta seletiva no Município. Thiago Lopes de Melo, da Spiralixo, contou a experiência desse coletivo no Aglomerado da Serra, criado em 2018, que trabalha com a reciclagem de resíduos orgânicos na capital. Marcelo Alves de Souza, do Observatório da Reciclagem Inclusiva e Solidária, apresentou novos modelos populares e locais para uma gestão integral e integrada de resíduos sólidos urbanos.
Nely Medeiros, do Fórum Lixo e Cidadania, falou sobre o problema do descarte do vidro na cidade, que oferece remuneração satisfatória, mas que chega às cooperativas triturado. Questionou, também, a forma do caminhão compactador fazer a coleta do vidro e sugeriu a elaboração de projeto de lei que incentive a redução da produção do lixo orgânico.
Alvo de manifestações na reunião, a incineração também foi criticada pelo diretor do Instituto Superior de Educação do Paraná (Insep), Luciano Marcos da Silva, que destacou que Minas Gerais é o primeiro Estado a proibir a queima de resíduos sólidos urbanos. Ele defendeu também a reciclagem e a reutilização do lixo residencial.
Encaminhamentos
O vereador Pedro Patrus (PT) deliberou sobre a realização de reunião para a elaboração de projetos de lei relativos à gestão de resíduos sólidos e sobre a criação de Frente Parlamentar para discutir o tema com cooperativas, universidades e movimentos sociais. Também será encaminhado aos órgãos competentes pedido de informação sobre o Projeto Parque das Águas, na Região do Barreiro, conforme solicitado pelos presentes, que se pronunciaram sobre o projeto na audiência.
Assista ao vídeo da reunião na íntegra.
Superintendência de Comunicação Institucional