Tragédia no Barreiro repercute em Plenário; vereadores cobram investigação
Audiência pública, moção e CPI estão entre os instrumentos propostos para apurar acidente de ônibus que gerou cinco mortes
Foto: Karoline Barreto/ CMBH
A precariedade e o alto custo do transporte público coletivo voltaram à pauta no Legislativo, diante do grave acidente de ônibus ocorrido na última terça-feira (13/2), que provocou a morte de cinco pessoas na região do Barreiro. Conforme noticiado pela mídia local, testemunhas afirmam que o ônibus teria perdido o freio, o que ocasionou a queda do veículo em um córrego. Preocupados com a aparente falta de manutenção e a desinformação sobre os contratos, despesas e lucros das empresas concessionárias do transporte público, alguns vereadores defenderam a convocação dos gestores responsáveis para investigar o caso. O tema foi debatido em reunião plenária, na tarde desta quinta-feira (15/2). O crescimento do carnaval na cidade, além dos investimentos e problemas verificados na festa também estiveram em destaque. Os projetos em pauta não foram apreciados por falta de quórum.
“Precisamos nos indignar mais. Precisamos nos mobilizar”, alertou o vereador Rafael Martins (MDB). “Pagamos a passagem mais cara do país para ter ônibus sem freio?”, questionou o parlamentar, afirmando que “as empresas não podem continuar dando as cartas na cidade”. O vereador alertou que tem percebido a suposta resistência de alguns parlamentares em debater o tema e enfrentar o sindicato das empresas.
Nessa perspectiva, o vereador Wesley Autoescola (PHS) anunciou que apresentará uma moção à BHTrans e à empresa Transoeste Ltda, cobrando a devida apuração do acidente e assistência integral às vítimas e seus familiares. Também o vereador Juliano Lopes (PTC) defendeu que o proprietário da Transoeste Ltda. “venha a público e se manifeste” sobre o ocorrido.
O vereador Jair Di Gregorio (PP) destacou que, conforme estabelecido pela BHTrans, a revisão integral do veículo deve ser feita a cada seis meses, e que uma audiência pública poderia esclarecer o fato. O parlamentar defendeu a audiência como uma medida inicial, antes de buscar alternativas mais incisivas, como uma possível CPI.
Caixa preta do transporte
“É bom fazer uma moção e uma audiência pública na comissão, mas elas não são suficientes”, afirmou o vereador Gilson Reis (PCdoB), destacando que é preciso coragem para aprofundar o debate e investigar a fundo o sistema de transporte coletivo e os contratos com as empresas concessionárias. “Vamos instalar uma CPI. Precisamos investigar a morte dessas cinco pessoas. Se isso não cria indignação, o que criará?”, questionou o vereador. “Se o prefeito não abriu a caixa preta, os vereadores precisam abrir”, concluiu.
Apoiando a iniciativa da CPI, o vereador Gabriel (PHS) lembrou que a abertura da caixa preta do transporte foi promessa de campanha do prefeito Alexandre Kalil, mas que esta “segue lacrada”. Pedro Patrus (PT) defendeu também a criação da CPI, destacando que suas recentes iniciativas de investigar os contratos para veiculação de mídias publicitárias nas traseiras dos ônibus e de acompanhar o processo de auditoria das empresas concessionárias foram barradas pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Transporte e Sistema Viário.
Pedro Bueno (Pode) defendeu um projeto de lei de sua autoria que propõe a sistematização do processo de auditoria das contas e tabelas de custos das empresas concessionárias, destacando que a medida favoreceria o acompanhamento público dos investimentos, despesas e lucros das empresas, permitindo a avaliação da real necessidade de reajustes nos preços das passagens.
Balanço do carnaval
“É inegável que o crescimento da festa do carnaval em BH veio acompanhado de melhorias na gestão pública. Veio acompanhado de investimentos na Secretaria Municipal de Cultura e outros órgãos envolvidos. Mas houve problemas, infelizmente, associados à conduta da Polícia Militar, que agiu com truculência, repressão e violência”, denunciou a vereadora Áurea Carolina (Psol), destacando uma “postura discriminatória” da corporação, que agiria de forma diferente e mais abusiva nas regiões periféricas da capital. A parlamentar lamentou o ocorrido no final do desfile do bloco Filhos de Tcha Tcha, no território de ocupações urbanas no Barreiro, quando foliões e moradores teriam sido agredidos e dispersados com bombas de gás e balas de borracha.
A vereadora Cida Falabella (Psol) fez coro ao depoimento, lembrando que o carnaval de rua de BH foi retomado há nove anos, “exatamente em resposta a uma gestão que não queria que as pessoas ocupassem as ruas”. Nessa perspectiva, a vereadora defendeu que “o que mantém o carnaval não são os patrocinadores” e investimentos eventuais, “mas a luta popular”, que denuncia os problemas sociais e as desigualdades sensíveis na cidade.
Superintendência de Comunicação Institucional