Entidades pedem mais investimento em rádios comunitárias de BH

A Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo da Câmara Municipal de Belo Horizonte promoveu, na manhã desta terça-feira (4/11), o seminário “Rádios Comunitárias, Escolares e Web: Sinergias e Desafios para a Transformação Social”, que reuniu comunicadores, educadores e representantes de entidades ligadas ao setor para debater o papel desses veículos na democratização da comunicação e no fortalecimento das comunidades locais. O evento contou com dois painéis que trouxeram um raio-x das rádios comunitárias no país e a necessidade de maior apoio do poder público. A vivência de dois projetos desenvolvidos em escolas estaduais de nível médio da capital também integrou a programação, mostrando a rádio escolar como importante aliada no protagonismo jovem. Os participantes concordaram com a necessidade de maior investimento por parte de todas as esferas de governo, e o vereador Edmar Branco (PCdoB), proponente do evento, propôs a criação de um fórum metropolitano permanente para tratar do tema, além da elaboração de um projeto de lei municipal que possibilite parcerias institucionais e maior apoio às rádios comunitárias e escolares de BH.

Mais de 80% da população ouve rádio

O presidente da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço Brasil), Geremias dos Santos, ressaltou a relevância do rádio como meio de comunicação popular, e defendeu o fortalecimento de políticas públicas voltadas ao setor. Segundo ele, as rádios comunitárias cumprem um papel social fundamental ao defenderem os direitos humanos sob a ótica da criança, do idoso e da educação, dentre outros.

Geremias também destacou dados que comprovam a força do rádio: segundo pesquisa da Kantar Ibope Media (2022), 83% da população brasileira ouve rádio regularmente, e cada ouvinte dedica em média quase quatro horas por dia ao meio. Ele defendeu a convocação da 2ª Conferência Nacional de Comunicação, e a criação de editais que integrem as rádios a políticas de educação, saúde e direitos humanos.

Representando a Abraço BH, José Guilherme destacou a importância de compreender a comunicação como um processo em constante transformação. “Nenhum meio substitui o outro, eles se somam. Hoje temos a comunicação nas mãos, no celular. Quando fazemos rádio comunitária, não estamos apenas fazendo rádio, estamos ajudando a construir um mundo melhor”, afirmou.

Protagonismo jovem

No painel de experiências locais, o professor Cristian Henrique, do Grupo de Comunicação e Jornalismo da Escola Estadual Carlos Drummond de Andrade, no bairro Floramar, apresentou o trabalho desenvolvido por meio dos clubes de protagonismo juvenil. O projeto, que tem atualmente a participação de 200 alunos, busca combater a evasão escolar, reduzir a violência e fortalecer a imagem da escola.

“Percebemos que só os próprios alunos poderiam mudar a forma como a escola era vista. A comunicação aproximou a comunidade e aumentou a autoestima dos estudantes”, relatou o professor.

O professor Bruno, da web-rádio Professor Neidson Rodrigues, do bairro Conjunto Paulo VI, contou que a iniciativa surgiu em 2023, também a partir do protagonismo estudantil. Na escola, os alunos produzem, editam e divulgam conteúdos sobre a instituição e a comunidade. “Ainda estamos no início, mas esse convite para estarmos aqui hoje já mostra um reconhecimento do que vem sendo feito”, disse.

Fórum e grupo de trabalho

Ao final do seminário, o vereador Edmar Branco anunciou encaminhamentos para a criação de um fórum metropolitano permanente de discussão sobre rádios comunitárias e escolares. O parlamemtar também propôs a formação de um grupo de estudos para elaborar um projeto de lei municipal que fortaleça essas rádios por meio da veiculação de campanhas institucionais, como as de vacinação; e a solicitação de reunião com o Ministério das Comunicações para tratar do tema.

Superintendência de Comunicação Institucional