CUIDADO HUMANIZADO

Terapia do riso e capacitação de profissionais são defendidas em audiência

Alunos do 9º ano do Colégio Santa Marcelina sugerem projeto de lei que busca o reconhecimento da palhaçaria terapêutica

quarta-feira, 29 Outubro, 2025 - 18:15
Vereadores e convidados no Plenário Helvécio Arantes

Foto: Denis Dias/CMBH

Humanizar o ambiente, reduzir o estresse e a ansiedade, fortalecer vínculos entre pacientes, acompanhantes e profissionais da saúde. Estes foram alguns dos benefícios da palhaçoterapia apontados por pesquisadores, médicos e terapeutas do riso em audiência pública realizada pela Comissão de Saúde e Saneamento nesta quarta-feira (29/10). O encontro, requerido por Cláudio do Mundo Novo (PL), buscou discutir a importância de políticas públicas de humanização em hospitais, Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) e nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Alunos e professores do Colégio Santa Marcelina apresentaram o projeto Sorrisos que Curam: a Prescrição mais Feliz do Mundo, que deu origem a uma minuta de projeto de lei que pretende reconhecer oficialmente a palhaçoterapia e incentivar a capacitação dos agentes. A deputada estadual Chiara Biondini afirmou que realizará uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para discutir o assunto. A Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) também se dispôs a contribuir com o debate e com uma legislação municipal que regulamente a palhaçoterapia.

Relevância da palhaçaria terapêutica

Cláudio do Mundo Novo destacou que o trabalho dos chamados palhaços de hospital é uma ferramenta poderosa de humanização em um momento difícil na vida de qualquer pessoa, que é a hospitalização. O vereador ressaltou também que a terapia do riso torna esses espaços mais acolhedores, o que justifica o debate e demonstra a necessidade de se reconhecer o valor desse trabalho.

“É um trabalho sério e comprometido que tem transformado muitas vidas. Além de valorizar esse trabalho, é importante refletir sobre a preparação e a qualificação dos profissionais que atuam como palhaços de hospitais”, declarou Cláudio.

O parlamentar afirmou então que para construir caminhos que fortaleçam essa prática e assegurem a sua continuidade com uma “política pública sólida e bem-estruturada”, é preciso pensar em como garantir que esses voluntários estejam preparados para lidar com o ambiente hospitalar e “que tipo de formação e acompanhamento institucional pode ser oferecido para que esse trabalho continue sendo realizado com segurança, ética e sensibilidade”.

Sorrisos que curam

A coordenadora pedagógica do Colégio Santa Marcelina, Maria Luiza Borges, apresentou o projeto Cidadania, desenvolvido pela instituição de ensino e que chegou à sua 21ª edição neste ano. Segundo Maria Luiza, a atividade é “uma experiência que integra teoria e prática, fé e ciência, e convoca cada um de nós a articular discursos e ação”. Uma das ações apresentadas nessa atividade foi o Sorrisos que Curam: a prescrição mais feliz do mundo, criado pelos alunos do 9º ano do colégio. O projeto reconhece a palhaçaria terapêutica como prática complementar de saúde em Belo Horizonte, com base em evidências sobre os benefícios do humor e do afeto no bem-estar físico e emocional.

De acordo com Maria Luiza, o projeto ainda propõe “integrar a atuação dos palhaços aos serviços públicos de saúde em hospitais e territórios comunitários como agentes de humanização do cuidado”. Essa iniciativa dos alunos inclui a proposta de um projeto de lei, apresentado ao vereador Cláudio do Mundo Novo, que reconhece a palhaçoterapia, estimula formações, parcerias intersetoriais e políticas públicas de promoção da saúde por meio do riso e da empatia.

Aluno do Colégio Santa Marcelina, Lucas Santos Gomes destacou a importância dos processos de formação dos palhaços de hospital, já que estes agentes precisam lidar com pessoas em diferentes tratamentos e estágios de doenças. “Em meio a um ambiente de remédio e lágrimas, a palhaçoterapia traz a humanidade. Mesmo que ela não traga um tratamento completo, ela traz algo que somente a medicina não alcança: a felicidade”, declarou Lucas.

Riso como forma de cuidado

A analista de relações institucionais do Hospital Paulo de Tarso, Elaine Patrícia Ávila, destacou que as ações de humanização, como a palhaçaria hospitalar, “são fundamentais para o desenvolvimento integral do bem-estar dos pacientes”. Elaine reforçou ainda que nesse contexto o riso se torna uma forma de cuidado, e citou os benefícios que a prática traz.

“As ações de palhaçaria vão muito além do momento de alegria. Elas humanizam o ambiente hospitalar, reduzem o estresse e a ansiedade e fortalecem vínculos entre pacientes, acompanhantes e profissionais de saúde. Diversos estudos comprovam que o humor e arte estimulam a liberação de endorfina e favorecem o sistema imunológico promovendo uma recuperação mais saudável, podendo inclusive reduzir o tempo de internação do paciente”, disse Elaine.

O coordenador artístico da Sociedade do Riso Unimed, Rodrigo Hildebrand Roblerio, também ressaltou que a palhaçoterapia não é apenas para os pacientes, mas também para o acompanhante, para a equipe de saúde e a equipe institucional. “E mais, se a gente pensar nesses jovens [alunos do Colégio Santa Marcelina] que foram tocados por esse trabalho, o bem-estar é causado inclusive naqueles que tem informação sobre a boa ação”, completou Rodrigo. O coordenador artístico ainda esclareceu que a Sociedade do Riso tem uma pesquisa sobre a influência do trabalho de palhaços com idosos que estão em lares e instituições de longa permanência.

“A gente viu como isso funciona com uma mudança de postura corporal, uma mudança no olhar, melhora na qualidade de comunicação, de socialização, de colaboração com a equipe médica e institucional. A função do médico é por natureza olhar o lado enfermo, não esquecendo do lado sadio, e a função dos palhaços é olhar o lado sadio, não esquecendo do lado enfermo”, declarou Rodrigo.

Encaminhamentos

Presente na audiência, a deputada estadual Chiara Biondini parabenizou os alunos do Colégio Santa Marcelina e ressaltou a importância da palhaçoterapia que, segundo ela, “leva esperança, leveza e alegria para as pessoas”. Chiara colocou o seu mandato à disposição e afirmou que abrirá o espaço na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para uma audiência pública sobre o tema. Representando a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), Miriam Maria Chaves também afirmou que órgão estará à disposição “para contribuir com o debate e pensar em legislação municipal que regulamente essa prática e valorize estes profissionais”.

Superintendência de Comunicação Institucional

Audiência para debater quais são as ações e políticas públicas existentes de humanização no ambiente hospitalar através do humor - 37ª Reunião Ordinária - Comissão de Saúde e Saneamento