Vereador Henrique Braga, ex-chefe do Detran e advogado foram ouvidos nesta manhã
Oitivas do denunciante encerram primeira fase dos trabalhos. Comissão ouve agora testemunhas de Wellington Magalhães
Foto: Bernardo Dias/CMBH
Com os depoimentos do vereador Henrique Braga (PSDB), do advogado Mariel Marra e da ex-chefe do Detran/MG, Rafaela Gigliotti, foi encerrada na manhã desta terça-feira (15/10) a primeira parte dos trabalhos da Comissão Processante que apura a denúncia de quebra de decoro apresentada contra o vereador Wellington Magalhães (DC). Segundo o vereador Preto (DEM), que preside a Comissão, com o encerramento das oitivas indicadas pelo denunciante - vereador Mateus Simões (Novo) - o colegiado passará a ouvir as testemunhas arroladas pelo vereador Wellington Magalhães.
Nos depoimentos desta manhã, o vereador Henrique Braga confirmou que a situação financeira e jurídica da Câmara estariam irregulares quando assumiu a presidência da Casa (biência 2017-2018); o advogado Mariel Marra relatou sentimento de intimidação por parte de funcionários do vereador Wellington Magalhães durante processo de cassação instaurado no ano de 2018; e a ex-chefe do Detran atribuiu sua saída do cargo a ato de retaliação por parte do vereador denunciado.
Além da advogada do vereador Wellington Magalhães, Amanda Torquato, estiveram presentes à oitiva os vereadores Elvis Côrtes (PHS), Maninho Felix (PSD), Mateus Simões e Preto (DEM).
Intimidação, déficit e irregularidades
Os depoimentos das três testemunhas desta manhã apontaram para um ponto comum: a ameaça e a intimidação, que teriam se apresentado em diferentes formas. Primeira testemunha a ser ouvida, o advogado Mariel Márley Marra contou que durante o processo de cassação instaurado contra o vereador Wellington Magalhães, em 2018, e no qual atuou como denunciante, sentiu-se intimidado quando teria sido filmado por pessoas que se posicionaram atrás do local em que se sentava durante as reuniões. Segundo o advogado, ao postar em suas redes sociais a foto da pessoa que o filmava, teve a informação de que se tratava de um funcionário (Guilherme Ribeiro dos Santos) do vereador Wellington Magalhães. Incomodado com a situação, o advogado contou que, à época, chegou a pedir para ter seu lugar trocado na mesa, e uma equipe da Câmara passou a acompanhá-lo até o carro, após as reuniões.
Também relatando episódios de ameaças, via mensagens de celular, o vereador Henrique Braga contou que se sentiu intimidado quando, ao assumir a presidência da Câmara, exonerou funcionários do vereador Wellington Magalhães que compunham o gabinete. Perguntado sobre qual era a situação da Câmara quando se tornou presidente, Braga disse que encontrou uma difícil situação econômica e jurídica. “Quando assumi definitivamente, no dia 1º de janeiro (de 2017), eu descobri um déficit de R$ 28 milhões e inúmeras irregularidades” revelou o vereador, citando que o que mais estranhou foram dois aditivos seguidos no contrato com a então TV Câmara, em que os valores seriam dobrados de um mês para o outro.
Perguntado se tinha conhecimento que Wellington Luis e Guilherme Ribeiro eram do grupo do vereador Wellington Magalhães, o parlamentar confirmou que sim, que os via com frequência na Casa, e que tinha conhecimento que ambos já haviam se envolvido em episódios de brigas na Câmara. Antes de encerrar seu relato, ao ser indagado a respeito da influência que Wellington Magalhães estabelecia sobre outros parlamentares da Casa, o ex-presidente confirmou acreditar que essa relação existe, e que isso teria ficado claro no dia da votação do processo de cassação de Wellington, quando este teria chamado diversos parlamentares no espaço reservado do Plenário, conhecido como “Casa da Dinda”.
Retaliação
Última testemunha ouvida nesta manhã, a ex-chefe do Detran Dra. Rafaela Gigliotti, relatou que durante o tempo em que ocupou a vice-presidência do Detran/MG (Dra. Andréa Vacchiano era a presidente) presenciou várias intervenções vindas do chefe de Polícia, que estaria cumprindo um papel por orientação do Governo do Estado, na intenção de colocar na Divisão de Registro de Veículo uma pessoa indicada para chefiar a seção de vistoria. “Não foi uma, nem duas vezes. A Dra. Andréa resistiu enquanto ela pôde. O chefe de Polícia resistiu enquanto ele pôde. E essa era uma pessoa imposta pelo então vereador Wellington Magalhães”, contou, lembrando que em determinado momento a chefe do Detran foi apenas comunicada que esta pessoa iria assumir a seção.
Ainda em seu relato, Dra. Rafaela Gigliotti disse que, quando assumiu a presidência do órgão, continuou o trabalho que vinha sendo feito pela Dra. Vacchiano, envolvendo mudanças nas bancas examinadoras e revisão dos contratos, com foco no combate aos casos de corrupção no Departamento, e que isso teria desagradado determinados setores, o que culminou em sua exoneração do cargo. Ao encerrar seu depoimento, a ex-chefe do Detran relatou o prejuízo profissional que essas ocorrências tiveram em sua carreira, quando, ao deixar a chefia do Detran, mesmo tendo 18 anos de serviços prestados ao órgão, foi transferida para um local onde sequer tinha "uma folha de papel para despachar. Isso acabou comigo”, desabafou.
Assista ao vídeo da reunião na íntegra
Superintendência de Comunicação Institucional