"Pela Vida das Mulheres" vai discutir violência, mercado de trabalho e espaço urbano
Evento foi proposto pela Comissão de Mulheres e tem como temas feminicídio, mobilidade urbana e geração de renda das mulheres
Foto: George Campos / USP Imagens
A Comissão de Mulheres da Câmara Municipal promove, no dia 30 de setembro, às 9h, no Plenário Amynthas de Barros, o Seminário “Pela Vida das Mulheres”. O evento tem como finalidade discutir com especialistas e movimentos sociais os temas a violência contra a mulher, em especial o feminicídio; a geração de renda e economia das mulheres; além de mulheres e mobilidade urbana. Segundo o requerimento que trata da realização do seminário, o evento “se justifica pela verificação do aumento dos índices de feminicídio em Belo Horizonte, pela necessidade de discutir alternativas de trabalho e geração de renda para as mulheres, além de questões relativas ao acesso das mulheres ao espaço urbano, incluindo o combate ao assédio no transporte coletivo e no ambiente urbano de forma geral.” Confira a programação completa e inscreva-se!
Violência e feminicídio
Um dos assuntos a serem tratados no seminário, o feminicídio teve um aumento considerável em Belo Horizonte em 2019. Segundo dados da Polícia Civil, o aumento gira em torno de 250% entre janeiro e julho, se comparados aos números de 2018. No ano passado foram registrados dois casos de feminicídio nos sete primeiros meses e em 2019 este número saltou para 7, com uma média de 1 por mês. Foram registrados de março de 2015 a julho deste ano 54 feminicídios. Os números em Minas Gerais são ainda mais alarmantes e vêm subindo todos os anos. De 122 crimes registrados em 2015, chegou a 160 em 2018.
Para debater o tema, a Comissão de Mulheres convidou para compor uma das mesas de trabalho, representantes do centro de apoio à mulher da Prefeitura de Belo Horizonte Benvinda, do grupo de Estudos sobre Gênero, Estado e Diversidade da Fundação João Pinheiro e da Casa de Referência da Mulher Tina Martins.
Geração de Renda
Apesar de terem aumentado nos últimos anos, o salário e a renda das mulheres ainda são muito inferiores aos dos homens, o que faz do tema importante assunto a ser tratado também durante o seminário. Para debater o tema e fazer parte da segunda mesa do seminário, foram convidados representantes da primeira aceleradora e desenvolvedora de empreendedorismo favelada do Brasil, a Fa Vela, e da Coopesol Leste, cooperativa de catadores de materiais recicláveis.
Mesmo com mais escolaridade e maior expectativa de vida, a renda das mulheres é 42,7% menor que a dos homens. Um problema que atinge quase todos os países do mundo. Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD de 2018, a renda das mulheres foi de US$ 10.073 contra US$ 17.566 dos homens. A pesquisa, feita pelo órgão da ONU, mostra ainda que no Brasil as diferenças entre homens e mulheres refletem diretamente na qualidade de vida. O Índice de Desenvolvimento Humano, medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento, mostra que há no Brasil um país para os homens e outro para as mulheres. O IDH dos homens brasileiros é de 0,761, enquanto o das mulheres é de 0,755. O índice tem uma escala de 0 a 1. Em levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, também em 2018 com a população de 25 a 49, o rendimento das mulheres foi de R$ 2.050, enquanto os homens receberam R$ 2.579. Uma diferença de 20,5%.
Mobilidade
A mobilidade urbana também é um tema que afeta especialmente as mulheres. A importunação, o assédio e a violência são alguns dos problemas enfrentados com frequência no dia a dia por elas, o que muitas vezes afasta as mulheres do transporte coletivo. Apesar de avanços, o sistema público de transporte ainda é planejado sem levar em consideração necessidades específicas das mulheres. Segundo dados de pesquisa realizada pela WRI Brasil Cidades Sustentáveis, instituição global que trabalha para a sustentabilidade e melhoria da qualidade de vida nas grandes cidades, os índices de satisfação em relação ao transporte coletivo são menores entre as mulheres se comparados aos dos homens. Ainda segundo a WRI, no Brasil as mulheres se deslocam também por mais razões do que os homens. Os homens, na maior parte das vezes, saem para o trabalho enquanto as mulheres, além do trabalho, vão com frequência a escolas, supermercados, creches, farmácias, lojas e postos de saúde. Afazeres ligados a funções domésticas têm forte influência sobre o deslocamento das mulheres, aumentando a necessidade de viagens delas.
Durante o seminário, o assunto será tratado por representantes da Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas, dos movimentos Nossa BH e Tarifa Zero, e Grupo de Trabalhos de Mulheres do BH em Ciclo.
Para a mesa de abertura foram convidados as deputadas estaduais da Comissão de Defesa dos Direitos das Mulheres da ALMG, Ana Paula, Andreia de Jesus, Beatriz Cerqueira, Leninha e Marília Campos; Viviane Coelho, do Conselho Municipal de Direitos da Mulher; a delegada Isabella Franca, da Divisão Especializada de Atendimento à Mulher, ao Idoso e à Pessoa com Deficiência e representantes da Diretoria de Políticas Públicas para Mulheres da Prefeitura de Belo Horizonte e do Grupo de Combate a Importunação Sexual da Guarda Municipal de BH.
Superintendência de Comunicação Institucional