SANEAMENTO

Alagamentos e esgoto a céu aberto levam risco a moradores do Paulo VI

Em visita técnica, cominidade recebeu a Comissão de Meio Ambiente, que cobra obras de infraestrutura da PBH e da Copasa

quinta-feira, 8 Março, 2018 - 15:15
Vereador, convidados e moradores descem rua íngreme, em terra batida

Foto: Rafa Aguiar/ CMBH

Convivendo com a falta de infraestrutura de saneamento há quase 40 anos, moradores do Bairro Paulo VI, na região Nordeste, têm visto o problema se agravar com o crescimento populacional na região. Em meio a trechos bastante íngremes, sem pavimentação nas ruas, sem calçadas delimitadas ou mesmo redes para escoamento das águas de chuva, a comunidade que vive nas proximidades das ruas Amaranto Verde e Alfavaca tem sofrido mais fortemente os impactos da desassistência. A comunidade questiona a ausência de um sistema de saneamento para captação do esgoto das casas e a grande dificuldade de acesso de ambulâncias aos locais de aclive acentuado, denunciando graves danos à saúde e ao meio ambiente. A situação foi avaliada pela Comissão de Saúde e Saneamento em visita técnica ocorrida nesta quinta-feira (8/3), por requerimento do vereador Edmar Branco.

“Subo e desço isso aqui pelo menos quatro vezes por dia. Muitas vezes, cheia de sacolas pesadas”, alertou Ronilda Mara, moradora da região há cerca de 20 anos, destacando que é necessário cruzar o trecho mais íngreme da Rua Amaranto Verde para acessar a parte comercial do bairro, onde se encontram farmácias, padarias e supermercados. Sem cobertura asfáltica ou qualquer tipo de calçamento, são cerca de 200 metros de forte aclive em chão de terra batida. Para minimizar o risco de acidentes e quedas, os moradores contam que despejaram pedaços de pedras, entulho e outros materiais de construção, que oferecem algum atrito para facilitar a caminhada.

Autor do requerimento para a visita, o vereador Edmar Branco (Avante) explica que a região era toda de terra batida, até que, há cerca de 15 anos, a maior parte das ruas foi pavimentada pela Prefeitura. No entanto, a intervenção foi feita sem a construção da rede de drenagem. Diante disso, sem opções de escoamento, as águas das chuvas percorrem o bairro por cima das ruas e atingem os trechos mais baixos com grande força e volume, ocasionando alagamentos constantes.

Saúde e meio ambiente

“A gente precisa ser reconhecida como ser humano. Quando chove aqui, ninguém sai de casa. Alaga tudo. E ainda precisamos conviver com o fedor do esgoto aberto, ratos, escorpiões e doenças”, denunciou a moradora Camila Gomes, que vive na região há cinco anos.

Sem infraestrutura adequada nas ruas Amaranto Verde e Alfavaca, os moradores explicam que precisam lançar seus dejetos na rede de água fluvial. Assim, o esgoto corre a céu aberto, bem próximo às casas, favorecendo a proliferação de doenças e agravando os riscos ao meio ambiente, uma vez que polui os córregos e rios que passam pela região. Apenas em um dos trechos visitados, foram apontadas três nascentes de água limpa que se misturam ao esgoto das casas.

Perspectivas

Representando a Copasa, Saulo Ribeiro afirmou que existe um projeto de saneamento já aprovado para o local, no entanto, a entidade estaria aguardando a contrapartida da Prefeitura para execução as obras. De acordo com a Copasa, é necessário que as intervenções de drenagem e pavimentação (de responsabilidade da Prefeitura) sejam feitas ao mesmo tempo em que as instalações da rede de saneamento.

Diante disso, a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) também afirmou que já existe um projeto de pavimentação e drenagem para a região desde 2005, que foi atualizado em 2011, mas está paralisado desde então. Representando a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, o engenheiro Rosemar Gea destacou que, caso as intervenções entrem na pauta prioritária do governo, seria necessário revisar novamente o projeto, atualizá-lo conforme os novos parâmetros, e readequar a previsão orçamentária que, em 2011, era de R$ 1,3 milhão.

“Precisamos resolver esse problema, que já está se arrastando há muito tempo. São mais de 100 famílias convivendo com essa falta de infraestrutura”, afirmou o vereador Edmar Branco, garantindo que fará uma reunião diretamente com o secretário de Obras e Infraestrutura, Josué Valadão, e os gestores da Copasa, para que se chegue a uma solução o mais breve possível. O parlamentar destaca que a situação já havia sido questionada também pelo Ministério Público, que havia acordado com a Prefeitura a solução do problema até 2018. “Esse é mais um dos instrumentos que vamos acionar para cobrar medidas do Poder Executivo”, garantiu.

Superintendência de Comunicação Institucional

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