Mudanças na organização das Emeis preocupa pais e professores
Estiveram em debate, a rede conveniada, a redução de horários e a colocação de turmas infantis em escolas de ensino fundamental
Foto: Heldner Costa/ CMBH
A ideia de que “lugar de criança é na escola” parece ser consenso entre profissionais da educação, gestores públicos do setor, parlamentares e a grande maioria da população. As divergências surgem quando se discute como viabilizar a presença de todas as crianças na escola. Audiência pública realizada pela Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo, na última quinta-feira (30/05), discutiu as alterações na organização das Escolas Municipais de Educação Infantil (Emeis) e a presença de turmas de Educação Infantil nas escolas de ensino fundamental de Belo Horizonte. A atividade foi requerida pelo vereador Álvaro Damião (DEM).
Diante de dezenas de educadores, que acompanhavam a reunião, a vereadora Cida Falabella (Psol) abriu o debate apontando as inúmeras dificuldades que a Educação enfrenta no país: falta de material didático e profissional, falta de perspectiva e falta de recursos. “Falta muita coisa e ainda temos que conviver com cortes”, lamentou. Para a vereadora, a educação pública no país “é alvo ideológico, é alvo empresarial. E está sendo alvo de um grande desmonte”. Nesse contexto, “o papel do Legislativo é fazer a ponte para as demandas que surgem”, afirmou.
Em relação à exclusão de turmas de tempo integral, a professora Maria Antonieta Viana, do Conselho Municipal de Educação, afirmou que a redução de horário não foi uma política efetiva, mas uma medida com o objetivo de colocar todas as crianças entre quatro e cinco anos na escola. “Política Educacional tem avanços e retrocessos”, esclareceu a conselheira.
A representante de pais e alunos, Sabrina Mori, reclamou que as políticas públicas para a educação não estão atendendo às demandas das famílias. Segundo ela, é preciso enfrentar a burocracia do cadastramento para conseguir uma vaga e, muitas vezes, não se consegue, em virtude da diferença da faixa etária dos filhos. Mori alertou para o impacto dessas mudanças na rotina dos pais, contando que, recentemente, perdeu uma oportunidade de emprego porque não conseguiu vaga em tempo integral para os filhos.
A representante do Fórum Mineiro de Educação Infantil, Ângela Barreto, reconheceu que existem problemas em relação a vagas e, para tentar equacionar a questão, foi elaborado um plano denominado Estratégia de Busca Efetiva. “Existem vagas. Mas, muitas vezes, não no horário ou na faixa etária que uma família precisa. E é isso que o plano pode resolver”, concluiu.
Recursos e investimentos
O debate sobre a prioridade no direcionamento dos recursos entre a rede própria (pública) e a rede parceira (privada) está entre os pontos polêmicos da educação na capital. Diante dos questionamentos, o presidente do Movimento Luta Pró Creche, Wanderson Mourão, defendeu que a rede parceira não é concorrente da rede própria, e que “os investimentos em creches não concorrem com os investimentos em educação.” Segundo ele, as atividades são complementares e atendem a um número significativo de crianças.
A diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (SindRede), Evangely Rodrigues, defendeu mais investimentos para contemplar as escolas públicas em todas as suas demandas. “Escola não é só um prédio”, alertou, lembrando todas as ações e projetos a serem desenvolvidos. Segundo ela, é preciso a realização de um novo concurso público para suprir as necessidades existentes em toda a rede escolar da capital.
A secretária Municipal de Educação, Ângela Dalben, reconheceu a necessidade de esclarecer todas as questões e afirmou que, apesar das dificuldades orçamentárias, muita coisa já foi realizada na sua gestão: melhorias nos espaços físico das escolas, formação de professores e parcerias com universidades, as creches conveniadas, a criação do Fórum de Diretores e uma constante preocupação com a carreira do professor. “O que conseguimos até agora é motivo de um orgulho extraordinário. E muito se deve à sensibilidade do prefeito para com a Educação”, destacou.
Segundo a secretária, sua gestão se pauta pelas determinações dos órgãos responsáveis pela Educação em todos os níveis – federal, estadual e municipal. E que seu lema é “toda criança na escola”. Ângela Dalben lembrou que “está (no cargo de) secretária, mas nunca deixei de ser professora. Conheço bem as redes educacionais”.
Debate
Diante da fala da secretária, manifestantes anunciaram discordância sobre a afirmação de que Belo Horizonte seria referência no ensino e sobre a sensibilidade do prefeito em relação à Educação.
A professora Vanessa Portugal, também diretora do SindRede, apontou as dificuldades de muitas famílias em realizar o cadastro escolar, embora reconhecendo a importância do cadastro como instrumento de planejamento. A educadora criticou a atual administração municipal que diz que “a Educação em Belo Horizonte está muito bem. E não está”.
Também participaram da audiência os vereadores Léo Burguês de Castro (PSL), Arnaldo Godoy (PT), Gilson Reis (PCdoB) e Edmar Branco (Avante).
Assista ao vídeo da reuniaão na íntegra.
Superintendência de Comunicação Institucional