SEGURANÇA PÚBLICA

Comunidade cobra instalação de unidades dos órgãos de segurança no Bairro Prado

Guarda Municipal aguarda cessão do imóvel e PM busca local para a base; conselho sugere conferência municipal de segurança pública

quarta-feira, 27 Agosto, 2025 - 20:00

Foto: Rafaella Ribeiro/CMBH

Moradores e comerciantes do Prado, na Região Oeste de BH, relataram nesta quarta-feira (27/8) à Comissão de Administração Pública e Segurança Pública a preocupação com o aumento de ocorrências de furtos e roubos em ruas, praças e imóveis do bairro. Representantes das Polícias Civil e Militar e da Guarda Municipal que atendem a área expuseram dados e estatísticas da criminalidade no bairro, anunciaram a instalação de uma inspetoria da Guarda e de uma base móvel da PM, ainda sem data definida, que irão melhorar o patrulhamento preventivo e a sensação de segurança. Os agentes recomendaram a participação ativa da comunidade por meio de denúncias, registro de ocorrências, instalação de câmeras e integração às Redes de Vizinhos Protegidos, mantendo diálogo permanente entre si e com o poder público. Requerente da audiência, Professora Marli (PP) lamentou o baixo comparecimento dos cidadãos e reforçou o compromisso de cobrar e acompanhar a questão, somando forças com outros vereadores empenhados na causa.  

Comunidade expõe preocupações

Representando a paróquia da Igreja de Cura D’ars, furtada duas vezes nos últimos meses, Rodrigo Camargos contou que esteve na delegacia da Polícia Civil em 7 de julho para informar a ocorrência e o inspetor que o atendeu prometeu entrar em contato para pedir mais informações e imagens, o que não ocorreu até o momento. O morador também pediu respostas sobre o estudo anunciado pela Polícia Militar para definir uma localização dentro do bairro para a base móvel que hoje fica na Avenida Amazonas, no Bairro Nova Suíssa e perguntou quando será instalada a inspetoria da Regional Oeste da Guarda Municipal.

A previsão da instalação da inspetoria também foi cobrada por Trindade Aparecida Soares. Administradora de grupos da Rede de Vizinhos Protegidos há 10 anos, a moradora destacou que grande parte dos relatos e demandas hoje partem das Ruas Rio Negro, Brumadinho e Cuiabá. Presidente do Conselho Comunitário de Segurança Pública da área (Consep-125), Carlos Eduardo Sampaio recomendou a simplificação do processo de registro dessas entidades, pois a burocracia e os custos dificultam muito para a sociedade civil se organizar, deixando de constituir espaços de diálogo sobre as questões próprias de cada território.

Além do fortalecimento do controle social e integração de redes de proteção, garantindo mais participação e controle social, ele apontou a importância do Legislativo na proposição de leis e fiscalização das normas existentes; como exemplo de irregularidade, citou uma distribuidora que na verdade funciona como bar, sem autorização para a atividade. O conselheiro sugeriu a realização da primeira conferência de Segurança Pública em BH, com apoio da Câmara e participação das comunidades.

Redução dos índices

Respondendo o questionamento de Rodrigo Camargos, a delegada Elisa Moreira informou que o inquérito policial sobre o furto na basílica foi instaurado no mesmo dia. “A Polícia Civil está fazendo seu trabalho”, garantiu. A policial exibiu números de 2023 a 2025 sobre furtos e roubos de veículos, comércios e residências e afirmou que, estatisticamente, houve redução dos índices no período. Fernando Mateus Aguiar, coordenador das Inspetorias Oeste e Noroeste da Guarda Municipal, garantiu que a análise territorial é feita bairro a bairro e acompanha de perto fenômenos como o aumento da população de rua e o furto e receptação de cabos, produzindo gráficos que orientam ações e operações conjuntas.

A ausência de sede própria da inspetoria na Regional Oeste, segundo ele, de fato prejudica a atuação da Guarda ao exigir deslocamento das equipes, às vezes em trânsito carregado. O imóvel para recepcionar o equipamento já foi escolhido e vistoriado, mas ainda é necessária sua cessão formal pela prefeitura antes de prever uma data para o início do funcionamento. O inspetor pediu à comunidade que informe os pontos de ocorrência dos crimes para aprimorar o patrulhamento preventivo e melhorar sensação de segurança.  

O comandante do 22º Batalhão da PMMG, Tenente-Coronel Jésus Cássio Júnior, afirmou que a redução dos índices reflete a atuação conjunta dos órgãos e destacou que, para a vítima, cada caso é único e os números não aumentam a sensação de segurança; no entanto, servem como referência para o planejamento de ações e alocação de policiamento. O militar informou que a busca de local para transferência da base comunitária, composta por uma van e duas motocicletas, já está em andamento, e os horários de funcionamento devem ser readequados.

Melhorias necessárias

Sargento Jalyson (PL), que já atuou como policial na companhia que atende o Prado (125ª), ressaltou os bons resultados obtidos apesar da falta de efetivo e recursos como drones e inteligência artificial, e lamentou que parlamentares municipais não podem enviar emendas orçamentárias para órgãos estaduais, que devem ser buscadas junto aos deputados. O vereador também criticou a política de desencarceramento, que libera os criminosos nas audiências de custódia. “A polícia enxuga gelo. A maioria dos furtos são cometidos pela mesma pessoa”, relatou.

Sobre a população de rua, “uma questão complexa e difícil de lidar”, ele orientou a comunidade a não fornecer alimentos, o que faz com que permaneçam ali e ainda atrai outros. “A gente acha que está ajudando, mas eles não precisam, existem abrigos, toda uma rede de assistência social que acolhe essa população”, ponderou. Em seu entendimento, esse tipo de ajuda faz com que a pessoa não busque resolver seus problemas.

A moradora Maria Cristina, que acompanhava a reunião e pediu a palavra, alertou que muitas pessoas não registram as ocorrências, por diversos motivos, o que pode distorcer as estatísticas. O comandante do Batalhão reforçou a importância de utilizar os canais de denúncia e registro de ocorrências, hoje facilitado pelos canais virtuais.

Engajamento dos cidadãos

Professora Marli mencionou sua ligação pessoal com o Bairro Prado, onde nasceu e viveu boa parte de sua vida e os pais residem até hoje. A vereadora lamentou o baixo comparecimento das pessoas à audiência, que, de acordo com os participantes, foi muito bem divulgada. “Que isso sirva de sinalização para mostrar que não é falta da polícia, da delegada, do comércio, da igreja; temos os vereadores aqui de braços abertos, temos deputados atuando naquela área, mas cadê os cidadãos que se sentem ameaçados, inseguros?”, criticou, antes de encerrar a reunião. “Esta Casa reafirma o compromisso de acompanhar e cobrar as medidas que garantam mais segurança e tranquilidade para a população”, concluiu.

Superintendência de Comunicação Institucional

Audiência pública - para discutir sobre o aumento da violência e da criminalidade no bairro Prado.