CÂMARA EM FOCO

Líder da Frente Parlamentar Cristã, Flávia Borja é a entrevistada da semana

Segunda vice-presidente da Casa, vereadora é a terceira entrevistada de videocast da CMBH. A lei mais recente de sua autoria autoriza o uso da Bíblia nas escolas

terça-feira, 15 Julho, 2025 - 16:30
O jornalista Alessandro Duarte e a vereadora Flávia Borja em entrevista no Plenário Amintas de Barros

Foto: Cristina Medeiros/CMBH

Eleita para seu segundo mandato na Câmara Municipal de Belo Horizonte, a vereadora Flávia Borja (DC) comemorou, no final de maio, a promulgação de uma norma de sua autoria que, segundo ela mesma, “deu muito pano pra manga”. É a Lei 11.862, que autoriza escolas públicas e particulares de Belo Horizonte a utilizarem a Bíblia como recurso paradidático. “Foi uma conquista do meu mandato que me deu muita alegria. Na verdade, é uma lei muito simples, muito respeitosa e que não tem um caráter religioso, de proselitismo, de fazer evangelismo, não é nada disso”, disse ela em entrevista ao terceiro episódio do programa Câmara em Foco, da CMBH, em formato de videocast. Flávia, que foi eleita segunda vice-presidente da Casa no início de 2025, fez um balanço do primeiro semestre e se disse muito satisfeita com os trabalhos até aqui. Ela falou também de outros projetos, da importância do debate de ideias e de seus anseios para o restante do mandato. 

Revolução conservadora

Na entrevista, Flávia Borja explicou o que é ser “liberal na economia e conservadora nos costumes”, como se define. Ela defende uma economia com o mínimo de interferência do Estado e um mercado em que tanto o cidadão quanto as empresas tenham liberdade para tomar suas decisões, sem amarras. Já nos costumes, ela se diz conservadora em relação aos princípios e aos valores que "regem e construíram a nossa nação”. Segundo a parlamentar, essa defesa intransigente pode ser enxergada como revolucionária. 

“Nós, que defendemos a vida desde a concepção, a família, os valores familiares, a escola livre de doutrinação e o direito dos pais na educação dos filhos, vamos na contramão do que está posto como sistema. Nesse sentido, somos meio revolucionários ao enfrentarmos o contexto em que estamos inseridos na sociedade. Estamos aí para fazer a revolução conservadora”, disse Flávia.

Defesa dos símbolos cristãos

Autora do Projeto de Lei (PL) 41/2025 - que proíbe a utilização dos símbolos, da liturgia e doutrina cristãos em eventos que os satirizem, ridicularizem ou depreciem - a vereadora disse que episódios de desrespeito estão cada vez mais comuns. “Nós vimos um caso recente no último Carnaval, em que o portal oficial da Prefeitura, por algumas horas, trouxe uma imagem que satirizava a figura de Jesus Cristo, dando um beijo gay na figura de Satanás. Isso para nós é uma afronta. Não podemos confundir expressão cultural com preconceito religioso”, falou. Para Flávia Borja, é preciso respeito a todas as religiões. “Nós estamos falando da religião cristã, mas nenhuma religião pode ser ridicularizada, satirizada”, disse. 

Flávia também lembrou de um projeto de lei da Frente Parlamentar Cristã que procura impedir que blocos de Carnaval se concentrem ou se dispersem a menos de 200 metros de templos, hospitais e casas de repouso. Segundo ela, igrejas históricas como a Primeira Igreja Batista de Belo Horizonte, na Praça Raul Soares, já sofreram com depredações. E com o crescimento do Carnaval, observa-se também um aumento da frequência desses casos. “É preciso entender que o folião tem o direito de aproveitar o Carnaval, mas também o religioso tem o direito de continuar frequentando as suas celebrações, seus cultos e suas missas”, ressaltou.

Sexo biológico nos esportes

Durante a entrevista, Flávia Borja defendeu outros dois projetos. Assinado em parceria com a vereadora Marilda Portela (PL), o PL 177/2025, que tramita em 1º turno, traz as diretrizes da política de Entrega Legal, que tem o objetivo de regularizar o ato da entrega espontânea de nascituros e recém-nascidos em BH. Para ela, quem deseja entregar seu filho para a adoção acaba enfrentando falta de informação e clareza. O segundo PL é o PL 591/2023, que estabelece a garantia de que federações, entidades desportivas, clubes e organizadoras de competições e torneios poderão estabelecer o sexo biológico como critério definidor para participação em eventos esportivos realizados na cidade. No dia de sua aprovação em 1º turno, em fevereiro, o texto foi alvo de debates calorosos. 

“Essa é a real defesa da mulher. Esse projeto fala da defesa das mulheres atletas e a garantia delas competirem somente com mulheres. Eu tenho que defender esse projeto. Eu quero aprovar, mas é inacreditável que a gente tenha de falar isso, porque é algo tão patente, algo tão claro. A gente vê que alguns atletas, a grande maioria, que não se deram bem no esporte masculino, estão migrando para o esporte feminino para poder ganhar das mulheres. Então, isso é uma injustiça”, acredita a vereadora. 

Expectativas altas

Flávia Borja garantiu que está muito satisfeita com os primeiros meses desta legislatura. “Estamos trabalhando muito. Eu, particularmente, entro no meu segundo mandato de forma mais madura, com mais clareza sobre minhas áreas de atuação. Acredito que essa legislatura será uma das melhores que esta Casa já presenciou”, afirmou. O fato de a Câmara Municipal estar “muito polarizada ideologicamente” não é visto como problema por ela, pelo contrário. “Estamos no lugar disso mesmo, do debate de ideias, sempre com respeito. Debatemos ideias e não pessoas”, disse. 

Educadora com três décadas de experiência na área, Flávia ocupa a vice-presidência da Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo. E é na educação que está um de seus maiores desejos para o mandato. “Gostaria de ver uma inclusão verdadeira nas escolas desta cidade. E estou trabalhando para isso. Os alunos, as famílias e os professores têm sofrido. É algo que está gritando em Belo Horizonte, e esse é um dos meus anseios para o restante desta legislatura”, afirmou a parlamentar.

Superintendência de Comunicação Institucional

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