Lagoa do Nado

Comissão avalia ações da Prefeitura na recuperação da barragem

Técnicos garantem que as barragens da cidade não correm risco de rompimento. Segundo eles, problema foi pontual e causado por falha humana

sexta-feira, 6 Dezembro, 2024 - 14:00
Imagem de retro escavadora no leito da bacia de contenção. A imagem mostra a estrutura rompida coberta por uma lona

Foto: Tatiana Francisca/CMBH

A Comissão de Meio Ambiente, Defesa dos Animais e Política Urbana está acompanhando de perto a situação do Parque Lagoa do Nado, no Bairro Planalto, após o rompimento da barragem de contenção de água, ocorrido no último dia 13 de novembro. Acompanhados de moradores do entorno, ambientalistas e representantes da Prefeitura de Belo Horizonte, os vereadores fizeram uma visita técnica ao local, nesta sexta-feira (6/12). Autor do requerimento, Wagner Ferreira (PV) afirmou que o objetivo foi verificar os aspectos relacionados à segurança da barragem e às circunstâncias que culminaram no seu rompimento. O parlamentar acredita que a Prefeitura está no caminho certo ao agir de forma rápida para mitigar os problemas causados pelo rompimento da barragem. Durante a visita, técnicos da PBH asseguraram que não havia indicativos de risco para a barragem da Lagoa do Nado, apresentaram as ações de recuperação que estão sendo realizadas no momento e as expectativas para novas intervenções. Comunidade e ambientalistas pediram mais transparência sobre a questão de seguranças nas barragens da cidade.
A vereadora Iza Lourença (Psol) questionou o que poderia ter sido feito para evitar essa tragédia, lembrou que há uma investigação em curso e atentou para a necessidade de dar atenção também para os outros ambientes do parque. “Tenho recebido demandas que apontam para a precariedade da estrutura em alguns ambientes do parque”, disse.

Os representantes da PBH enfatizaram a resposta rápida e a ação multi articulada da Prefeitura para resgatar os animais  imediatamente após o ocorrido. Diretor de Parques Municipais, Clair Benfica destacou que neste momento, além das medidas de contingência - que incluem obras para estabilização do terreno e reconstrução das ombreiras - a Fundação de Parques está monitorando a fauna e a flora, diretamente afetadas pelo volume de água. Segundo ele, os animais resgatados foram levados para outros ambientes protegidos. Clair Benfica também destacou a atuação da Guarda Municipal para garantir o apoio aos visitantes.

O secretário adjunto de Obras e Infraestrutura, Rodrigo Ferreira Matias, assegurou que a Prefeitura monitora o nível de segurança de todas as barragens da cidade e que “o risco de rompimento é zero”. Segundo ele, o que houve na Lagoa do Nado foi uma falha humana e as responsabilidades serão devidamente apuradas. O secretário explicou que, desde 2019 - quando a segurança da barragem do Lagoa do Nado apontava para o nível dois (em uma escala que vai de zero a quatro, sendo quatro indicativo de perigo extremo) - o município atua para melhorar as condições de todas as barragens da cidade. “Já havia um plano bem adiantado de intervenções. Quando a barragem se rompeu, ela estava com nível zero de alertas graças a essas intervenções. É importante que a comunidade saiba que o poder público cumpriu todas as exigências da lei e o que nós tivemos foi um erro operacional, um erro humano”, afirmou.

Ainda segundo o secretário adjunto, a ideia é fazer uma barragem a montante sem alterar a configuração do parque, além de garantir que haja um espelho d’água. Rodrigo Matias enfatizou que o valor da multa aplicada à PBH pelo governo do Estado será integralmente revertido para melhorias no parque.

Professora da UFMG, a geógrafa Lussandra Gianasi ponderou sobre a necessidade de utilização de soluções baseadas na própria natureza e de ações preventivas. “Não precisamos esperar um acidente, temos de agir antecipadamente. E também não adianta ter tecnologia de ponta se os trabalhadores não estão devidamente capacitados para ler os dados e tomar decisões assertivas. Esse é um episódio triste na história de BH”, concluiu. 

Transparência

A comunidade presente cobrou mais transparência por parte da Prefeitura no que tange ao gerenciamento da unidade. Eles pedem que seja disponibilizado no site da PBH um cronograma de obras para recuperação do espaço físico e de reconstrução de uma nova barragem; que a área técnica se manifeste quanto ao nível de segurança da dessa nova estrutura; e qual o orçamento disponível para manutenção das áreas verdes da cidade. Eles também querem saber de que forma o Legislativo acompanha o andamento das intervenções e o gasto do dinheiro público.

Wagner Ferreira aprovou a postura da PBH. “A Prefeitura, até o momento, está atuando de forma satisfatória e tomando todas as medidas necessárias para recompor a barragem. O objetivo aqui hoje é avaliar essas medidas e entender quais são as intervenções previstas. Além dessa visita, fizemos uma audiência pública para debater soluções e ações preventivas necessárias e encaminhamos pedidos de informações para a PBH. Estamos aguardando as respostas”, finalizou. 

Rompimento

Uma chuva forte e prolongada que atingiu Belo Horizonte no último  dia 13 levou ao rompimento da estrutura de contenção do reservatório artificial do Parque Lagoa do Nado. O colapso da estrutura deu vazão a mais de 60 milhões de litros de água. O rompimento da barragem sobrecarregou o Córrego do Nado e  o volume de água atingiu a Avenida Dom Pedro I, adjacente ao parque, que chegou a ter o trânsito interditado.

Segundo a Prefeitura, foram resgatados mais de 600 animais, sendo 459 peixes de diferentes espécies e 154 cágados e tartarugas. Além de cercar o local para garantir a segurança de visitantes, a PBH iniciou o descomissionamento (desativação parcial ou total) da estrutura danificada, estabilização das margens, tratamento do canal do córrego, remoção de sedimentos e análise das áreas atingidas.

Superintendência de Comunicação Institucional