Símbolo da cidade, Serra do Curral inspira proposta de bandeira para BH
Proposta de bandeira já iniciou tramitação. Ideia é apresentar um modelo que seja simples e de fácil reprodução
Foto: Ernandes/CMBH
Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e símbolo da capital, a Serra do Curral ganha mais um reforço na luta pela sua preservação. Ela é um dos elementos representados na proposta de uma bandeira para a cidade, que traz também o céu azul e o sol amarelo, parcialmente coberto pela serra, figuras presentes no brasão de BH. Simples e com poucas cores (as mesmas da bandeira do Brasil), fácil de ser reconhecida e desenhada, a possível nova bandeira do Município é obra do artista Gabriel Figueiredo e substituiria a atual, composta pelo brasão sob um fundo branco. A ideia do designer foi encampada pelos vereadores Jorge Santos (Republicanos) e Cleiton Xavier (PMN), autores do Projeto de Lei 483/2023, que prevê a alteração do símbolo. Iniciando tramitação, o PL recebeu parecer pela constitucionalidade, legalidade e regimentalidade da Comissão de Legislação e Justiça, em 1º turno, nesta terça-feira (7/2). Agora, o texto segue para a Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo e então poderá ser votado em Plenário, onde precisa passar em dois turnos com aprovação da maioria dos presentes.
Pelo PL 483/2023, a bandeira deverá ter o seguinte desenho e forma: um retângulo dividido diagonalmente da parte superior esquerda até a parte inferior direita. A parte superior direita é azul, e a inferior esquerda verde. Ao centro, sobre o fundo azul e parcialmente coberto pela área em verde, surge o sol amarelo de 16 pontas como no brasão de armas do Município, com oito das pontas visíveis. As cores verde, azul e amarelo da bandeira devem corresponder às cores da bandeira nacional brasileira. A proposição determina que as proporções estipuladas da bandeira devam ser observadas qualquer que seja seu tamanho, e que a bandeira em tecido deva ser executada a partir de um modelo básico, com 45 cm de largura.
Gabriel Figueiredo propôs o modelo de bandeira que irá simplificar e dar destaque ao ícone maior da capital mineira. Segundo o designer, dentre os motivos que o levaram a pensar a proposta estão as características do brasão, que dificultam que uma pessoa possa, de memória, desenhar a bandeira de BH. “A complexidade do desenho é bem-vinda nos brasões, que ajudam a dar um aspecto de seriedade e legitimidade a documentos oficiais, por exemplo. Em uma bandeira, que deve ser vista e identificada de longe, mesmo quando dependurada em um mastro, em um dia de pouco vento, a complexidade só atrapalha”, argumenta.
Bandeiras devem ser simples
Natural de BH, Gabriel Figueiredo conta que os estudos para a proposta da bandeira surgiu há mais tempo, há cerca de quatro anos, mas que foi só no ano passado que ela ganhou forma. “Até então era só uma ideia que eu meio que ia deixando de lado. Mas vira e mexe ela voltava na minha cabeça e, com isso, aos poucos, ela foi se consolidando”, contou.
Em novembro do ano passado, o designer começou a contar para o mundo como estava nascendo o projeto. Gabriel lembra que ‘tecnicamente’ a cidade já dispõe de uma bandeira, mas que ela falha ao ser confrontada com os cinco princípios básicos (simplicidade, simbolismo claro, poucas cores, evitar frases e emblemas e ser distintiva) descritos no livro ‘Good Flag, Bad Flag’ (bandeira boa, bandeira ruim em tradução livre). “Bandeiras devem ser simples, a ponto de uma criança consiguir desenhá-la de memória. Se você precisa incluir o nome daquilo que você quer representar na sua bandeira, significa que seu simbolismo não está funcionando”, cita trecho do livro.
O céu, o sol, e a serra
Para Gabriel, o brasão de BH é ótimo, mas a questão é que brasões não costumam funcionar bem em bandeiras. “Ao simplificarmos o brasão, tirando dele todas as informações que não são relevantes para uma bandeira, ficamos somente com os elementos que realmente representam a cidade: o céu, o sol, e a serra, formando o tal do belo horizonte que dá nome ao município”, explicou ao descrever o processo de criação.
A repercussão do seu projeto ainda vem surpreendendo Gabriel, que conta que não imaginava a reverberação da proposta. “Desde o dia em que publiquei o projeto ele tem trazido uma surpresa atrás da outra. Primeiro com a quantidade de likes e comentários no Instagram, depois com o financiamento do crowdfunding, e agora, mais ainda, com o projeto de lei. Tem sido muito incrível ver essa evolução e a capacidade de entusiasmar tanta gente”, contou.
Valorização dos símbolos
A atual bandeira de BH foi instituída pela Lei 6938/1995, que posteriormente foi revogada pela Lei 11293/202, que consolidou a legislação sobre os símbolos da cidade. A norma determina que a representação da bandeira deve ser a aplicação do brasão da cidade sobre um fundo branco.
Segundo Jorge Santos, um dos signatários do projeto de lei, além de propor uma bandeira que seja de mais fácil reprodução, a ideia é aproximar a população dos símbolos municipais. “Uma das pautas que mais une a cidade é a preservação da Serra do Curral. A Serra já está no nosso brasão, mas fica sem destaque na bandeira. A proposta é que o verde da serra seja a cor predominante, ocupando metade da bandeira”, destacou Jorge Santos, ressaltando que mesmo sem a mudança a discussão sobre a valorização dos símbolos já se fortalece na sociedade.
Para Jorge Santos, embora cada parlamentar tenha suas prioridades, os colegas entenderão a importância dos símbolos. “Os vereadores entendem a complexidade da cidade ser representada por apenas um brasão, excessivamente formal, e compreendem que uma boa bandeira deve ser aquela que até as crianças consigam desenhar nas escolas”, afirmou.
Superintendência de Comunicação Institucional