Atingidos pelas chuvas

Moradores do Conjunto Esperança também sofrem com danos causados pelas águas

Local que teve ponte levada pelas chuvas recebeu visita da Comissão de Direitos Humanos na manhã desta quarta-feira (4/3)

quarta-feira, 4 Março, 2020 - 14:45

Foto: Sidney Lopes/ CMBH

O Conjunto Esperança, na Região do Barreiro, é mais uma das comunidades a sofrerem com os danos causados pelas chuvas que se abateram sob a capital mineira. Cerca de 400 famílias moram na região e reclamam da dificuldade de transitar por ali após as chuvas recentes. Ruas sem pavimentação viraram lama e uma ponte que dá acesso à comunidade desmoronou na última noite. A Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor esteve na área na manhã desta quarta-feira (4/3). Segundo o vereador Pedro Patrus (PT), autor do requerimento da visita técnica, o objetivo foi levantar e entender as principais demandas das famílias para então tentar mediar soluções junto aos órgãos envolvidos.

Para a visita foram convidadas a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) e a Coordenadoria de Atendimento Regional Barreiro, porém os órgãos não enviaram representantes.

Danos das chuvas

A Rua União é uma das principais da região e tem início no Conjunto Esperança indo até a Vila das Antenas. Sem pavimento asfáltico, parte da rua é de terra batida e outro trecho possui uma cobertura de concreto que os moradores mesmo se uniram para pagar pelo serviço. Neuza Freitas, que possui um lote na região, conta que a comunidade está ficando cada vez mais isolada. “Não temos serviços de coleta, gás e nenhum depósito entrega nada aqui porque a rua ficou intransitável”, desabafou.

A mesma queixa fez Dessiane dos Santos, moradora da vila há 6 anos. Ela contou que a situação se agravou com a intensidade das chuvas dos últimos dois meses. “A saída do bairro era pela ponte ou pelo parque (reserva ecológica). A ponte caiu praticamente toda, e a Prefeitura diz que irá fechar o parque, vamos ficar ilhados. Como vai ser para ir ao posto ou levar as crianças para a escola", indagou a moradora.

No momento da visita técnica, uma equipe da Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel) iniciava a recomposição de trecho da ponte que liga as duas vilas. A transposição, que já perdeu quase toda a sua sustentação, desmoronou com as chuvas da noite de ontem, interrompendo todo o trânsito no local. Para que a equipe pudesse passar e seguir com a visita, o operador de máquina da Urbel precisou espalhar algumas pedras e improvisar uma passagem. O vereador Hélio da Farmácia (PHS) esteve rapidamente no local e confirmou que a ligação das vilas é um desafio antigo do bairro.

Ocupação

E desafio mesmo vivem as cerca 400 famílias que vivem na região, pois a área que abrange o Conjunto Esperança e a Vila das Antenas é uma antiga ocupação que não possui serviços de água, energia ou esgotamento sanitário. O terreno que pertence à Cemig e à Prefeitura já sofreu remoções por parte da empresa, mas apenas cerca de 40% dos moradores foram reassentamentos.

Já o trecho do Município, delimitado por uma reserva ecológica, foi há alguns anos cercado pela Prefeitura, que em seguida deu iniciou ao cadastramento das famílias para a remoção. Segundo o técnico da Urbel, Antônio Carlos David, que acompanhava a obra da reconstituição da ponte, cerca de 60 famílias já foi reassentadas.

Para a moradora Joseane Cristina, que por duas vezes já ganhou na justiça ação de despejo impetrada pela Cemig, o poder público tem se eximido, deixando os moradores sem nenhuma resposta. “A PBH diz que o terreno não é dela, e não pode fazer nada. A Cemig vem e retira só parte das famílias, e a gente fica aqui, abandonado, sem resposta. Se não vai remover, então tem que regularizar”, salientou.

Para o vereador Pedro Patrus, a questão vivida pelas famílias é realmente delicada e necessita de acompanhamento. “Nós vamos ver as possibilidades e cobrar do prefeito. Sabemos que já teve algumas indenizações, e as ocupações voltaram a acontecer. Então é um problema da Prefeitura, porque se voltou a ocupar é porque não tem moradia para todo mundo. É o déficit habitacional da cidade que provoca essas ocupações, e que são legítimas”, declarou Patrus. 

Como encaminhamento final foi acertado com os moradores que a Comissão irá buscar uma data para a realização de uma audiência pública, quando devem ser chamados todos os órgãos envolvidos (PBH, Urbel, Cemig, Copasa e Ministério Público). A Comissão também irá solicitar à Urbel o acesso ao cadastro de todos os moradores da região, além do pedido imediato do não fechamento da área de reserva ecológica, o que inviabilizaria uma das saídas do bairro.

Ficou acertado ainda o envio de um ofício à Cemig solicitando providências quanto às condições de uma antena de transmissão que ameaça cair sobre a casa de uma das moradoras.

Superintendência de Comunicação Institucional

Visita técnica para verificar os estragos causados durante o período de chuvas intensas em toda a extensão da Rua União, Bairro Conjunto Esperança - Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor