Arredores do Conjunto IAPI são tomados por usuários de drogas, lixo e insegurança
Limpo e organizado, interior do condomínio residencial, tombado pelo patrimônio municipal, contrasta com abandono da área externa
Foto: Cyro Viegas
Internamente, um ambiente residencial caracterizado pela limpeza, organização e pela arquitetura modernista. Na área externa, um espaço público dominado pelo consumo de drogas, acúmulo de lixo e insegurança. Construído há mais de 70 anos e tombado pelo Patrimônio Histórico e Cultural do Município, o Conjunto IAPI, no Bairro São Cristóvão, que possui 428 apartamentos e quase seis mil moradores, recebeu, nesta terça-feira (19/6), visita técnica da Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana. Percorrendo toda a Praça Professor Corrêa Neto, a comissão propôs alternativas para solucionar o problema social enfrentado pelos moradores, como a realização de audiência pública para discutir o tema com representantes da Prefeitura e o lançamento da Campanha SOS IAPI. Envolvendo a comunidade, a campanha visa a sensibilizar a população belo-horizontina para o estado de abandono em que se encontra o espaço e para a importância de preservá-lo. A visita técnica foi requerida por Gilson Lula Reis (PCdoB).
Segundo a presidente da Associação Comunitária do Conjunto IAPI, Ângela Iracema Silva, o condomínio apresenta, hoje, externamente, um cenário de lixo e sujeira, bueiros quebrados, mato alto, banheiro público a céu aberto, barracos construídos clandestinamente, grades e muros derrubados, além de quadras poliesportivas abandonadas e da falta de policiamento e iluminação. Além disso, os ônibus que circulam na Avenida Antônio Carlos não param no ponto correto, supostamente em função da presença de usuários de crack no local. Um caminhão abandonado também permanece estacionado, de forma irregular, no condomínio, levando transtornos à comunidade.
Área interna
Em sua área interna, o IAPI possui nove condomínios e nove síndicos. No espaço, foram observados problemas de pintura, constatando-se, ainda, que existem entraves o trânsito de pessoas com dificuldade de locomoção, como os idosos, que totalizam 60% dos moradores.
Quanto ao problema da existência de usuários de drogas no entorno, a Associação Comunitária sugeriu a construção de um centro de recuperação para essas pessoas, criando oportunidades para que, posteriormente, eles retornem ao ambiente familiar.
Ações da PBH
De acordo com gerente da Administração Regional Noroeste, Jamir Nunes Coelho, o serviço público é realizado regularmente na região, incluindo capina, varrição, coleta de lixo e manutenção de praças, dentro e fora do condomínio. Entretanto, pouco tempo após a realização da limpeza, a população volta a lançar detritos no mesmo local, o que dificulta os serviços de manutenção. A limpeza de taludes é programada e feita pela Superintendência de Limpeza Urbana (SLU). Já a retirada dos barracos instalados clandestinamente cabe à Secretaria Municipal de Regulação Urbana, com o apoio da Polícia Militar. Conforme o gestor, o principal problema enfrentado é a questão social, ou seja, a presença de usuários de drogas no entorno do condomínio. Para ele, é fundamental um esforço coletivo de moradores, Prefeitura, Guarda Municipal e Polícia Militar para a solução do problema.
Encaminhamentos
O vereador Gilson Lula Reis (PCdoB), que requereu a visita, informou que encaminhará aos órgãos competentes todas as demandas apontadas, como a falta de iluminação, estacionamento irregular de um caminhão no condomínio, moradia clandestina e mato alto. Também será realizada audiência pública no local, quando será convidada a Coordenadoria do Idoso e a Secretaria Municipal de Política Social, devido a questões estruturais do condomínio, como a ausência de elevadores. Na audiência, também será abordada a questão das pessoas em situação de rua que vivem no entorno, de modo que a Câmara possa conhecer e a avaliar as atuais políticas da Prefeitura sobre o tema. “É um processo a longo prazo, mas que precisa de uma ação efetiva e permanente da PBH”, avaliou, o parlamentar. Outra ação proposta pelo vereador foi, num prazo de quinze dias, a realização de uma reunião com os síndicos do condomínio, para a elaboração de propostas para o lançamento da Campanha SOS IAPI, com atividades culturais voltadas para a população. O objetivo da campanha é sensibilizar os belo-horizontinos a respeito do estado de abandono em que se encontra o espaço e sobre a importância de preservá-lo.
Superintendência de Comunicação Institucional