Vetos do Executivo dominam as discussões na reunião desta terça
Abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito para tratar do transporte coletivo em BH também esteve em debate

Apesar de amplamente reconhecido por sua função típica de elaborar novas leis, o Poder Legislativo deve cumprir também outras funções, como a de fiscalizar a execução das políticas públicas pelo Poder Executivo. Essa prerrogativa e responsabilidade constitucional foi destacada por parlamentares durante a reunião plenária desta terça-feira (3/4), quando foram debatidas determinadas práticas e discursos consideradas comuns no parlamento, como o voto favorável a projetos em deferência a seus autores e a manutenção de vetos sem ampla discussão. Esteve em pauta também a legitimidade da possível abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os contratos da BHTrans. O Plenário deliberou pela manutenção de dois vetos. Confira a pauta completa e o resultado da reunião.
“O que fazemos aqui, se não, política?”, questionou a vereadora Cida Falabella (Psol), estranhando o discurso de alguns parlamentares que, na última reunião (2/4), criticaram a tentativa de criação da CPI da BHTrans, alegando “uso político” do instrumento. A vereadora defendeu o papel fiscalizador do Legislativo e o caráter essencialmente político dos discursos e ações parlamentares. No mesmo sentido, o vereador Doorgal Andrada (PSD) defendeu a regimentalidade da abertura da CPI, que investigaria “de maneira aprofundada as contas do transporte público na nossa cidade”, e ressaltou o papel constitucional dos vereadores de fiscalizar a execução orçamentária do Município.
Pedro Patrus (PT) reforçou a importância de se instaurar a CPI, entendendo que a auditoria prometida pelo prefeito Alexandre Kalil não seria suficiente e que é função do Legislativo acompanhar esse processo e favorecer o controle social sobre a aplicação dos recursos públicos. O vereador lembrou que um serviço similar de auditoria já havia sido contratado, há poucos anos, pelo então prefeito Márcio Lacerda, em que teriam sido investidos mais de R$ 1 milhão, sem apresentar relatórios aprofundados.
Veto mantido
Sancionada parcialmente pelo prefeito, está em vigor, desde o último mês de janeiro, a Lei Municipal 11.108/18, que estabelece novas normas para fabricação ou comercialização de carimbos de profissões regulamentadas, como médicos, veterinários, psicólogos e engenheiros. O texto determina que a confecção do objeto só ocorra mediante a apresentação de registro de inscrição do solicitante junto a órgão representativo e fiscalizador de sua categoria profissional. O estabelecimento vendedor do carimbo deverá, ainda, arquivar uma cópia do registro profissional do comprador. Caso o próprio solicitante do carimbo não possa comparecer no ato da compra, um procurador legal registrado em cartório poderá fazê-lo. O trecho vetado pelo prefeito, que implicava o Executivo na fiscalização da prática, esteve em análise no Plenário e teve seu veto mantido, em meio a amplo debate.
Originária do Projeto de Lei 168/17, de autoria do vereador Jair Di Gregório (PP), a lei buscaria, conforme alerta o autor, coibir a falsificação de carimbos de profissionais. No entanto, o tema foi classicaficado como “irrelevante” por diferentes parlamentares, que alegaram a inadequação de se tentar regular e controlar a confecção de carimbos, quando “não deveríamos nem usar carimbos mais”, conforme destacou Gilson Reis (PCdoB). Também a vereadora Áurea Carolina (Psol) e os vereadores Gabriel (PHS) e Mateus Simões (Novo) alertaram para o contexto de avanços tecnológicos, em que a certificação digital tem se consolidado, e a inadequação de se investir recursos públicos na criação de leis dessa natureza.
Mateus Simões defendeu ainda o fim dos chamados votos "sim-sim", no qual parlamentares votam favoravelemente tanto a um projeto de lei quanto ao veto do Executivo sobre a mesma proposição, o que no seu entedimento seria incoerente. Na mesma perpectiva, Gilson Reis criticou o que classificou como "ação entre amigos", processo no qual parlamentares votariam favoravelemente a determiandos projetos de lei por deferência a seus autores, colocando em segundo plano a uma discussão aprofundada sobre o mérito das propostas. Ainda, foi questionada a busca pelo acúmulo de projetos aprovados e leis sancionadas, em detrimento da qualidade dessas proposições e do amplo debate com a população sobre os temas abordados.
Superintendência de Comunicação Institucional
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