Vereadores constatam falta de médicos e remédios em três unidades
Ausência de médico generalista em uma ou mais equipes do Programa Saúde da Família, falta de medicamentos de uso contínuo e sobrecarga da unidade em decorrência do aumento de casos de dengue foram os principais problemas identificados por vereadores na visita técnica realizada nesta quarta (30/3) a três centros de saúde na Região do Barreiro. A qualidade e dedicação dos funcionários foi alvo de elogios.

Veré da Farmácia, Juliano Lopes e Adriano Ventura visitaram três postos de saúde no Barreiro (Foto: Gab.Ver.Juliano Lopes)
Ausência de médico generalista em uma ou mais equipes do Programa Saúde da Família, falta de medicamentos de uso contínuo e sobrecarga da unidade em decorrência do aumento de casos de dengue foram os principais problemas identificados pelos vereadores Adriano Ventura (PT), Juliano Lopes (SD) e Veré da Farmácia (PSDC) na visita técnica realizada nesta quarta-feira (30/3) a três centros de saúde na Região do Barreiro. A qualidade e dedicação dos funcionários foi alvo de elogios. Requerida por Ventura, a atividade visa à intercessão dos parlamentares, junto à prefeitura, no sentido de corrigir as deficiências constatadas.
Conforme o requerente, a realização das visitas técnicas foi motivada por reclamações e denúncias referentes a demoras no atendimento de pessoas com suspeita de dengue e dificuldades em obter medicamentos de uso contínuo nas farmácias dos centros de saúde da região. Em cada uma das unidades, além de ouvir gerentes e funcionários, Adriano Ventura e os colegas cumprimentaram usuários e os encorajaram a manifestar suas impressões e denúncias.
O vereador aproveitou para criticar a prefeitura pelo atraso na entrega do Hospital Metropolitano do Barreiro e por sua atual subutilização, quando poderia estar prestando um atendimento muito mais amplo e qualificado à comunidade local e à toda a população da cidade. ele destacou o aumento da demanda gerada pelo crescimento do número de casos de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, especialmente a dengue, que vem sobrecarregando o sistema de saúde pública do município.
C.S. Milionários
Primeiro a ser percorrido, o Centro de Saúde Milionários, na Rua dos Cruzeirenses, embora considerado satisfatório em termos de infraestrutura e espaço físico, teve constatada a falta de médico generalista em uma das cinco equipes do Programa Saúde da Família (PSF) disponíveis e de quatro agentes comunitários de saúde (ACS) que atendem aos 17.832 usuários cadastrados. A gerente adjunta da unidade, Grazielle Cristina de Souza, confirmou ainda a falta pontual de medicamentos de uso contínuo, penalizando especialmente os pacientes com diabetes, hipertensão e epilepsia. Segundo ela, alguns casos são resolvidos por meio de uma rede de ajuda entre gerentes, que remanejam estoques para atender demandas de diferentes unidades.
Mesmo reconhecendo os esforços da equipe, a doméstica Regina Costa se mostrou indignada com a recorrente falta do medicamento usado no controle de uma grave doença crônica e a necessidade de adquiri-lo em farmácia, desequilibrando o já apertado orçamento. Lamentando que a redução e a falta de medicamentos e insumos vêm sendo constatadas em todos os postos de saúde da capital, Veré da Farmácia mencionou as denúncias apresentadas em audiência pública realizada na última terça-feira na Câmara e defendeu maior pressão ao cobrar a regularização do fornecimento pelo governo do Estado.
Assegurando o olhar mais criterioso dos agentes em relação à questão da dengue, orientando a comunidade sobre as medidas de combate ao mosquito, a servidora relatou dificuldades de acesso a residências de moradores que comprovadamente abrigam focos. Elogiando a iniciativa dos vereadores, ela solicitou a colaboração do Legislativo na conscientização da população em relação à questão. A contratação dos ACSs, segundo ela, depende apenas da chamada dos aprovados no último concurso, já homologado pela prefeitura; para completar a equipe PSF desfalcada, já está sendo providenciada a contratação de outro médico.
C.S. Bonsucesso
Localizado à Av. Dr. Cristiano Rezende, o Centro de Saúde do Bairro Bonsucesso é considerado referência em estrutura e adequação do espaço físico, segundo os vereadores. No entanto, apesar da qualidade e dedicação de funcionários e profissionais de saúde, a unidade também apresenta dificuldades para atender o crescimento da demanda gerada pela dengue e similares, limitando-se a apenas 25 coletas de material ao dia. Com apenas quatro equipes de Saúde da Família para atender um universo de 16.700 usuários, duas delas sem médicos, o gerente Ricardo Salles aguarda a reposição dos profissionais e a formação de uma quinta equipe, já autorizada pela prefeitura.
Da equipe total de 20, estão em falta cinco ACSs, cuja reposição também depende da nomeação dos aprovados no concurso da PBH. Segundo a enfermeira Vivian Rose Ferreira, a demanda sofreu um aumento significativo em decorrência do surto de dengue, problema agravado pela ausência, este ano, do encaminhamento de profissionais de apoio, realizado em ocasiões anteriores. O vereador Juliano Lopes elogiou os esforços e a dedicação dos profissionais da unidade, e ressaltou a importância do contato direto, “olho a olho” do parlamentar com seus representados, conhecendo de perto sua realidade e suas demandas.
Usuária do centro de saúde, a microempresária Geise Rodrigues elogiou o atendimento e a boa vontade da equipe, sobre quem ela recusou qualquer responsabilidade pelos problemas enfrentados.
C.S. Bairro das Indústrias
Última unidade visitada, o Centro de Saúde Bairro das Indústrias, na Rua Maria de Lourdes Manso, recebeu críticas quanto à inadequação doim´vel, já antigo e deficiente em termos de espaço e acessibilidade. De acordo com a gerente Selmária Mourão, a unidade que atende cerca de 15.900 usuários dispõe de cinco equipes de Saúde da Família, das quais apenas três estão completas. A substituição dos dois médicos generalistas, que deixaram o cargo ao serem aprovados para programas de residência, segundo ela, além de ser um processo demorado, não garante a permanência dos profissionais, que muitas vezes desistem da função.
Na unidade, que disponibiliza ainda três equipes completas de saúde bucal, usuários se queixaram da demora em obter a marcação de exames e consultas especializadas, além da distância entre suas casas e o posto de saúde. Quarto colocado em número de casos de dengue na região, com 691 notificados e 173 confirmados, o posto recebe atualmente de 350 a 400 usuários por dia e também registra a falta dos principais medicamentos de uso contínuo. A gerente também apontou a ausência, em 2016, da equipe de reforço disponibilizada em ocasiões anteriores, e a necessidade de contratação de dois novos ACSs.
Valorização dos profissionais
Ao final, Adriano Ventura lamentou que mais uma vez a população tenha que pagar pelos problemas e entraves em licitações e convênios entre Estado e Município, que vêm atrasando o fornecimento de insumos e remédios, e garantiu que as denúncias e reivindicações serão encaminhados em forma de relatório às respectivas administrações. Elogiando a qualidade e dedicação dos profissionais que atuam nas unidades de atenção básica à saúde, que se desdobram para contornar essas limitações, o parlamentar criticou a não valorização, pela prefeitura, de seu maior capital, que são seus recursos humanos.
Superintendência de Comunicação Institucional