MOTOCICLISTAS

Demandas e sugestões de motociclistas são discutidas em audiência

A dificuldade para estacionar na cidade está entre as principais queixa dos motociclistas

sexta-feira, 28 Outubro, 2011 - 00:00
Estacionamentos de motos na cidade não comportam mais a demanda

Estacionamentos de motos na cidade não comportam mais a demanda

Opção rápida e barata de deslocamento, a motocicleta é hoje ferramenta de trabalho de muita gente nas grandes cidades. Para discutir assuntos de interesse dos motociclistas e motofretistas de BH, a Comissão de Desenvolvimento Econômico, Transporte e Sistema Viário realizou audiência pública na noite de quinta-feira (27/10), que reuniu a BHTrans e representantes da categoria. A audiência foi solicitada pelo vereador Cabo Júlio (PMDB), para discutir as diversas questões levantadas pela categoria que devem subsidiar a construção de propostas no Legislativo da capital.

Condutores que utilizam a moto como fonte de renda ou apenas para deslocamento e lazer participaram do debate, e expuseram demandas e posições sobre propostas que tramitam na Casa, como a identificação das placas nos capacetes dos condutores, a criação de motovias e vagas para estacionamento. Além da dificuldade cada vez maior de estacionar na cidade - a principal queixa dos motociclistas  eles reclamaram de buracos nas vias e do desrespeito dos motoristas. Apesar de reconhecer a parcela de responsabilidade de alguns condutores nos altos índices de acidentes e o uso de motos na prática de crimes, repudiaram a generalização e preconceito da sociedade contra a categoria, citando a recente proibição da entrada de motociclistas nas dependências da Ceasa.

Para eles, o PL 1718/11, de Paulinho Motorista (PSL), que obriga a identificação da placa da moto no capacete, não vai trazer mais segurança para a sociedade. “A obrigação do Estado é pôr a polícia nas ruas; essa medida não vai impedir o uso de motos para prática de crimes e fugas, porque criminoso não respeita lei”, argumentou José Carlos Roberto, o Jacaré, presidente da Associação dos Motociclistas Trabalhadores de MG (AMOT).

Os motociclistas se posicionaram também contra a criação de motovias, prevista no PL 944/10, do mesmo vereador. Para eles, as vias exclusivas restringiriam ainda mais o espaço de circulação das motocicletas, e a medida seria inviável em Belo Horizonte devido ao grande número de cruzamentos e incapacidade dos corredores para receber a grande quantidade de motos existente na cidade, que tende a aumentar muito ainda.

Educação

O representante da BHTrans, Humberto Paulino, informou que circulam hoje na cidade 170 mil motos, que representam 13% dos veículos e 60% dos acidentes com vítimas da cidade. Ele apresentou algumas ações do órgão voltadas aos motociclistas, como entrevistas e grupos de discussão e afirmou que “é preciso educação para alcançar uma convivência pacífica e harmoniosa entre motoristas, motociclistas e pedestres”. 

Para Paulino, a busca de soluções para o trânsito não passa por restrições e proibições às motocicletas. “Na divisão do espaço urbano, cada vez mais escasso, a prioridade do órgão gestor deve ser o transporte coletivo e a redução do número de automóveis nas ruas”, defendeu, destacando a importância de os condutores evitarem imprudência e excesso de velocidade, que contribuem para os índices e a gravidade dos acidentes.  

Cabo Júlio também ressaltou a importância da educação para o trânsito, do respeito à legislação pelos condutores e motoristas e do reconhecimento e valorização dos motoboys pela sociedade. “Sem eles, hoje, a cidade para”, alertou.

Vagas de estacionamento

Informando que a proposta que cria vagas de estacionamento rotativo para motos teve a tramitação suspensa pelo vereador Gunda (PSL), autor do PL 786/09, Cabo Júlio se dispôs a trabalhar juntamente com a categoria pela solução da questão, incluindo a elaboração de projeto que condicione a concessão de alvará para novos empreendimentos à disponibilização de vagas para motos. Ele se comprometeu ainda a tentar sensibilizar os colegas para que rejeitem a criação de motovias e à identificação das placas nos capacetes.

O autor da audiência considerou a discussão produtiva e afirmou que as demandas e sugestões apresentadas irão subsidiar a construção, a reformulação ou mesmo a rejeição de projetos de lei na Casa, para que as normas sejam adequadas às necessidades da categoria. “Para criar políticas públicas é preciso ouvir os principais destinatários e vítimas dos problemas existentes”, ponderou.

Também compuseram a mesa o presidente do Sindicato dos Motociclistas Autônomos de BH, Donizete Oliveira; o diretor da Federação Mineira de Motoclubes, Cristiano Lanza; o presidente da Cooperativa Brasileira de Transportadores Autônomos, Josafá Salgado; O gerente da Conexão Entregas, Messias Santos; e o coordenador da Câmara Setorial Duas Rodas da Câmara dos Diretores Lojistas, Fábio Pinheiro, além de motoboys e motoqueiros que ocuparam a plateia.

Superintendência de Comunicação Institucional