Moradores do Novo Lajedo cobram rede de água, esgoto e energia elétrica
Crianças brincam em esgoto a céu aberto e não há postes de luz no local, que aguarda urbanização há 22 anos
Foto: Tatiana Francisca/CMBH
Na região norte de Belo Horizonte, às margens da rodovia MG-020, os moradores do Novo Lajedo enfrentam o mesmo cenário há mais de duas décadas: ruas sem asfalto, energia elétrica proveniente de “gatos” e rede de água improvisada pelos próprios moradores. Em audiência pública realizada no dia 12 de agosto pela Comissão de Meio Ambiente, Defesa dos Animais e Política Urbana, porsolicitação de Loíde Gonçalves (MDB), líderes comunitários cobraram a execução do Plano Global Específico (PGE) da Prefeitura para a região, que prevê a urbanização do assentamento. A Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel) alega falta de recursos para execução das obras do PGE; enquanto isso, realiza intervenções pontuais de drenagem do solo em áreas de risco e viabiliza o trabalho da Copasa.
"Não aguento mais ver meu filho brincando no meio do esgoto, pisando na lama, e o esgoto correndo a céu aberto na frente da minha casa", relata a comerciante Pollyanna dos Santos, que mora no bairro há 15 anos. Para o morador Sergio Henrique da Silva, a falta de água afeta a rotina. “A gente quer chegar depois de um dia de trabalho e tomar um banho quente”, reivindica. Já para a líder comunitária Priscila Lima, a maior preocupação é a dificuldade de transitar nas ruas. Ela, que tem mobilidade reduzida, já se acidentou três vezes no chão coberto de pedregulhos.
A falta de infraestrutura urbana atrapalha não apenas as atividades diárias de quem reside no Novo Lajedo, mas impede até mesmo que ambulâncias do Samu acessem as casas para prestar atendimento de emergência. Esse e outros relatos foram ouvidos durante a reunião.
Finalizado em dezembro do ano passado, o PGE do Novo Lajedo é o projeto da Prefeitura para urbanização da região, que prevê a remoção de moradores de áreas de risco, pavimentação das ruas e chegada de serviços públicos ao local. Contudo, conforme a chefe da Divisão de Planejamento da Urbel, Karla Marques, ainda não há previsão para sua implementação. “A Prefeitura está empenhada em captar recursos para essas obras”, afirmou. De acordo com ela, será necessário um grande aporte para urbanizar o assentamento, que conta com declives acentuados, nascentes, córregos e áreas de preservação ambiental.
Obras e projetos em andamento
Segundo a Urbel, intervenções pontuais de drenagem do solo em áreas de risco estão sendo realizadas pela companhia, bem como uma obra que promete viabilizar o trabalho da Copasa no bairro, com previsão de finalização para outubro deste ano. Loíde Gonçalves ressaltou que esta obra chegou a ficar abandonada, tendo enviado ofício à Prefeitura solicitando sua retomada.
Ainda de acordo com a Urbel, a Cemig está elaborando um projeto de implantação de rede elétrica para o Novo Lajedo, já em fase final. As obras devem ser iniciadas em 2025, possibilitando o fornecimento de iluminação pública por parte da PBH.
Resposta da Copasa
A instalação das redes de água e esgoto no bairro depende da pavimentação das ruas, de acordo com o engenheiro da Copasa, Ronnie Darc de Oliveira. A preocupação é com a integridade dos encanamentos, que ficam instáveis sem a infraestrutura adequada. "Tem um potencial grande de danos para os imóveis, não dá pra fazer isso isoladamente. É na medida em que a Urbel for implantando seus programas de urbanização que a gente vai caminhando juntos para implantar nossas redes de água e esgoto no bairro", afirmou.
Durante a audiência, moradores reclamaram da diminuição do fluxo de água nas redes improvisadas que abastecem as moradias. “A rede de água criada pelos próprios moradores não tem capacidade técnica para levar a água para todos, principalmente da parte mais alta”, justificou o engenheiro, que negou redução da água fornecida pela companhia.
Transparência das informações
Outra exigência dos participantes da audiência foi o acesso ao PGE, que fica guardado na biblioteca da Escola Municipal Sérgio Miranda, e o acesso às informações sobre o andamento das obras no bairro. Segundo as lideranças comunitárias, os moradores não se sentem representados pela Associação Comunitária dos Moradores do Novo Lajedo, Vilas e Bairros Adjacentes (Assconol), e denunciam falta de transparência. Nenhum representante da associação estava presente. A vereadora se disponibilizou a enviar o documento aos presentes e também vistoriar os locais das obras.
Assista à integra da reunião.
Superintendência de Comunicação Institucional