DIFICULDADE DE ACESSO

Comunidade do Caiçara reclama de transferência de centro de saúde

Atendimento dos moradores foi transferido para o C.S. Jardim Montanhês, que não tem acesso por meio de linha de ônibus

quarta-feira, 1 Dezembro, 2021 - 18:30
Três homens e duas mulheres dividem tela de computador em audiência pública remota.

Foto Abraão Bruck/CMBH

Moradores do Bairro Caiçara reclamam da dificuldade de acessar o Centro de Saúde Jardim Montanhês, para onde foram transferidos os usuários dos serviços até então atendidos no Centro de Saúde Santos Anjos, localizado no Bairro Santo André. O assunto foi tema de audiência públida da Comissão de Saúde e Saneamento, nesta quarta-feira (1º/12). De acordo com os participantes da reunião, a mudança foi feita pela Prefeitura sem diálogo com a comunidade, que agora não tem como se deslocar até a nova unidade de referência, que é distante e não haveria linhas de ônibus para esse transporte. A vereadora Professora Marli (PP), que solicitou a reunião, e as lideranças comunitárias lamentaram a ausência do secretário municipal de Saúde, Jackson Machado Pinto, e do diretor-presidente da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte S/A (BHTrans), Diogo Oscar Borges Prosdocimi, que não compareceram nem enviaram representantes. O presidente da Comissão de Saúde e Saneamento, Dr. Célio Frois (Cidadania), disse que irá levar ao Executivo as demandas apresentadas na audiência e pedir respostas.  

Professora Marli disse que a audiência é extremamente necessária, uma vez que muitas proposições apresentadas na mesma reunião pediam informações sobre transferência de postos de saúde que atendem às comunidades. “Os vereadores sabem da importância da saúde, que é essencial para todos, principalmente durante a pandemia de coronavírus”, disse. Ela explicou que mudanças de postos de saúde estão sendo feitas sem consultar a comunidade, acrescentando que o posto para o qual foram transferidas as consultas , o Jardim Montanhês, é muito longe e não tem linhas de ônibus que atendam o trajeto. “Como pessoas idosas e com deficiência irão ir a um posto de saúde que fica tão longe? Acho isso injusto e sem explicação”, questionou. 

Dr. Célio Frois disse que a Prefeitura está construindo 40 novos postos de saúde através de Parceria Público Privada (PPP), e que esteve com representantes das Secretarias Municipais de Saúde e de Obras e Infraestrutura para discutir demandas referentes aos Centros de Saúde Maria Goretti e MG 20, onde será implementada uma linha suplementar com tarifa social para atender a população. “A saúde é uma garantia constitucional e a comissão está com portas abertas para ouvir a comunidade”, concluiu. 

Reivindicações

As lideranças comunitárias disseram que o Bairro Caiçaras precisa de um posto de saúde e que o C.S. Jardim Montanhês é longe e não tem linhas de ônibus que levem os moradores, muitos deles de baixo poder aquisitivo ou idosos, para a região. Eles reclamaram da falta de diálogo com a comunidade, afirmando que chegaram no posto de saúde e foram comunicados que seriam atendidos em outro local. Rubenice Maria Silva disse estar desempregada e sem dinheiro para pagar transporte por aplicativo ou táxi para ir para o posto. “Tenho pressão alta, problema nas vistas e dificuldade para trabalhar”, afirmou. Silva sugeriu dividir do C.S. dos Anjos e mandar as pessoas para o posto de saúde Ermelinda, mais próximo e com acesso por meio de linhas de ônibus. 

Margareth Gonçalves também reivindicou um posto de saúde para a comunidade, e disse já ter ido à unidade do Jardim Montanhês umas quatro vezes utilizando aplicativos de transporte ou táxi, mesmo sem condição financeira, porque precisava de atendimento. “Fui muito bem atendida, mas o centro é longe”, disse. Ela sugeriu que o itinerário da linha 4150 fosse alterado para chegar próximo ao centro. Margareth pediu ainda que o poder público olhasse mais para a comunidade, que tem muitos idosos e gente com problemas de saúde. 

Washington Antônio Guedes Macedo de Souza lamentou a ausência de representantes da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. “É uma vergonha, a Prefeitura não está prejudicando a vereadora e sim os moradores”, afirmou. O morador disse que o Bairro Caiçara é atendido pelos Centros de Saúde Ermelinda, Jardim Montanhês e Santos Anjos, mas que há postos de saúde vazios e pessoas sem postos. “Cadeirantes e aposentados terão dificuldade. As mudanças causaram prejuízo social”, disse. Washington acredita que a BHTrans teria que criar linhas para que as pessoas possam se adaptar à situação. “Estamos desamparados. Não é assim que se faz política pública, não olharam para as dificuldades do povo simples. O bairro tem gente de classe média, mas tem gente pobre e desempregada”, reclamou. 

Respostas

Professora Marli ressaltou que as reivindicações dizem respeito a dez mil usuários. “Não adianta construir a casa pelo telhado, tem que ter o chão. O chão somos nós, os usuários, que precisamos de chegar ao posto de saúde”, ponderou. A vereadora também lamentou a ausência dos representantes da Secretaria Municipal de Saúde e da BHTrans, e refletiu que a sugestão de criar uma linha de ônibus para a comunidade é uma boa ideia. 

Dr. Célio Frois disse que irá encaminhar ofício aos convidados que não participaram solicitando respostas às demandas trazidas pela comunidade, acrescentando que, caso eles não dêem respostas, devem trazer representantes. “A cidade tem inúmeros problemas e iremos tentar encontrar um denominador comum. Uma linha suplementar poderá atender à demanda, com uma tarifa social”, afirmou, assegurando que irá levar o pedido de criação de uma linha de ônibus com tarifa social para o prefeito e a BHTrans. 

Superintendência de Comunicação Institucional

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