Moradores protestam contra fluxo intenso de caminhões de minério na MG-030
Além de danificar a rodovia, circulação de carretas afetaria a estrutura das residências e a segurança dos motoristas
Foto: Bernardo Dias / CMBH
Com características de avenida urbana, a MG-030, rodovia que liga Belo Horizonte a Nova Lima, recebe diariamente centenas de carretas carregadas de minério escoado da Mina Granja Corumi, localizada no Bairro Taquaril, Região Leste. Ambientalistas afirmam que a Empresa de Mineração Pau Branco (Empabra) ignorou a proibição do transporte da carga neste percurso que, além de danificar a rodovia, piora as condições do tráfego local e aumenta o risco de acidentes na região. O assunto foi debatido na manhã desta terça-feira (4/9), em reunião realizada pela CPI da Mineração, criada para investigar denúncias de atividades irregulares na Serra do Curral.
Conforme explica o representante da Associação dos Moradores do Bairro Ville de Montagne, Aloísio Alves Melo, o itinerário inicialmente proposto pela Empresa de Mineração Pau Branco (Empabra) para o escoamento de minério da Mina Corumi, referente a um Programa de Recuperação de Área Degradada (Prad), foi alterado unilateralmente pela empresa, que passou a utilizar a rodovia MG-030, que liga Belo Horizonte a Nova Lima. Em 2016, por determinação da Justiça, a Empabra ficou impedida de utilizar a rodovia, sob a alegação de que o tráfego desses caminhões no trecho em questão causam impactos ao meio ambiente e à mobilidade urbana, sendo preciso licença, autorização e estudo de impacto ambiental para atestar ou não a viabilidade do transporte da carga no percurso.
No entanto, de acordo com Melo, as carretas continuam a trafegar não somente durante o dia, mas principalmente à noite, em verdadeiros comboios de cerca de 240 veículos por dia, carregados com 25 toneladas de minério, em velocidade incompatível com a rodovia. “Além de danificar a rodovia, este tráfego excessivo de carretas carregadas traz riscos iminentes de acidentes na pista que é íngreme, estreita e sem acostamento” concluiu Aloísio Melo.
Danos às residências
Representante do Movimento Contra a Barragem de Rejeitos de Raposos, Benedito Ferreira Rocha considera que a Rodovia MG-030 já se tornou uma grande via urbana em razão da diversidade de ocupação adjacente à estrada. Rocha conta que o peso dos caminhões carregados provoca trepidações, que causam rachaduras e danificam a estrutura das residências e demais construções que estão à beira da rodovia.
Com a expansão urbana na região, Rocha também apontou outros perigos inerentes ao trânsito de carretas de minério na via, como o alto risco de atropelamentos e o nível de poluição. Além das residências, também estão localizadas às margens da rodovia escolas, centro de saúde e estabelecimentos comerciais, que contribuem para o aumento da circulação de pedestres e de outros veículos. “A condição de termos que conviver com carretas carregadas e em alta velocidade torna a rodovia altamente perigosa, o que realmente é uma tragédia anunciada”, defendeu Rocha.
Em defesa da Estrada Real
Representante da Associação de Moradores e Sitiantes Ecológicos do Entorno da Estrada Real, Rio Acima e Itabirito, Jurandir Persichinni Cunha relatou aos membros da comissão que teve, recentemente, sua propriedade roubada e incendiada. Cunha explicou que vive no local há mais de 40 anos e que os atos criminosos podem estar ligados ao fato de ser defensor de trecho da Estada Real que corta região, área que estaria na mira de empresas mineradoras. O ambientalista ainda informou que tem enviado ao Ministério Público, à Ouvidoria da Polícia Militar, à Secretaria de Estado de Defesa Social e às Delegacias de Polícia locais, pedidos de investigação quanto às invasões, registrados em inúmeros de boletins de ocorrência.
“Toda aquela região sofre com a especulação imobiliária e a exploração minerária. Há ambientalistas que já foram assaltados mais de sete vezes. O setor minerário quer legalizar como locais de lavra todo o território de Rio Acima”, declarou. Cunha também denunciou que algumas empresas pretendem construir uma barragem de rejeitos muito maior que a de Fundão, que se rompeu no município de Mariana, há quase três anos.
Assista ao video da reunião na íntegra.
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