Comunidade cobra unidades da Guarda Municipal nas Regiões Oeste e Nordeste
Sedes operacionais ficam em regionais vizinhas; atuação descentralizada traria mais eficiência e proximidade com a população

Foto: Denis Dias / CMBH
As Regionais Oeste e Nordeste - as duas mais populosas de Belo Horizonte, segundo o Censo de 2022 - não contam com unidades operacionais da Guarda Civil Municipal, atualmente. As sedes operacionais da instituição que atendem as áreas ficam em regiões vizinhas: Noroeste e Leste. Para discutir os empecilhos causados por essa ausência e possíveis soluções, a Comissão de Administração Pública e Segurança Pública realizou, na tarde desta quarta-feira (10/9), audiência pública a pedido da vereadora Trópia (Novo). Para a parlamentar, as informações colhidas na reunião servirão para mostrar à Prefeitura de Belo Horizonte a necessidade de investir nessa descentralização. Participaram do encontro agentes da Guarda, moradores das regiões e representantes de entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil Seção Minas Gerais (OAB-MG) e o Ministério Público de Minas Gerais.
Proximidade com a população
Segundo Trópia, o problema não é falta de pessoal, mas de estrutura física para receber os profissionais. Segundo ela, o cenário “compromete a descentralização das ações da corporação e dificulta a proximidade com as necessidades específicas de cada território”. Ela contou que a demanda pelo encontro surgiu da descoberta de que as subinspetorias das Regiões Noroeste e Oeste dividiam o mesmo prédio. Depois, viu que a situação se repetia com as Subinspetorias Leste e Nordeste.
“Ter uma sede em cada regional não só evita desperdício de tempo dos profissionais, que têm de se deslocar por uma distância muito maior até chegarem em seus locais de atuação, como garante mais proximidade com a população”, afirmou a vereadora.
De acordo com ela, um ponto fixo para contato entre a comunidade e a Guarda não apenas ajuda a melhorar os índices de criminalidade, como aumenta, "e muito", a sensação de segurança. Trópia também reiterou que haveria economia de recursos com a descentralização.
Bom momento para reivindicações
O superintendente da Guarda Municipal Adriano afirmou que este é um "bom momento" para reivindicações, já que a corporação “está ganhando destaque na prefeitura”. Ele lembrou a nomeação dos 500 novos agentes, que ocorreu nesta quarta-feira. Segundo Adriano, a falta de uma base fixa nas Regiões Oeste e Nordeste pode acabar por atrasar a ação dos guardas em determinadas ocorrências.
O subinspetor da região Oeste, o guarda municipal Fernando Alonso, disse que já há um imóvel em vista para receber a corporação, no bairro Nova Granada. Segundo ele, estão em curso tratativas para conseguir a cessão do bem.
“Somos servidores que arriscamos a vida em prol da sociedade. Tudo o que queremos é melhores condições para cumprir esse papel. Eu realmente espero alcançar esse objetivo. Vou até parafrasear o Raul Seixas: ‘Um sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só. Mas um sonho que se sonha junto é realidade’”, disse Fernando Alonso.
Bom exemplo de Venda Nova
O subinspetor Reinaldo, responsável pela Regional Venda Nova, contou da importância da inauguração da sede, em 2024. O imóvel conta com uma infraestrutura completa, com recepção, guarita, gabinete para o coordenador, auditório, vestiários e refeitórios. “É impressionante como isso reverbera no otimismo e na vibração do profissional para sair para o trabalho”, disse. Ele salientou que após a abertura da unidade operacional diversos índices de criminalidade caíram na região.
Representando a OAB-MG, o presidente da Comissão de Direito Militar da Ordem, Rodrigo Otavio de Lara Resende, ressaltou que a presença da Guarda Municipal ajuda na prevenção de crimes. “Nós nos preocupamos muito com os crimes que são cometidos, mas temos de evitar que eles aconteçam”, falou.
"Eu até acredito que a corporação realize um bom e magnífico trabalho, mas com essas limitações é impossível que ela esteja sendo usada no seu todo. O cobertor é curto: se tampa o pé, aparece a cabeça; e se tampa a cabeça aparece o pé”, afirmou Rodrigo.
Lucas Caetano, do Ministério Público, lembrou que, em todas as pesquisas que o órgão realiza, a proximidade com as forças de policiamento é apontada como diferencial na percepção de segurança. “O guarda é visto pelo cidadão como um parceiro na hora do aperto”, afirmou.
Impressão dos moradores
Presidente da Associação de Moradores do Prado e do Calafate, Ricardo Scheid disse que a situação de segurança dos bairros melhorou nos últimos anos. Ele reclamou, no entanto, do clima no baixio do viaduto das Avenidas SIlva Lobo e Amazonas. “A situação ali nos preocupa muito, e é um exemplo que poderia ser melhorado com a proximidade da Guarda Municipal”, falou. Ana Maria, que mora próximo ao viaduto, disse que se sente "refém" em sua própria casa. “O policiamento precisa ser mais ostensivo ali”, pediu.
Próximo ao final da reunião, um morador do bairro Nova Suíça, que se identificou como Ubiratan, resumiu o sentimento de quem saiu de casa, em plena tarde de uma quarta-feira, para discutir melhorias para a segurança de sua região. “Este encontro abriu as portas para acreditarmos que há esperança. E só com isso eu já fico satisfeito. Vai acontecer”, afirmou.
Superintendência de Comunicação Institucional