CENTRO DE TODO MUNDO

Moradores do Floresta pedem diálogo e que Sapucaí não seja fechada ao trânsito

Intervenção que já iniciou integra plano de revitalização da PBH. Temor é de impacto no trânsito, no comércio e na segurança

quinta-feira, 20 Junho, 2024 - 17:45

Foto: Abraão Bruck/CMBH

Moradores e comerciantes do Bairro Floresta e adjacências pedem à Prefeitura de BH diálogo acerca do fechamento definitivo da Rua Sapucaí para o trânsito de veículos. Suas preocupações com o impacto da medida foram trazidas em audiência pública, nesta quinta-feira (20/6), pela Comissão de Mobilidade Urbana, Indústria, Comércio e Serviços. Segundo os participantes, o Executivo não apresentou nenhum estudo que embasasse a interdição definitiva, e entre seus temores está a falta de banheiros para o grande fluxo de pessoas que a região vai atrair, o prejuízo a outros segmentos comerciais e o considerável impacto no trânsito local. Pela via, que abriga instiuições de ensino e imóveis tombados, passam pelo menos sete linhas de ônibus. A intervenção, que já foi iniciada, faz parte do Centro de Todo Mundo, programa da Prefeitura que prevê revitalizações em diversas partes do hipercentro da capital. A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) informou que a empresa apenas cumpre projeto apresentado pela Secretaria Municipal de Política Urbana. Quanto ao trânsito, a BHTrans disse que uma semana de testes foi feita e que não houve impacto significativo no tráfego. Reinaldo Gomes Preto Sacolão (DC), que solicitou o debate, disse que levará ao prefeito o pedido para que a obra seja suspensa e que o diálogo com moradores e comerciantes seja retomado.

Impacto no trânsito

Mariana Cândida Vieira, moradora do bairro e Coordenadora da Rede de Vizinhos Protegida da Regional Leste, expressou suas preocupações sobre os impactos na qualidade de vida, no trânsito e no acesso a instituições de ensino e aos patrimônios tombados. "A circulação diária dos moradores e os serviços de entrega e emergência serão impactados. O fechamento trará congestionamentos, já que sete linhas de ônibus serão desviadas, aumentando os ruídos", explicou, lembrando ainda que a região abriga 111 imóveis tombados, e o fechamento poderá comprometer também o acesso a eles.

Jornalista e líder da Comunidade Floresta, Leila Fernandes também teme os impactos, em especial sobre o transporte público. "Pela Assis Chateaubriand, já passam 27 linhas de ônibus, somando as que virão da Sapucaí, serão quase 2.800 ônibus/dia. O Floresta é um bairro de ligação, e a Sapucaí uma via de fluxo entre as regiões. Fechá-la será um erro brutal", comentou.

Segurança e benefício só aos bares

Jairo Hudson de Mendonça Castilho, residente no Bairro Floresta há 40 anos, enfatizou as questões de segurança. "Moro lá há 40 anos e hoje temos muitos assaltos e moradores de rua. A PM se empenha, mas não é possível. A Sapucaí era perigosa, vieram as universidades, depois os bares, mas tudo tem o dia seguinte. Vamos ter 12 bares ali e as consequências disso. O consumo de entorpecentes já é comum, é sabido por todos", relatou.

Comerciante há mais de 20 anos na região, Wellington falou sobre os prejuízos ao comércio de modo geral. "O fechamento prejudica o acesso a outros segmentos comerciais, como salões de beleza, que é o meu caso. A mudança deveria beneficiar a todos, não apenas aos bares. Estou no local há 20 anos e o fechamento está impossibilitando o negócio", afirmou.

Ausência de estudo e MP

O fechamento total da Rua Sapucaí para o trânsito já estaria sendo discutido pela PBH desde 2022, segundo Patrícia Silva. A líder comunitária, contou que desde o início de 2023 reuniões vêm acontecendo com os moradores, mas que a Prefeitura, entretanto, não os escuta. “Fizemos uma denúncia no MP, e em dezembro do ano passado o Município precisou fazer um acordo para que o fechamento fosse dialogado. O MP pediu os estudos que embasam o fechamento, mas nem para eles a Prefeitura apresentou”, contou.

Teste de trânsito e banheiros

Luiz Fernando Libânio, da Gerência Regional Centro Sul da BHTrans, informou que os desvios de pontos de ônibus foram experimentados aos fins de semana. "Fizemos o teste de sete dias sem circulação e não foi detectado problema que impedisse a operação", disse Luiz Fernando.

Sérgio Márcio dos Reis, engenheiro da Sudecap responsável pela intervenção, afirmou que a execução da obra está em fase de implantação do canteiro e disse que a empresa apenas cumpre uma determinação. "Recebemos um projeto da Smapu e estamos em fase de implantação do canteiro de obras ", afirmou.

O vereador Reinaldo Gomes questionou sobre a infraestrutura de banheiros públicos para frequentadores da rua. "O projeto contempla banheiros para uso do público? Porque os bares não conseguirão suprir essa demanda", indagou, ao que o engenheiro disse que dois quiosques terão banheiros para uso individual, mas que não sabe dizer sobre como será o gerenciamento do espaço.

Como encaminhamento, Reinaldo Gomes Preto Sacolão propôs que a Prefeitura seja chamada para reabrir o diálogo com os moradores do bairro. O parlamentar disse que na próxima semana tem uma reunião agendada com o prefeito Fuad Noman e que um pedido de suspensão das obras, para retorno das conversas, será feito. “Queremos que a Sapucaí seja boa para quem vai ali no fim de semana ver o por do sol, mas ela seja boa também para quem vive ali diariamente”, concluiu.

Superintendência de Comunicação Institucional

Audiência pública para debater sobre fechamento definitivo da Rua Sapucaí - 17ª Reunião Ordinária - Comissão de Mobilidade Urbana, Indústria, Comércio e Serviços