ATENÇÃO À SAÚDE

Falta de profissionais e necessidade de reforma são principais queixas de usuários

Participantes questionam a aplicação de emendas impositivas para melhorar a infraestrutura do CS Providência

quinta-feira, 9 Maio, 2024 - 17:45
Imagem da mesa de reunião

Foto: Rafaella Ribeiro/CMBH

Problemas estruturais, necessidade de reforma e ampliação, falta de médicos especialistas e de medicamentos, além de aumento de demanda. Essas questões foram apontadas pela população durante a audiência pública realizada pela Comissão de Saúde e Saneamento para debater a qualidade do atendimento na UPA Norte e nos Centros de Saúde Providência e Primeiro de Maio. A falta de ginecologistas e de psiquiatras e a prescrição médica feita por enfermeiros também foram denunciadas. Autora do requerimento, Fernanda Pereira Altoé (Novo) destacou que não adianta melhorar a estrutura física e não aumentar o número de profissionais para atender a demanda. Ela questionou quais as ações cabíveis ao cidadão quando percebe que o profissional está indo além de suas atribuições. A Prefeitura de BH justificou que, apesar da dificuldade de contratação de especialistas, o número de médicos na UPA Norte quase dobrou desde sua inauguração. A Secretaria Municipal de Saúde defendeu a atuação de enfermeiros dentro de um protocolo previamente estabelecido e se comprometeu a apurar as denúncias. 

Líder comunitária, Núbia Botelho elencou as dificuldades enfrentadas pela população em busca de atendimento. Segundo ela, a UPA Norte atende, além dos moradores de BH, pacientes de Santa Luzia e de Sabará. “O aumento da demanda interfere na qualidade do atendimento”, argumentou. Além de denunciar a falta de médicos ginecologistas e de psiquiatra na Regional Norte, Núbia questionou onde foram aplicados os recursos das emendas parlamentares destinadas à unidade do Centro de Saúde Providência. Ela relatou ainda a situação vivenciada pelos usuários do Centro de Saúde Suzana, que precisam buscar atendimento no Bairro Santa Rosa. “Na unidade do Suzana só há medição de pressão e renovação de receita”, disse. 

Já Maria das Graças, usuária do Centro de Saúde Providência, destacou a necessidade de reforma e ampliação do equipamento. Ao afirmar que as verbas impositivas ainda não surtiram efeito e reclamar que a sala de espera é insalubre, ela afirmou que é preciso ouvir os trabalhadores e usuários para identificar as intervenções necessárias. Sobre a UPA Norte, ela afirmou que, apesar de ser nova, já tem problemas estruturais e que o fluxo de atendimento supera a capacidade. 

Uma participante reclamou da constante necessidade de judicialização para garantir o atendimento, principalmente quando se trata de idosos. A falta da equipe do programa Posso Ajudar foi lembrada por outra participante. 

Fernanda Pereira Altoé ponderou que, apesar de a Região Norte ter sido contemplada com novas estruturas e mais profissionais, conforme as informações da SMSA, “tudo indica que o crescimento da demanda tem sido maior que o investimento”. 

Pessoas com TEA

Enfermeira e ativista pela inclusão, Érica Pavoleti é pós-graduanda em Transtorno do Espectro Autista (TEA) e apresentou dados de sua pesquisa sobre o atendimento de pessoas com TEA na Rede SUS, com recorte para a Região Norte. Segundo ela, foram identificados 50 pacientes atípicos e, desses, nenhum atendido pela fisioterapia. Ainda de acordo com a pesquisa, apenas 20% são atendidos pelo fonoaudiólogo, pela odontologia e pela terapia ocupacional. Os dados mostram a precariedade do atendimento oferecido aos pacientes com TEA. Segundo ela, é preciso pensar no atendimento de forma humanizada levando em consideração que o autista tem suas limitações. “Se ele foi classificado como amarelo, ele tem prioridade entre todos os amarelos. Além disso, muitos profissionais de saúde não sabem identificar o cordão que sinaliza doenças ocultas”, afirmou. 

Resposta da PBH

Diretora de Urgência e Emergência da Secretaria Municipal de Saúde, Raquel Belisário fez questão de ressaltar que a UPA Norte atende cerca de 10 mil pacientes por mês e que o quantitativo de profissionais quase dobrou quando a nova sede foi inaugurada. “A unidade conta com cinco clínicos, um cirurgião, um ortopedista e três pediatras, além de um médico para atender os pacientes em observação dentro da unidade. Ainda, o Hospital de Campanha, montado ao lado da UPA para atender a demanda de arbovirose, conta com três médicos no atendimento e três na internação”, afirmou. Ela explicou que mais de 88% dos pacientes atendidos são moradores de BH e, pelo protocolo do SUS, a unidade tem obrigação de atender o cidadão, independente do local de moradia.

Sobre a atuação dos enfermeiros, a diretora esclareceu que há uma nota técnica do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) que autoriza o enfermeiro a atender pacientes com suspeita de arboviroses, podendo inclusive prescrever soro venoso e pedir exames. Ela ressaltou que a proposta é agilizar o atendimento e que em BH as recomendações são seguidas de acordo com o fluxo estabelecido. Segundo ela, em caso de dúvida, os pacientes podem reclamar na Ouvidoria.

Quanto à falta de especialistas, Raquel Belisário admitiu que trata-se de uma preocupação da Secretaria; revelou que a dificuldade de contratação desses profissionais também atinge outros municípios; e assegurou que a composição mínima da Equipe de Saúde da Família não comporta certas especialidades. Ela informou que, apesar da falta de ginecologista e de psiquiatra, a PBH considera que as equipes dos Centros de Saúde Primeiro de Maio e Providência estão completas. “Quando não tem especialista na unidade de origem, o paciente é encaminhado para a unidade básica de referência. Essa rede de apoio de uma UBS para outra é uma estratégia para garantir o atendimento”, disse. 
Ela não soube responder sobre as emendas impositivas e se comprometeu a buscar informações e repassar ao Legislativo. Quanto à alegada falta de prioridade no atendimento de pessoas com TEA, ela disse que a atitude é contra as recomendações e que vai apurar.

Superintendência de Comunicação Institucional

Audiência pública - Finalidade: debater o atendimento na UPA Norte e nos Centros de Saúde 1º de Maio e Providência