Membros da CPI Abuso de Poder na PBH conferiram contrapartidas exigidas
Exigências do poder público aumentaram em cerca de 50% custo da obra
Foto: Bernardo Dias/CMBH
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) Abuso de Poder na PBH vistoriou, nesta quinta-feira (29/6), algumas das intervenções da Arena MRV que foram exigidas pela Prefeitura de Belo Horizonte como contrapartidas ambientais para execução do projeto. Vereadores, acompanhados pelo diretor de engenharia da Arena MRV, Carlos Pinheiro, percorreram cerca de 3km no entorno do Estádio do Galo e conversaram com técnicos das empresas Reta Engenharia e WSP Golden, responsáveis pelas obras de construção do Estádio e pela gestão ambiental e de licenciamento do empreendimento, respectivamente. Presidente da CPI, Wesley Moreira (PP) afirmou que a comissão já tem elementos para identificar a existência de abuso de poder. “Uma obra orçada em (cerca de) R$700 milhões que tem, por meio de um excesso de exigências, um acréscimo de R$338 milhões. Não há no Brasil nenhuma obra que teve 50% de contrapartida. Se isso não é abuso de poder, então, não sabemos o que é”, disse.
Relatora da CPI, Fernanda Pereira Altoé (Novo) afirmou que o objetivo foi conhecer in loco e analisar as contrapartidas internas e externas que aumentaram em cerca de 50% os custos de construção do Estádio. “Queremos analisar essas contrapartidas para entender o que foi dito nos depoimentos dos envolvidos”, afirmou. Os parlamentares estranharam a alteração do escopo para inserir a construção de quatro ilhas de paisagismo, depois da aprovação e execução do projeto original. “Isso custou aproximadamente R$4,5 milhões, pois foi necessário refazer a fundação”, disse Carlos Pinheiro.
Além disso, segundo o diretor de engenharia da Arena, após pagar pela desafetação do terreno onde está localizada a Mata do Morcego - que agora é uma área pública -, a MRV vai revitalizar, implantar um parque linear e se responsabilizar pela manutenção da área durante 30 anos, com “um custo mensal de R$100 mil”. O espaço, equivalente a 10 campos de futebol, precisou de 1,3 km de cerca para delimitar “a maior área verde da Região Noroeste”.
Ainda de acordo com Carlos Pinheiro, a manutenção de uma reserva particular ecológica fechada para o grande público, no entorno do Estádio; a instalação de gradis para dar suporte a trepadeiras e com isso criar um muro verde na fachada; a instalação de pérgola (espécie de galeria exterior em jardins, para passear, construída em forma de ramada a partir de duas séries de colunas paralelas, que podem servir de suporte a plantas trepadeiras) para criar sombreado na esplanada; e o aumento de nove mil mudas de árvores (além as 46 mil mudas previstas a título de contrapartida) como compensação ambiental pela supressão de espécies, integram a lista de exigências da PBH.
Carlos Pinheiro explicou que como exigência para a construção do Estádio do Galo, a empresa também construiu e vai arcar com a manutenção de uma área de 1600m² que será utilizada pela Prefeitura para instalação de equipamentos públicos. “A gestão será da PBH, por meio das secretarias municipais de Saúde e de Educação, e a conservação e a manutenção serão realizadas pela Arena”, afirmou.
As obras viárias do entorno que darão acesso ao Estádio também foram percorridas pelos vereadores. “Construção de viadutos, alças de acesso, paradas de pontos de ônibus, escadarias, calçadas largas, novos acessos ao bairro, abertura de vias iluminadas para trânsito de pedestres e para trânsito de veículos, muros de arrimo e de contenção, além de sinalização vertical ficaram a cargo da empresa e estão sendo providenciados”, afirmou o diretor.
Também participaram da visita os vereadores Ciro Pereira (PTB) e Loíde Gonçalves (Pode), membros da Comissão Parlamentar de Inquérito, que deverá apresentar seu Relatório Final no mês de julho.
Superintendência de Comunicação Institucional