Vereadores repercutiram a recente aprovação do novo Plano Diretor da cidade
Pronunciamentos defenderam a outorga onerosa para construções acima do tamanho do lote; opositor diz que Plano é socialista
Foto: Karoline Barreto/ CMBH
A proposta do novo Plano Diretor de Belo Horizonte, aprovada na Casa na última quinta-feira (6/6), foi o tema central na reunião plenária desta segunda-feira (10/6). Durante a etapa de pronunciamentos sobre assuntos relevantes, conhecida como “pinga-fogo”, as bancadas do PT, Psol e PCdoB ressaltaram os avanços da nova regulação urbana no atendimento das demandas sociais e na preservação do meio ambiente, que segundo eles, foram muito comemoradas pelos movimentos sociais. Integrantes da base também elogiaram o Plano. A redução do coeficiente de aproveitamento em toda a cidade para 1,0 e a outorga onerosa do direito de construir foram alvo de críticas de um opositor, para quem as medidas “quebram o princípio” da propriedade privada. Três projetos de lei foram aprovados em votação simbólica, instituindo a Semana Municipal de Prevenção, Conscientização e Combate à Automutilação e renomeando ruas em Venda Nova e no Barreiro. Confira o resultado completo da reunião.
Defensores das alterações nas regras de ocupação e uso do solo urbano, Arnaldo Godoy (PT), Cida Falabella (Psol), Bella Gonçalves (Psol) e Gilson Reis (PCdoB) elogiaram a condução da votação do novo Plano Diretor pela presidenta Nely Aquino (PRTB), que demonstrou aos homens a capacidade de comando das mulheres, e comemoraram as conquistas obtidas com a aprovação da matéria. Entre elas, foram destacadas a maior proteção ambiental, a regularização fundiária de ocupações urbanas e o aumento dos recursos destinados à moradia popular oriundos do pagamento de outorga onerosa pelas grandes construtoras, além da redução do número de novos arranha-céus e da concentração de empreendimentos na Região Centro-Sul, que beneficiariam apenas os segmentos já mais favorecidos da população.
Gilson Reis salientou o papel relevante do debate público sobre o tema na Casa, que expôs as prioridades defendidas por cada um e ajudou a esclarecer as dúvidas dos eleitores. Bella Gonçalves celebrou ainda o avanço na preservação das culturas e territórios de comunidades tradicionais situadas no município, como quilombos e terreiros de umbanda, com a instituição de Áreas de Diretrizes Especiais (ADEs) específicas. Arnaldo Godoy afirmou que a execução das novas regras pelo Executivo será devidamente fiscalizada e cobrada pelo Legislativo.
O relator do PL na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Transporte e Sistema Viário e autor do Substitutivo aprovado, Jair Di Gregório (PP); o 1º e o 2º vice-líderes de Governo, Álvaro Damião (DEM) e Elvis Côrtes (PHS), e o relator da matéria na Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana, Flávio dos Santos (Pode), também elogiaram o Plano Diretor, que segundo eles foi muito bem elaborado e irá beneficiar toda a cidade, aumentando inclusive as áreas verdes e a qualidade do ar.
Propriedade privada x função social
Contrário à medida, Fernando Borja (Avante) - um dos que votaram pela rejeição da matéria - criticou a limitação do coeficiente de aproveitamento e o instrumento oferecido aos proprietários de pagar à Prefeitura para construir acima do limite da área do terreno. Segundo ele, a desvalorização dos lotes vai lesar cidadãos que pagam o IPTU sobre o bem há anos e não terão os valores corrigidos ou devolvidos. Em seu entendimento, a nova norma “invade a propriedade privada” e abre brechas para a expropriação de imóveis pela Prefeitura sem qualquer indenização. “Poucos perceberam que este Plano é socialista”, afirmou o parlamentar.
“Quem dera esse plano fosse socialista”, declararam os vereadores do PT, Psol e PCdoB, refutando a fala de Borja e defendendo a função social da propriedade, uma “bandeira histórica da esquerda brasileira”. Para eles, a nova regulação urbana traz avanços, mas ainda “está longe do ideal”. Gilson Reis salientou que a outorga onerosa é prevista desde 2001, pela Lei que estabeleceu o Estatuto da Cidade, e já foi adotada com sucesso em outras cidades. Para ilustrar a ideia, Reis apontou que mesmo o uso de um automóvel pessoal está submetido a diversas regras, ressaltando que a propriedade de um bem não dá ao dono o direito de usá-lo como bem quiser. O vereador afirmou ainda que o IPTU “não tem nada a ver com isso”, já que é calculado sobre o valor venal do imóvel e não sobre o valor de mercado.
Comissão de Mulheres
A reunião semanal da Comissão de Mulheres, realizada nesta manhã, foi mencionada por sua presidenta, Cida Falabella, que agradeceu a presença da Secretária Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania e integrantes de entidades da sociedade civil para tratar da elaboração de políticas públicas transversais para combater a violência e a desigualdade de gênero. A vereadora explicou que, a cada semana, a comissão receberá atores sociais envolvidos na questão, para abordar diversos aspectos como a garantia de direitos, cidadania, moradia e geração de emprego e renda.
Após os pronunciamentos, os parlamentares aprovaram três projetos constantes da pauta em votação simbólica (modalidade em que não há registro individual de votos, em que os parlamentares favoráveis à matéria permanecem sentados e os contrários se manifestam): em 1º turno, o PL 637/18, de Fernando Luiz (PSB), que institui a Semana Municipal de Prevenção, Conscientização e Combate à Automutilação; em turno único, os PLs 712/19 e 734/19, que nomeiam vias públicas das regionais Venda Nova e Barreiro.
Assista ao vídeo da reunião na íntegra.
Superintendência de Comunicação Institucional