PARAOPEBA CONTAMINADO

CPI apura que pode faltar água em BH se captação do Paraopeba não for retomada

Em visita a ponto de captação de água da Copasa, em Brumadinho, vereadores questionaram alternativas para a solução do problema

quarta-feira, 27 Março, 2019 - 12:45

Foto: Heldner Costa/CMBH

Cerca de 30% da população de Belo Horizonte poderá ficar sem abastecimento de água, caso a captação no Rio Paraopeba pela Copasa não seja retomada em até um ano e meio. O alerta foi dado pelo gerente geral da Divisão de Produção da Bacia do Paraopeba, Paulo Diniz, durante visita técnica da Comissão Parlamentar de Inquérito das Barragens da Câmara de BH, na terça-feira (26/3). Segundo Diniz, ainda não houve desabastecimento na cidade por conta do Reservatório de Rio Manso que está, atualmente, com mais de 75% de sua capacidade.

De acordo com o gerente, o Sistema Paraopeba, que capta água a fio deste rio (média de cinco mil litros por segundo) e também da Barragem de Rio Manso (média de seis mil litros por segundo), foi construído em 2015 para suprir a escassez hídrica do período, por falta de chuva. Desde aquele ano, o sistema já captou mais de 217 milhões de m³ de água. “Essa obra, realizada em seis meses, de junho a dezembro de 2015, com o custo de R$128 milhões, foi muito importante. Se ela não tivesse sido executada, teria a probabilidade de desabastecimento na Região Metropolitana de BH”.

No entanto, após o rompimento da barragem de rejeitos da Vale no Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), há dois meses, a captação a fio teve que ser interrompida, fazendo com que o sistema funcionasse, desde então, apenas com a captação de água da Barragem de Rio Manso. “Cerca de uma hora depois do rompimento da barragem, paramos a captação a fio, fechamos a grade inicial, não havendo danos à estrutura”, conta o gerente.

Segundo Diniz, essa paralisação não prejudicou o abastecimento de BH e da Região Metropolitana, mas é preciso resolver o quanto antes o problema. “Temos capacidade de abastecimento por 20 meses, em condições normais de chuva. Precisamos de um posicionamento sobre a qualidade da água para o retorno ou não da captação até o meio deste ano: julho, agosto. Se o sistema não retomar ou se não for criada uma alternativa, pode haver problemas no abastecimento”.

Atualmente, a Região Metropolitana de Belo Horizonte, assim como a capital, é abastecida por duas Bacias: a do Paraopeba (51%) e a do Rio das Velhas (49%). Essa porcentagem é diferente para BH: 30% do abastecimento da cidade vêm do Sistema Paraopeba e 70%, do Sistema Velhas. Presidente da CPI das Barragens, o vereador Edmar Branco (Avante), destacou a importância da discussão sobre mineração na área do Taquaril, localizada na região em que se encontra a Estação de Tratamento da Copasa no Rio das Velhas. “A mineração pode afetar a captação no Sistema Velhas. Se romper qualquer barragem ali, acaba a água em Belo Horizonte”.

Heleno Maia, representante do Comitê Gestor da Bacia do Rio Paraopeba, que também participou da visita a convite da CPI, ressaltou outro fato que considerou alarmante e que precisa da atenção de todos: o risco de rompimento da barragem da Mina Serra Azul da Arcelor Mittal, em Itatiaiuçu, região Central de Minas. “Caso haja rompimento, toda lama dela cairá no Sistema do Rio Manso”.

Qualidade da água

Informações sobre a qualidade da água do Rio Paraopeba, contaminada pelos rejeitos da Vale, e os critérios de classificação pela Copasa foram solicitadas pela vereadora Bella Gonçalves (Psol) ao gerente, durante a visita. De acordo com Diniz, a empresa segue as diretrizes do Ministério da Saúde para o tratamento da água e, diante do ocorrido, aguarda um posicionamento oficial do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) para tomar decisões no sentido de voltar a captar a fio no Paraopeba ou não.

Diante disso, o vereador Irlan Melo (PR), relator da CPI, questionou sobre a possibilidade de obtenção de água em outro local, caso não seja retomada a captação a fio no Paraopeba. Segundo o gerente, a Copasa está estudando alternativas e viabilidades em pontos mais a montante do rio, próximos à nascente, para novas captações. “Estamos em constante conversa com a Vale para acharmos uma resposta”, afirma Diniz.

O vereador Gabriel (PHS) destacou a responsabilidade do governo do Estado na resolução desse problema e lembrou a existência do Conselho Deliberativo Metropolitano, composto pela sociedade civil e poderes públicos, que pode cobrar ações dos órgãos. “Há um Conselho Metropolitano que não se reúne. Temos que indicar um representante da Câmara e acompanhar a discussão de perto”. A vereadora Bella também pediu o encaminhamento da Copasa das outorgas de água licenciadas pelos Conselhos de Recursos Hídricos, e das barragens que estão nos Sistemas Paraopeba e Rio das Velhas que podem afetar diretamente o abastecimento de água na cidade.

Também participaram da visita técnica à Copasa e contribuíram com a obtenção de informações para a CPI os vereadores Pedrão do Depósito (PPS) e Wesley Autoescola (PRP) e representantes da Divisão de Consultoria do Legislativo nas temáticas Saúde e Saneamento e Meio Ambiente, da Câmara de BH. 

Superintendência de Comunicação Institucional

Visita técnica para verificar a qualidade da água captada e as medidas de segurança que estão sendo adotadas para assegurar a manutenção do abastecimento da Região - Comissão Parlamentar de Inquérito - Barragens