Comunidade reiterou urgência no retorno da linha suplementar 51
Além do gargalo da mobilidade urbana, moradores denunciaram carência na saúde preventiva, na geração de renda e no acesso à cultura
Foto: Gabinetona
Má qualidade no transporte público, falta de remédios nas unidades de saúde, demora na marcação de consultas e isolamento da produção cultural local dos grandes editais de fomento. Os problemas enfrentados pela comunidade da Pampulha, no entorno do Bairro Urca, não são novidades na capital. Exatamente por isso, convivendo com a insuficiência do poder público há anos, os moradores cobraram a mediação dos parlamentares para efetivação de intervenções na região. As demandas foram apresentadas à Comissão de Participação Popular em audiência pública realizada na quarta-feira (20/9), no Centro Cultural Pampulha.
Fora de operação há quase seis meses, a ausência da linha de transporte suplementar 51 está sendo sentida pelos moradores da Pampulha. Em trajeto circular, a linha interligava diversos bairros da região, como Céu Azul, Santa Terezinha, Urca, Ouro Preto e Castelo. No entanto, desde a desativação da linha, os moradores têm denunciado que, para realização do mesmo percurso, é preciso utilizar duas ou três linhas complementares, estendendo o tempo de deslocamento em mais de uma hora.
O tema já foi debatido em audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Transporte e Sistema Viário, mas segue sem respostas da Prefeitura. Diante disso, a Comissão de Participação Popular deve enviar pedido de informações à BHTrans cobrando previsões e prazos para retorno da linha S51.
Apontando a ocorrência regular de acidentes de trânsito nos cruzamentos viários, a comunidade solicitou o reforço na sinalização para garantir a travessia de pedestres e a redução na velocidade dos automóveis. De acordo com os moradores, a cidade cresceu na região e muitos bairros funcionam como área de passagem, recebendo um grande fluxo de veículos. Mas a estrutura viária não estaria comportando a crescente demanda. A BHTrans deve ser acionada para estudar o tráfego no local.
Saúde e segurança
“Começar um tratamento e não ter continuidade é um dos grandes problemas do sistema de saúde”, denunciou a moradora Maria dos Anjos. “O centro de saúde deveria ser um espaço de prevenção, mas não funciona. O agendamento das consultas demora tanto que, quando chega o atendimento já temos uma população doente”, alertou a moradora, pontuando que a região é atendida por três centros de saúde e que, em todos eles, o problema central é o longo prazo que inviabilizaria a marcação de consultas especializadas. “Passa tanto tempo que você perde a consulta já feita com o generalista e, muitas vezes, perde até os exames”, completou.
Diante da situação, ilustrada também por outras moradoras, a Comissão de Participação Popular deve solicitar a realização de visita técnica aos Centros de Saúde Santa Terezinha e Confisco para avaliar possíveis melhorias no atendimento.
Também impactando a saúde dos moradores, a insuficiência das intervenções de limpeza urbana foi questionada pela comunidade. Reivindicaram a instalação de lixeiras no entorno do Centro Cultural Pampulha, o retorno da varrição das vias para uma escala semanal (atualmente é quinzenal), a inclusão da região na rota da coleta seletiva e o recolhimento de entulhos acumulados em terrenos vagos. A comissão encaminhará indicações à Prefeitura e pedidos de estudos para melhorias no setor.
O morador Raul Hermisdorf denunciou os riscos à saúde e à segurança dos moradores provocados pela instalação de academias a céu aberto em locais inadequados e sem a presença de instrutores para utilização dos equipamentos. “Não tem iluminação, o piso é de cimento grosso, a área para as crianças é de brita...”, listou o morador. “A impressão é de que fizeram a licitação e compraram os equipamentos por algum interesse econômico. Depois saíram instalando em qualquer lugar, sem critério”, pontuou a moradora Maria dos Anjos, apoiando a reivindicação por um levantamento de informações sobre a aquisição e manutenção das academias.
De uma forma geral, a comunidade demandou o aumento do policiamento na região, explicando que a unidade móvel da PM fica montada próxima ao Serrano, sendo distante para atender aos moradores da “parte baixa” do Urca e Santa Terezinha. Será solicitado à PM que estenda o horário de atendimento até a meia-noite, uma vez que muitos jovens circulam por ali voltando da escola nesse horário.
Cultura e renda
“O grande desafio que enfrentamos aqui é conseguir resgatar a sensação de pertencimento entre os moradores”, alertou o gestor do Centro Cultural Pampulha, Ramalho Almeida, convidando as pessoas a ocuparem o espaço.
A produtora de eventos Áurea Amorim denunciou a grande alienação das produções culturais locais em relação aos editais de fomento, defendendo a realização de mais oficinas de elaboração de projetos para orientar e valorizar os artistas da região.
A vereadora Cida Falabela apoiou a iniciativa, anunciando que vai articular junto à nova Secretaria Municipal de Cultura uma revisão dos formatos dos editais, que desburocratize e favoreça o acesso das regiões periféricas da cidade. “Qualquer chance de mudança nesse cenário em que vivemos está na valorização da cultura”, completou a vereadora Áurea Carolina (Psol), defendendo que a comunidade se organize e se aproprie, coletivamente, do centro cultural e outros espaços públicos locais.
O morador Raul Hermisdorf destacou que a situação financeira das pessoas tem se agravado nos últimos anos, e que os espaços públicos poderiam abrigar pequenas feiras solidárias que valorizem tanto a produção local de artesanato quanto de gêneros alimentícios. A vereadora Nely (PMN) e o vereador Pedrão do Depósito (PPS) reforçaram que a Comissão de Participação Popular deverá solicitar informações à Prefeitura sobre os espaços disponíveis na região para realização das feiras livres e o novo edital.
Superintendência de Comunicação Institucional