INTERESSES DIVERGENTES

Retomada dos voos na Pampulha divide opiniões em audiência

Infraero e PBH defendem novas operações no terminal; moradores do entorno e concessionária de Confins são contra a medida

 

quinta-feira, 30 Março, 2017 - 19:15

O Plenário Helvécio Arantes da Câmara de BH ficou lotado nesta quinta-feira (30/3), quando autoridades municipais, empreendedores e membros da sociedade civil discutiram a possibilidade retomada dos voos comerciais no Aeroporto Carlos Drummond de Andrade, na Pampulha. Representada pelo vice-prefeito Paulo Lamac, a prefeitura se mostrou favorável ao retorno das operações, argumentando que a mudança pode contribuir para dinamizar a economia local e para tornar a cidade mais atrativa para a realização de negócios. Moradores do entorno, no entanto, se queixaram do aumento da poluição sonora, enquanto a BH Airport, concessionária que opera Confins, alegou que as alterações podem diminuir o movimento no aeroporto internacional e provocar alta nos custos de passagens, afetando o consumidor. A Comissão de Desenvolvimento Econômico, Transporte e Sistema Viário vai acompanhar o andamento das negociações e fiscalizar impactos da eventual mudança 

Requerente da audiência, o vereador Professor Wendel Mesquita (PSB) afirmou que pauta mobiliza, legitimamente, interesses os mais diversos e anunciou que a Câmara, por meio da Comissão de Transportes – promotora da audiência pública – vai acompanhar de perto as negociações sobre a retomada dos voos na Pampulha, de forma a garantir o melhor atendimento do interesse público.

Acesso difícil

Entre as queixas mais recorrentes contra o Aeroporto de Confins estão as críticas à distância do centro da capital e às dificuldades de transporte causadas pelo trânsito ruim, sobretudo nos horários de pico. Moradores de BH chegaram a criar um movimento especificamente para defender a mudança, batizado de “Aeroporto da Pampulha: liberação para a ponte aérea já”. Na audiência, o representante do grupo destacou que falta conforto ao passageiro, que muita vezes corre o risco de perder voos quando enfrenta engarrafamentos no caminho para Confins.

Na mesma perspectiva, o representante da Associação Comercial de Minas (ACMinas), afirmou que as características do aeroporto de Confins, distante quase 50 minutos do centro de Belo Horizonte, torna a cidade pouco atrativa para executivos e empreendedores. Em muitos casos, destacou, os custos de taxi até a cidade inviabilizam a realização de eventos, inflacionando os preços e diminuindo a atratividade da capital para os negócios.

Secretário municipal de Desenvolvimento, o ex-vereador Daniel Nepomuceno acredita que a reativação dos voos na Pampulha pode trazer mais dividendos para cidade. “Em um contexto de crise como o que vivemos, marcado por desemprego crescente e queda na arrecadação, a prefeitura tem o compromisso de gerar mais postos de trabalho e melhorar a vida das pessoas”, afirmou o gestor. O entendimento é que facilitar o acesso à cidade contribuirá para dinamizar a economia, estimulando a geração de emprego e renda em diversos setores, como o turístico, o hoteleiro e o de bares e restaurantes, por exemplo.  

Ponto de vista semelhante foi defendido pelos vereadores Preto (DEM), Jair de Gregório (PP), Carlos Henrique (PMN), Álvaro Damião (PSB) e Irlan Melo (PR), que se pronunciaram favoravelmente à retomada das atividades no aeroporto da Pampulha.

Poluição Sonora

Moradores da Pampulha divergiram, durante a audiência, sobre a conveniência de reativação dos voos do terminal. Os que se manifestaram contrariamente à atividade destacaram os riscos de aumento da poluição sonora, de acidentes aéreos e de agravamento de problemas de trânsito no local, em função da ampliação do fluxo regular de pessoas.

Na contramão do argumento, outros moradores avaliaram que a retomada dos pousos e decolagens pode dinamizar o comércio e o mercado de serviços na região, favorecendo empreendedores locais.

BH Airport

Representantes da concessionária do Aeroporto Internacional de Confins, a BH Airport, alertaram para o risco de que a retomada dos voos na Pampulha contribua para elitizar o acesso ao transporte por avião. Segundo ele, a iniciativa pode dificultar ao invés de facilitar as viagens, já que a Pampulha não poderá garantir a mesma quantidade de conexões possíveis em Confins, que liga a região metropolitana a quase 50 destinos. Desse modo, por exemplo, o usuário que, vindo do interior, desembarcar na Pampulha, precisará se deslocar a Confins caso queira seguir para alguma capital ou destino estrangeiro.

Outro problema alegado pela BH Airport é o risco de aumento no preço das passagens. Com a redução do número de voos em Confins, em função de sua transferência para o perímetro urbano de BH, as companhias aéreas poderão aumentar o valor cobrado pelas passagens, em decorrência da diminuição da oferta. 

Presidente da Câmara de BH, o vereador Henrique Braga (PSDB) defendeu a valorização do Aeroposto de Confins, destacando que estrutura da Pampulha não comportaria um grande fluxo diário de passageiros. Na mesma perspectiva, Gabriel (PHS) esclareceu que Confins foi planejado e reformado para se converter em um grande polo nacional de conectividade aérea, funcionando com a principal porta de entrada para o estado. Ainda segundo o parlamentar, a dificuldade de acesso a Confins deve ser resolvida não por meio da diminuição das operações, mas através de investimento na melhoria do transporte e na implantação de modais de circulação mais modernos, a exemplo do que ocorre em outras capitais do mundo.

Três voos por hora

De acordo com representantes da Infraero, empresa pública que cuida da estrutura aeroportuária de todo o país, o projeto para reativação dos voos no Pampulha já existe. Sua implantação, no entanto, depende da autorização da Agencia Nacional de Aviação Civil (Anac). Ainda segundo a Infraero, as atuais limitações de funcionamento fazem com que o aeroporto opere no vermelho: só em 2016, foi registrado prejuízo de R$ 29 milhões e, no acumulado dos últimos cinco anos, a cifra chega a R$ 100 milhões. A proposta é que a retomada dos pousos e decolagens contribua para reverter esse quadro.

Ainda de acordo com a Infraero, esperar-se que, pelo menos no início das operações, a Pampulha receba no máximo 155 voos por semana, respeitando-se o limite de seis movimentos de pouso ou decolagem por hora.

Em contraposição às criticas relativas à inadequação das condições estruturais do aeroporto da Pampulha, a Infraero esclareceu que a ampliação do número de passageiros só será realizada após adaptações pertinentes no equipamento. Apesar da existência de planejamento prévio, não há data definida para a eventual retomada das atividades do terminal. 

Superintendência de Comunicação Institucional 

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