Comissão inicia visitas técnicas aos centros de vivência agroecológica de BH
Os vereadores conheceram estrutura do espaço e conversaram com usuários. Segurança é o maior problema identificado pela comunidade
Foto: Divulgação / CMBH
A Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana deu início, nesta quarta-feira (27/11), a visitas técnicas que fará aos cinco Centros de Vivência Agroecológica de Belo Horizonte - Cevas, administrados pela Fundação de Parques Municipais. A primeira visita foi ao Cevae Capitão Eduardo e contou com a presença dos vereadores Bella Gonçalves (Psol) e Edmar Branco (Avante), além do gerente Regional de Parques da Fundação, Robson Machado, usuários e lideranças comunitárias da região. O objetivo da visita é, além de verificar a estrutura dos equipamentos, ouvir os moradores sobre o que pode ser feito no sentido de ampliar as atividades desenvolvidas no local. “A intenção é mostrar que este é um espaço importante para a comunidade, que a comunidade tem que ocupar e que o poder público tem que cuidar”, explicou o vereador Branco. Atualmente, a Prefeitura mantém os Cevaes Capitão Eduardo, Serra Verde, Coqueiros, Morro das Pedras, Taquaril.
O Cevae Capitão Eduardo foi criado em 1996 e está localizado em uma área de 18 mil m². O local conta com várias árvores nativas e espaço onde a comunidade planta verduras folhosas como alface, couve, almeirão e taioba, além de milho, abóbora, quiabo e mandioca. Dona Maria Viana de Jesus é uma das usuárias do espaço. Planta verduras para o consumo próprio e também vende e doa parte do que colhe. Segundo ela, o espaço é perfeito, mas falta segurança. “Temos muita força de vontade de trabalhar, mas precisa melhorar a segurança. Não tem vigia aqui e eles acabam roubando o que a gente planta”, explicou dona Maria, deixando claro que precisam de apoio. “O Cevae está praticamente aberto, com problemas no cercamento. Eu queria muito que tivesse alguém para dar uma força nesse sentido”.
Segurança
Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, o Cevae Capitão Eduardo, em relação às outras unidades, atende a comunidade com maior herança de hábitos agrícolas, sendo o mais propício para a prática de agricultura urbana em quintais. Sua experiência com plantas medicinais já foi ganhadora de prêmio internacional e seus agricultores foram capacitados em agricultura urbana pela Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas e Plano de Negócios. Marcos Jota é integrante da Rede de Intercâmbio e participou da visita. Segundo ele, os projetos que foram desenvolvidos no Cevae se consolidaram, mas se perderam no meio do caminho. “Aqui havia a Rede Local de Desenvolvimento que unia organismos e instituições da comunidade, levantava os serviços oferecidos e então havia uma troca. Com o passar dos anos isso não continuou”, afirmou Jota. Dona Ana Maria de Jesus tem 84 anos e participa das atividades do Centro há mais de 15 anos. “Antes tinha muita visita aqui, exposição dos produtos. Hoje nem as oficinas que tínhamos tem mais. É preciso voltar com estas atividades e trazer as crianças para mexerem na terra. Incentivar as crianças para elas tomarem gosto pela terra”, disse dona Ana.
A missão do programa Cevae é promover o desenvolvimento das comunidades sob sua área de influência de modo sustentável, por meio de intervenções socioambientais participativas, como política de meio ambiente e de segurança alimentar, representando uma opção de ocupação sustentável e fomentando a agricultura urbana. Segundo a vereadora Bella Gonçalves, é possível ver a importância do espaço na ação de cada morador ali presente. “Este lugar tem muita força. Força da terra, força das plantas e força das pessoas que estão trabalhando aqui. A gente vem em uma luta grande nas ocupações que carregam junto a luta pela agroecologia praticada aqui por vocês. Essa política tem que ser fortalecida principalmente junto com quem luta pelo meio ambiente”, explicou a vereadora.
Encaminhamentos
“Ouvi os problemas e temos algumas destas dificuldades também nos 76 parques da cidade. A Fundação de Parques vem conversando com os órgãos de segurança para diminuir problemas relativos ao assunto. Estamos melhorando tudo com o apoio da comunidade”, afirmou o gerente Regional de Parques, Robson Machado. Ainda segundo Robson, a Subsecretaria de Segurança Alimentar e Nutricional vem fornecendo insumos conforme a necessidade de cada Cevae, em resposta a questionamento feito pelos usuários que cobraram ainda a melhoria do acesso e da sinalização no Capitão Eduardo. “Vamos solicitar à Prefeitura a colocação de placas de sinalização e melhoria do acesso”, prometeu.
Segundo o vereador Edmar Branco, a Comissão de Meio Ambiente vai trabalhar também para fortalecer a participação da comunidade. “A responsabilidade é do poder público sim, mas temos que agir para fortalecer o espaço e ampliar o trabalho. Vamos propor uma reunião envolvendo mais gente da comunidade”, disse o vereador, que recebeu imediatamente o apoio da vereadora Bella. “Ao final das visitas técnicas, vamos fazer um encontrão que fortaleça as lutas dos Cevaes. Este é um espaço fundamental para a nossa cidade. Uma cidade que perde a conexão com a terra adoece”, finalizou. As informações da visita serão apresentadas à Comissão por meio de relatório que também será enviado para a Prefeitura.
Superintendência de Comunicação Institucional