AUDIÊNCIA PÚBLICA

Valorização dos movimentos de soul music na cidade em pauta na quarta

Introduzido em BH nos anos 1960, gênero empoderou a juventude negra e se tornou um patrimônio de cultura e resistência em BH

segunda-feira, 10 Junho, 2024 - 17:15

Foto: Gercom Centro-Sul/PBH

As políticas públicas de fomento às manifestações culturais identificadas como Soul Music, movimento de cultura e de resistência dos valores da comunidade negra de Belo Horizonte, serão debatidas na Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo nesta quarta-feira (12/6), a partir das 9h30. De acordo com o autor do requerimento, Wilsinho da Tabu (Pode), o objetivo da audiência é dar visibilidade ao Movimento Soul de BH, eternizado pela Lei 11.650/2024, de sua autoria. O encontro reunirá representantes da Prefeitura, promotores e ativistas do movimento e pode ser acompanhado por qualquer cidadão interessado, no Plenário Camil Caram ou ao vivo pelo canal da Câmara no YouTube. Perguntas, comentários e sugestões podem ser enviados aos participantes por meio deste formulário até o encerramento da reunião.

A Soul Music surgiu nos Estados Unidos no final dos anos 1950, nas comunidades afro-americanas e se consolidou na década de 1960, num período de rígida segregação racial naquele país. Em razão desse contexto, a Soul Music tornou-se uma forma de expressão e de resistência cultural, estando ligada fortemente à luta pelos direitos civis. Segundo o radialista Geraldão, da Rádio Cultura AM, que introduziu o estilo na capital mineira, o soul “deu uma grande sacudida” na periferia ao atingir a juventude negra e pobre de BH. Alguns grupos passaram a promover encontros para apreciar a música. Essas “horas dançantes” foram se popularizando e o ritmo começou a ganhar visibilidade no cenário artístico e cultural, dando origem a diversos bailes nos bairros e no centro da cidade.

Testemunhas da época relatam que os ‘bailes black’ eram frequentemente invadidos pela polícia, que revistava e intimidava os frequentadores. Os bailes black foram perdendo força devido à repressão policial e ao surgimento da ‘disco music’, que contou com uma divulgação maciça da mídia. O Baile da Saudade manteve o Movimento Soul ativo na cidade desde os anos 1980 e incentivou a criação de novos grupos a partir dos anos 2000, como o Quarteirão do Soul e o Movimento Soul BH, entre outros. Os encontros acontecem em vários locais da cidade de Belo Horizonte, mas o principal ponto de encontro é o Centro de BH, principalmente nos finais de semana. Em janeiro de 2024, a Lei 11.650 atribui a BH o título de Capital do Soul.

“A Soul Music, mais do que um gênero musical, é um testemunho vivo das trajetórias de resistência e de afirmação cultural da população negra. Em Belo Horizonte, essa expressão artística transcende a música, influenciando a moda, a dança, a linguagem e, principalmente, fortalecendo o senso de comunidade e pertencimento entre seus adeptos. Assim, a promoção e o fomento a esse movimento cultural são fundamentais para a preservação da memória coletiva, o estímulo à criação artística e a promoção da diversidade cultural”, justifica Wilsinho da Tabu.

Convidados

Para participar do debate, são aguardadas as secretárias municipais de Educação, Roberta Rodrigues Vieira, e de Cultura, Eliane Parreiras Oliveira; Cristiane Moreira Pinto, da Câmara de Fomento à Cultura Municipal (CFCM); representantes do movimento Soul da Amizade, Tuca e Valéria; o percussionista Maurício Tizumba; e os ativistas Toninho, Valter Pinheiro, Eduardo Só, Dj Black Josie e Aziza. 

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