Campanha da Fraternidade propõe união da sociedade em prol da educação
Ações educativas permanentes e acolhimento dos excluídos estão entre as diretrizes da campanha, realizada pela CNBB
Foto: Abraão Bruck/CMBH
“Fala com sabedoria, ensina com amor” (Pr 31,26) é o lema da Campanha da Fraternidade 2022, lançada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), discutida em audiência pública da Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo, nesta quinta-feira (31/3). Solicitada pela Professora Marli (PP), a reunião discutiu o desafio de religiosos da Igreja Católica e educadores atuarem concretamente em favor da educação, seguindo os preceitos cristãos e as diretrizes da campanha. Também foram abordadas dificuldades enfrentadas pelos professores em um contexto pós-pandemia, com alunos apresentando problemas de aprendizagem e socialização, além de reivindicações por reconhecimento e pelo trabalho realizado durante o fechamento das escolas. Iniciada no período quaresmal, a Campanha da Fraternidade preconiza a inclusão de todos e um pacto entre família, escola e sociedade a favor da educação, com ações permantentes no setor.
O exemplo de Jesus Cristo foi citado pela maioria dos convidados - religiosos e educadores cristãos -, que propuseram reflexão sobre quem seriam os excluídos que precisam de acolhimento na sociedade e no processo educativo. O vigário da Arquidiocese BH e diretor-geral religioso do Colégio Santa Maria, Márcio Ribeiro de Souza, explicou que a atual campanha tem o objetivo de imitar a misericórdia do Pai, repartindo o pão com os mais necessitados, além de promover diálogos a partir da realidade educacional do Brasil à luz da fé cristã. O vigário defendeu que a educação e a valorização dos profissionais da área sejam de fato prioridade. Padre Geovane Marques dos Santos, que também é jornalista, sublinhou a importância de fortalecer o caminho da comunicação aliada à educação.
Igreja e sociedade em diálogo
Para Professora Marli, uma educação para todos requer que família, escola e sociedade caminhem juntas para conseguir bons objetivos. A vereadora ponderou que a pandemia separou estas instâncias e que é necessário que elas sejam reunidas novamente para construir o bem comum, seguindo os ensinamentos de Jesus Cristo. “O exemplo do Mestre já temos. As pessoas precisam do nosso olhar, perdão e aconchego”, afirmou.
O bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, Dom Joel Maria dos Santos, afirmou que a proposta da Campanha da Fraternidade 2022 é traduzir de maneira concreta o Reino de Deus na prática para o mundo desafiador da educação, e que o manual da campanha destrincha a tarefa em escutar, discernir e agir. Dom Joel disse que a escuta é um exercício desafiador, o discernimento é importante na tomada de decisões para trilhar um caminho para alcançar uma educação integral humanística, e que o agir se relaciona a implantar a Pastoral da Educação, com Igreja e sociedade em diálogo, de modo permanente.
Dom Nivaldo dos Santos Ferreira, bispo auxiliar da Arquidiocese de BH, contou que durante a Quaresma evangelizadores vão às vilas e favelas, nos condomínios e em setores da arte e cultura fazer visitas missionárias no âmbito da educação. Lembrando que os professores em greve por salários justos pediram apoio à Igreja, Dom Nivaldo mencionou a criação da Pastoral de Educação como uma instância de fé capaz de intervir para decidir os melhores caminhos para a sociedade, o que envolve pessoas com consciência crítica.
Crise de valores e escola ética
A professora Aleluia Heringer ressaltou a importância de união de forças da sociedade em torno de valores como a fraternidade, a compaixão a justiça e o perdão, uma vez que atualmente todos estão passado por uma crise cultural e ética em diversas instâncias. Heringer disse que o desafio atual dos educadores é caminhar e construir uma escola eticamente correta, promovendo a fraternidade. “A educação teve seus alicerces abalados durante a pandemia, e o fosso entre os dois Brasis aumentou", disse, acrescentando que a pandemia trouxe “lacunas cognitivas que levaremos um tempo para sanar”. A professora defendeu os valores de renovação, e de uma educação aberta e inclusiva, voltada para solucionar conflitos e construir coisas com o outro.
Janaína Vieira de Carvalho, professora que atua na educação infantil e no ensino fundamental, nas redes pública e privada, defendeu que as diretrizes da campanha devem ser colocadas em prática o ano inteiro, e um dos diversos desafios enfrentados é falar com amorosidade, se reinventar com sabedoria, além de lidar com crianças emocionalmente desajustadas. Carvalho defendeu o acolhimento do aluno: “Que nós sejamos multiplicadores em busca de uma educação humanizada a exemplo de Jesus”.
Professora Marli afirmou que educar é um ato de fé pelo mundo. “Educamos porque acreditamos que as gerações futuras são capazes de fazer um mundo melhor”, ressaltou, acrescentando que o mundo precisa muito urgentemente de quem ensina e trabalha com amor. Ela concluiu a audiência citando o refrão do hino da Campanha da Fraternidade 2022: “E quem fala com sabedoria / É aquele que ensina com amor / Sua vida em total harmonia / É para nós luz, caminho, vigor”.
Superintendência de Comunicação Institucional