Vereadores visitam centros de saúde e constatam problemas

Reclamações como falta de médicos e de medicamentos, demora no atendimento e instalações precárias foram registradas pela Comissão de Saúde e Saneamento em visita a cinco centros de saúde da capital nessa segunda-feira (4/7). Cumprindo a atribuição de fiscalizar o Executivo, os vereadores se mobilizaram durante o recesso parlamentar para apurar denúncias de pacientes sobre má qualidade de atendimento.


São Gabriel

Logo na entrada do Centro de Saúde São Gabriel, os parlamentares encontraram pacientes insatisfeitos. Na conversa com os vereadores, os usuários relataram os problemas. A balconista Elisângela de Araújo procurou o posto por causa de desmaios e a espera para marcar consulta já durava três horas. “Aqui nunca tem médico e, pra piorar, o sistema de informática está fora do ar. Vou ter que voltar pra casa sem atendimento”, reclamou.

A secretária Márcia Barbosa não sabia se a filha de três anos seria atendida. “A criança está tossindo muito e não tem pediatra. Esta situação é uma vergonha”, desabafou a mãe. Outro paciente, o comerciante José Ailton Gonçalves, que é diabético, criticou a falta de medicamentos: “Não recebo a quantidade suficiente de seringas para aplicar insulina e tenho que reutilizar cada uma até três vezes por dia”.

Com a filha recém-nascida nos braços, a auxiliar de enfermagem Ana Carla de Oliveira já passou por maus momentos no centro de saúde. Por causa de uma pneumonia durante a gravidez, teve que procurar atendimento na rede particular. “Podia ter perdido minha filha por causa do descaso e do mau atendimento por parte dos funcionários”, contou. Os usuários ainda reclamaram que o local não funciona no horário determinado (de 7h às 19h) e que fecha mais cedo, às 17h.

Heliópolis

O segundo centro de saúde visitado, no Bairro Heliópolis, apresentava melhor estrutura e organização, e foi bem avaliado pelos pacientes. “Não tenho nada a reclamar. Os funcionários nos atendem rapidamente e com carinho”, comentou a diarista Neide Aparecida Duarte, que era medicada. Mas, ao inspecionar as instalações do posto, os vereadores encontraram irregularidades como trincas e rachaduras nas paredes e mofo no teto, além de falta de acessibilidade. 

“Às deficiências da estrutura física somam-se falhas como a falta de médicos de algumas especialidades, como oftalmologia e fonoaudiologia. Além disso, a demanda está sobrecarregada por causa da procura de pacientes de outros bairros”, comentou o vereador Edinho Ribeiro (PTdoB). A gerência do posto assegurou aos parlamentares que o local vai passar por reformas até o fim do ano e que os recursos já estão garantidos.

União

No centro de saúde do Bairro União, a situação encontrada foi diferente: as equipes estavam completas e a estrutura física pode ser considerada referência. Mesmo assim, os parlamentares perceberam problemas. “Notamos algumas deficiências como falta de auxiliares de enfermagem e o horário de funcionamento da farmárcia, que fecha em determinados dias da semana”, apontou Márcio Almeida (PRP).
 
Barreiro

No Centro de Saúde Vila Pinho, na região Barreiro, os vereadores constataram que o atendimento médico e o funcionamento da farmácia são satisfatórios. Em contrapartida, o espaço físico é pequeno e inadequado para o atendimento de cerca de 500 pessoas por dia.

De acordo com a gerente Maria Regina Aires, as instalações físicas são o maior problema da unidade, fato confirmado pelos pacientes que aguardavam atendimento. Entretanto, ela observou que o ideal seria ampliar a equipe de sete para oito médicos, já que não há ginecologista na equipe. 

Toninho Pinheiro da Vila Pinho (PT doB) disse que vai se empenhar na solução dos problemas da unidade, que atende potencialmente 14 mil moradores do bairro. “É preciso melhorar as instalações físicas que comprometem o bom atendimento ao cidadão”, disse o vereador.

Os membros da Comissão visitaram ainda o Centro de Saúde Independência, também na região do Barreiro, onde encontraram uma situação que, no geral, se mostrou satisfatória em relação ao atendimento médico e ao espaço físico.

Diferença de atendimento

No final do dia, depois de visitar os cinco centros de saúde, o vereador Reinaldo Preto Sacolão (PMDB), presidente da Comissão, questionou as diferenças entre os postos: “É inadmissível que o usuário do sistema de saúde encontre estrutura e tratamento diferenciado em determinadas regiões da cidade. Se todos pagam impostos, todos deveriam encontrar bom atendimento e boa estrutura em qualquer centro de saúde”. Ele afirmou que vai pedir explicações à Secretaria Municipal de Saúde em relação às irregularidades encontradas.

A Comissão de Saúde e Saneamento fará novas visitas técnicas a outros centros de saúde de capital ainda nesta semana e vai realizar audiência pública sobre o assunto na Câmara Municipal assim que os trabalhos da Casa forem retomados, em agosto.

Superintendência de Comunicação Institucional