FALTA DE INTEGRAÇÃO

Vereadores lamentam ausência de representantes das câmaras municipais da RMBH

Reunião discutiria atuação conjunta no enfrentamento à Covid-19; aprovadas indicações para reabertura de atividades e uso da cloroquina 

terça-feira, 21 Julho, 2020 - 20:45
vereadores em audiência pública no Helvécio Arantes

Foto: Abraão Bruck/CMBH

Durante audiência pública realizada nesta segunda-feira (21/7) pela Comissão Especial de Estudo – Enfrentamento da Covid-19 para discussão da atuação integrada nos municípios da Região Metropolitana (Belo Horizonte, Betim, Contagem, Nova Lima e Ribeirão das Neves) no combate à doença, vereadores lamentaram a ausência dos representantes das quatro câmaras municipais. Além dos vereadores, o evento teve a presença de membros da Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte (ARMBH). Todos defenderam a união das cidades e uma representante da ARMBH destacou a importância do “Minas Consciente – Retomando a economia do jeito certo”, plano do governo estadual para orientar a retomada segura das atividades econômicas nos municípios. A audiência foi solicitada pelos vereadores Gabriel (Patri), Jair Bolsonaro Di Gregório (PSD) e Professor Juliano Lopes (PTC).

Durante a reunião, também foram aprovadas indicações para a Secretaria Municipal de Saúde e para o Gabinete do Prefeito de Belo Horizonte, respectivamente, sugerindo a aplicação de protocolo para a reabertura das atividades de aluguel de objetos do vestuário, jóias e acessórios; e de uso da cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina e sulfato de zinco como tratamento precoce de pacientes com suspeita ou diagnóstico de Covid-19.

Minas Consciente

Segundo Mila Costa, da ARMBH, a ausência dos chefes dos legislativos municipais “é um reflexo de nosso problema na região metropolitana” e “na agência, muitas vezes, a gente sofre com a frustação da não-adesão dos municípios”. Por outro lado, dentro da RMBH já seriam mais de 25 mil casos de Covid-19, em um universo de 90 mil casos em Minas Gerais (correspondendo a 30% do total). A representante citou, também, o Plano Minas Consciente, “única ferramenta que o Estado dispõe de coodenação de ações”, especialmente na RMBH. Segundo Costa, o governo estadual abriu uma consulta pública para modificação, aprimoramento e aumento da adesão ao Plano, por meio da escuta dos gestores municipais. Na região metropolitana, participam dele, atualmente, os municípios de Betim, Contagem, Igarapé, Mario Campos, Raposos e São Joaquim de Bicas.

Para Professor Juliano Lopes, se, desde o primeiro decreto da PBH em relação à pandemia, houvesse uma união entre todos os prefeitos, “os casos seriam completamente diferentes hoje”. Ele citou o que considerou uma “incoerência” e “irresponsabilidade” da Prefeitura de Contagem, que liberou o time América para treinamento em seus centros esportivos, localizados na cidade, mas impediu o treinamento da equipe de arbitragem do Coimbra, composta por 30 árbritos, divididos em três grupos de sete pessoas e um grupo com duas pesssoas, “todos testados”. O vereador também apontou incoerência no fato de o comércio de Contagem, liberado no início de abril, estar “lotado de pessoas de BH”, pois os belo-horizontinos só teriam que atravessar a Avenida Teresa Cristina para chegar à cidade vizinha. “Eles acham que o município deles é Florianópolis, que estão numa ilha”, completou.

A ausência dos convidados também foi lembrada por Bella Gonçalves. Ela se colocou como uma “fala quase isolada” sobre as “contradições da abertura”, citando o apoio em dados trazidos por infectologistas para criticar o que ela considerou uma excessiva preocupação com a reabertura do comércio, materializada na realização de várias audiências públicas sobre o tema. Para Gonçalves, uma taxa de 40 a 50% de isolamento social permitiria um controle da pandemia da ordem de 90%, com o funcionamento de alguns setores.

A vereadora questionou Costa sobre o avanço da doença no decurso de uma semana, lembrando uma reunião, ocorrida em 14 de junho, em que a Agência demonstrou preocupação com “o avanço exponencial da Covid na Região Metropolitana”. A convidada respondeu que "passamos dos 25 mil casos - um aumento de 6 mil casos em uma semana, com uma subnotificação muito grande”. Ainda segundo ela, a RMBH tem permanecido com um percentual de 30% do total de contaminados e óbitos em  Minas Gerais.

“É de se lamentar que a gente não tenha aqui exatamente uma audiência pública, pela ausência dos demais participantes”, queixou-se o presidente da Comissão, Gabriel. Ele pontuou que apoia o isolamento social “na medida do possível”, mas, como membro da Câmara Municipal, defende também a “preocupação com diversas pessoas e suas representatividades”, com o isolamento social sendo feito com indicação, “como foi até hoje”.

Para o vereador e médico Dr. Bernardo Ramos (Novo), “a palavra ‘como’ é muito mais importante que o ‘quando’”, devendo-se considerar tanto as questões de saúde como as socioeconômicas, pois “os cidadãos de Belo Horizonte, vários deles, vão ter problemas com as questões econômicas em geral” no decorrer da pandemia e no pós-pandemia.

Requerimentos

Durante a reunião também foram aprovadas duas indicações. Uma delas, de autoria de Jorge Santos (Republicanos) e dirigida ao secretário municipal de Saúde, Jackson Machado Pinto, sugeriu a aplicação de protocolo (enviado no requerimento) para a reabertura das atividades de aluguel de objetos do vestuário, jóias e acessórios. “Salienta-se que o referido protocolo foi elaborado em conformidade com as orientações do Ministério da Saúde, da Organização Mundial da Saúde (OMS) e das diretrizes já publicadas pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte para o combate a pandemia da Covid-19”, explicou no requerimento.

A outra indicação foi feita por Fernando Borja (Avante), solicitando ao prefeito Alexandre Kalil que “proceda com adesão aos Protocolos Clínicos de Profilaxia à Covid-19 disponibilizados pelo Ministério da Saúde, que estabelecem o uso da cloroquina/hidroxicloroquina + azitromicina + sulfato de zinco como tratamento medicamentoso precoce de pacientes com suspeita/ diagnóstico de Covid-19”.

Bella Gonçalves, único voto contrário às indicações, contestou que a medida sugerida por Borja é “inócua”, já que os protocolos, não apenas do Ministério da Saúde, como da OMS, estariam sendo observados pela PBH, e que cada médico poderia - inclusive de acordo com o histórico do paciente - indicar ou não os medicamentos. Ela também considerou que “o uso da cloroquina tem sido altamente politizado” e “esse requerimento me parece mais uma forma de politizar a discussão”.

Já para Jair Bolsonaro Di Gregório, “está orquestrado isso no Brasil inteiro, bater em algo que saiu do coraçao do presidente, das informações técnicas que ele teve na época”. Embora admita que a questão da indicação dos medicamentos citados esteja sendo muito discutida, o vereador garantiu poder falar, “sem medo de errar”, que foi "tratado" da Covid-19 com o uso de hidroxicloroquina e azitromicina.

Também afirmando ter utilizado os medicamentos citados por Di Gregório, Dr. Bernardo Ramos contou que o uso da hidroxicloroquina e dexametasona perdem força e que a Prefeitura emitiu protocolo deixando “todos os medicamentos disponíveis” para uso “a critério médico”, com a anuência do paciente, o qual assinaria um “termo de consentimento” para utilização dos medicamentos, diante de possíveis complicações.

Assista ao vídeo da reunião na íntegra.

Superintendência de Comunicação Institucional

Audiência pública para discutir como as Câmaras Municipais de Belo Horizonte, Betim, Contagem, Nova Lima e Ribeirão das Neves podem atuar para promover a integração, visando ao enfrentamento da Covid-19 - 14ª Reunião - Comissão Especial de Estudo