CPI DAS BARRAGENS

Em oitiva, representante da CSN afirma que rompimentos de barragens podem ser evitados

CSN e Anglo Gold garantiram que barragens não trazem risco à captação de água; mineradoras investem em empilhamento de rejeitos a seco

terça-feira, 23 Julho, 2019 - 16:00

Foto: Bernardo Dias / CMBH

“Qualquer barragem bem monitorada pode ter seu rompimento evitado”, afirmou o gerente geral de Exploração Geológica da Companhia Siderúrgica Nacional - CSN Mineração S.A, Henrile Pinheiro Meireles, durante reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Barragens, nesta terça-feira (23/7). Meireles garantiu a segurança das barragens de rejeitos gerenciadas pela empresa, localizadas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), e a realização de ações mitigadoras de riscos a essas estruturas. Outro que prestou esclarecimentos hoje à CPI foi o diretor da Anglo Gold Ashanti Internacional, Ricardo de Assis Santos, que também afirmou que as três barragens de responsabilidade da empresa, que possuem rejeitos de extração de ouro, não trazem risco aos sistemas de captação de água que abastecem Belo Horizonte e seu entorno. A CPI das barragens aprovou, ainda, requerimentos e fez a leitura de respostas a ofícios encaminhados ao Instituto Mineiro de Gestão de Águas (Igam). Confira o resultado completo da reunião.

Primeiro a ser ouvido pelos vereadores Edmar Branco (Avante), Irlan Melo (PR) e Pedrão do Depósito (PPS), Meireles trouxe informações sobre o processo de descaracterização das barragens B2 e B2 Auxiliar da Mina Fernandinho, localizadas à montante do Rio das Velhas, no município de Rio Acima, a aproximadamente 10km da Estação de Tratamento de Água (ETA) Bela Fama, que é a responsável por grande parte do abastecimento da RMBH. Segundo ele, depois de considerada instável em 2018, a barragem B2 começou a ser descomissionada, assim como a B2 A que está acima dela. “As estruturas não contém mais água. Há um monitoramento diário ao longo de toda a extensão delas, medindo a pressão, o nível de água e se há algum sismo. Não existe barragem que se rompe de repente, a não ser se houver um terremoto. Ela sempre emite sinais e sintomas do que está acontecendo”, garante Meireles, que não informou data de conclusão dos descomissionamentos, mas afirmou que elas não oferecem risco de se romperem.

Questionado por Irlan Melo, relator da CPI, sobre o que poderia ter acontecido de errado, então, com as barragens gerenciadas pela Vale que se romperam, Meireles não quis se manifestar, mas explicou que em uma barragem à montante qualquer trabalho realizado nela é um risco. “No caso da CSN, o que adotamos na Mina Fernandinho foi não trabalhar próximo ao maciço para não gerar qualquer frequência”. Com relação aos dados das estruturas do Sistema Casa de Pedras solicitados pelo presidente da CPI, Edmar Branco, o representante da CSN afirmou que as três barragens de Casa de Pedras (uma à montante e duas à jusante), localizadas na área urbana do município de Congonhas, devem ser descaracterizadas a partir de 2021. “Nos últimos anos reduzimos quase 15 milhões a capacidade produtiva do Sistema Casa de Pedras. Em 2018 foi quando menos produzimos, e, só em 2019, com a implantação do sistema de filtragem, sem depósito de rejeitos em barragens, é que a produção voltou ao normal. Desde 2018, 40% já são filtrados e 60% deposita rejeito nas barragens. Em 2020, 100% será filtrado, não precisando mais de barragem. Para implantação desse projeto serão gastos R$300 milhões”. Esse sistema a seco, de acordo com Meireles, tem um custo 10 vezes maior que o que utiliza barragens.

Ainda segundo o gerente geral, caso alguma das barragens citadas se rompa, a macha de rejeitos não atingiria o Sistema Paraopeba, nem o Rio das Velhas, mas a turbidez afetaria a captação de água. No entanto, “a CSN tem convicção total da segurança dos trabalhos, principalmente, porque estamos erradicando esse sistema de barragens”.

Disposição a seco

Também investindo na transposição do sistema de barragens para o empilhamento de rejeitos a seco, a Anglo Gold afirmou em sua oitiva que nenhuma de suas seis barragens (três em Nova Lima, duas em Santa Bárbara e uma em Sabará) corre risco de rompimento e pode prejudicar os sistemas de captação de água que abastecem Belo Horizonte. De acordo com ele, 50% da Mina Cuiabá, em Sabará, já pratica disposição a seco, na Planta Córrego do Sítio, em Santa Bárbara, são 30%, e 15% na Planta da Hidrelétrica Queiroz, em Nova Lima. “Todas as barragens estão seguras e estáveis e são devidamente licenciadas e fiscalizadas por órgãos governamentais municipais, estaduais e federais. Elas são diariamente monitoradas com o auxílio de equipamentos de alta tecnologia”, garante Ricardo de Assis.

O diretor da empresa mineradora de ouro ainda esclareceu que, apesar da robustez do sistema implantado, a empresa vem realizando estudos e discutindo com os órgãos ambientais o descomissionamento das barragens e que possui plano de emergência para casos de rompimento realizado em conjunto com a Defesa Civil do município e estadual, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e comunidades. “Ainda assim, no caso de rompimento, a mancha não afetaria o Sistema Rio das Velhas, pois está à jusante dele”.

Assista ao vídeo da reunião na íntegra.

Superintendência de Comunicação Institucional

Oitivas de CSN Mineração S.A e AngloGold Ashanti Internacional com a finalidade de sanear as questões a serem explanadas pela CPI Barragens - Comissão Parlamentar de Inquérito