Comissão constata fornecimento irregular de lanches por funerárias e ação de "enxadinhas"
Os chamados “enxadinhas” cobram para limpar sepulturas, mas acabam construindo canteiros ilegais e invadindo túmulos vizinhos
Foto: Keiti Almeida / Gabinete do Vereador Jair Di Gregório
Construída em 1967 e localizada no Bairro Alto Caiçara, a maior necrópole da cidade encontra-se, hoje, ameaçada por ações clandestinas de funerárias, falta de segurança e depredação. Vistoriado pela Comissão de Administração Pública, nesta terça-feira (16/7), o Cemitério da Paz enfrenta a atuação de agentes funerários, que fornecem indevidamente lanche às famílias, dos chamados “enxadinhas”, que cobram das mesmas um valor mensal para cuidar das sepulturas, e até mesmo jovens que utilizam o espaço para aprender a dirigir. As questões apontadas serão encaminhadas pela comissão à Prefeitura e à Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica, que considera a concessão da administração do espaço à iniciativa privada uma alternativa para a implantação de melhorias que atendam a população.
Segundo o diretor de Necrópoles e de Gestão de Finanças da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica, Wellington Correa, e o coordenador do Cemitério da Paz, Saulo Amaral, além dos serviços específicos prestados, as funerárias estão também fornecendo clandestinamente lanche às famílias e por isso estão sendo notificadas. Os alimentos estariam sendo transportados nos furgões, juntamente com os corpos, expondo ao risco a saúde das pessoas. Com a fiscalização, as empresas passaram a fazer a entrega dos lanches do lado de fora do cemitério ou nas próprias residências dos familiares. Contudo, a notificação das empresas é facilitada pelo fato de as embalagens conterem o nome da funerária. Com a oferta indevida do serviço, as famílias foram impedidas de levar qualquer tipo de lanche para o cemitério.
A situação vem prejudicando, também, Evânia de Morais, que venceu a licitação da lanchonete do cemitério, a qual reclamou, ainda, do não funcionamento dos doze velórios (hoje, funcionam somente seis). Além dos problemas mencionados, as funerárias vêm, ainda, oferecendo aos familiares planos funerários dentro do cemitério.
Manutenção e segurança
No que se refere à manutenção da necrópole, o local onde funcionaria a nova sede administrativa encontra-se depredado. Após estudos de viabilidade da PBH Ativos para reestruturação das necrópoles da cidade, a Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica concluiu que a concessão à iniciativa privada é o melhor caminho, já que a Prefeitura não tem condições de administrá-las por conta própria.
Em visita realizada anteriormente à necrópole, a Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica fiscalizou telhados e muros, tomando conhecimento, na ocasião, de dois assassinatos. Outro problema constatado foi a presença de crianças soltando pipa, sob risco de caírem dentro de sepulturas e serem picados por escorpiões. Na oportunidade, também foi visto um jovem aprendendo a dirigir um veículo ao lado do pai, expondo transeuntes ao risco de atropelamento. Além disso, “enxadinhas” recebem das famílias um valor para cuidarem das sepulturas, mas acabam construindo canteiros ilegais, invadindo túmulos vizinhos e causando infiltrações no terreno. Segundo a Fundação, a situação tem sido fiscalizada e devidamente notificada.
Encaminhamentos
Conforme avaliou o vereador Jair Di Gregório (PP), que requereu a visita, existe uma máfia atuando no cemitério, com a distribuição de lanches clandestinos e a ação de “enxadinhas”. Segundo o parlamentar, a fiscalização das funerárias tem que ser intensificada. “Os problemas apontados serão encaminhados à Prefeitura e à Secretaria Municipal de Regulação Urbana, para que seja discutida, além da fiscalização, a concessão da administração da necrópole à iniciativa privada”, informou.
Superintendência de Comunicação Institucional